sexta-feira, 22 de junho de 2012

Cultura Viva - Forte eu?

Em um grupo de dez pessoas pelo menos 02 nos dizem diariamente que somos fortes, somos? Vejamos, nascemos por meio da dor de nossas mães, grande parte de nós convive desde cedo com conflitos familiares, brigas, violência e aprendemos a nos defender antes de aprender a namorar.

Na adolescência convivemos com os conflitos da idade e dos hormônios, somos depressivas e nunca, nunca mesmo, somos capazes de nos olhar no espelho e nos sentir bonitas, encontramos espinhas, os cheiros da pele ficam diferentes, os pelos escurecem e crescem demais, ou seja, nos sentimos monstrinhos, fora do contexto da vida.

Na nossa fase de adultas convivemos com as incertezas da escolha da carreira a seguir, os namoros sérios e platônicos. Somos capazes de estudar, trabalhar, ajudar a família e administrar conflitos com amigos, namorados, namoridos e amantes.

Chega um dia em que decidimos dividir nossas vidas com alguém que achamos, na grande maioria das vezes, muito especial. Casadas vamos nos multiplicar para atender a casa, o marido, os filhos, as cunhadas, os cunhados, cachorro, gato, periquito, papagaio e por ai vai. Administramos a casa, a carreira do marido, os estudos dos filhos e nossas carreiras, conseguimos arranjar tempo para freqüentar academias, aulas de dança, salões de beleza e manicures, afinal temos que permanecer belas e maravilhosas porque nossos maridos querem mulheres com cara de atrizes de cinema.

Fazer tudo o que falei acima cansa, cansa tanto que hoje eu tenho coragem de dizer pra todos vocês meus queridos leitores, não sou forte, sou frágil e quero colo. Tenho carências, acho que todas nós temos, quero um homem que me proteja, abra a porta do carro pra mim, puxe a cadeira no restaurante, pague a conta em vez de dividi-la.

As feministas que me perdoem, mas não sou feminista, sou feminina, quero rosas de presente, quero que a data do meu aniversário seja transformada em uma data especial, que o primeiro beijo seja relembrado. Quero um homem que adivinhe meus pensamentos, que me transforme em deusa, que faça com que eu me sinta a pessoa mais especial do mundo.

Forte sou na hora de defender quem amo, mas quero alguém que me defenda, que parta pra briga cada vez que alguém me olha de atravessado, que caminhe na minha frente para que o meu caminho não seja tão árduo, que me acorde e me faça dormir com beijos e que me preencha por completo. Sei que confessando tudo isso entro em conflito com o que as mulheres defenderam a via inteira, vou gerar uma guerra, mas também tenho consciência que devem existir milhares de mulheres que pensam exatamente como eu penso.

Não quero ser igual aos homens, fui criada de maneira diferente, meu corpo é suave e cheio de curvas, minha pele é macia, não tenho barba ou bigode, minha voz tem outro timbre, se sou diferente na aparência sou diferente também na maneira de pensar e agir e se fomos criadas com suavidade porque lutar para nos equiparar aos homens e perder essa suavidade que nos faz diferentes?

Somos intuitivas, agimos com o coração, estamos sempre nos doando, somos seres plenos de riquezas, mistérios e belezas. A cultura patriarcal fez de tudo para conter a nossa energia, uma energia que assustava, assustava porque não era entendida, se não era entendida tinha que ser domada, mas não conseguiram porque, como diz Chico Buarque não temos medida e nunca teremos.

Tentaram nos dobrar, amassar, rasgar a nossa alma feminina, para fazê-la caber no baú de uma cultura inconsciente, para tornar o Feminino se não aceitável ao menos tolerável, não conseguiram porque foram suplantados pela nossa suavidade, homem não vive sem o nosso eu feminino. Eu quero continuar suave como uma pluma e feroz como um leão para defender quem amo.

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