por Dalton John
A fauna amazônica é única e impressionante. Caracteriza-se pela diversidade de espécies e pela quantidade de animais existentes apenas nesta região. Desde o período colonial, a criação de animais é comum por aqui, e muitas vezes ultrapassando a barreira entre os domésticos e os silvestres. E esse costume persiste até hoje, mesmo com regulamentações do Ministério do Meio Ambiente (MMA), através do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
Ter animais silvestres como bichos de estimação é ilegal conforme a Lei de Crimes Ambientais, nº 9.605 / 98. Ela proíbe a utilização, perseguição, destruição e caça de animais silvestres e prevê pena de prisão de seis meses a um ano, além de multa para quem a desrespeitar. Entende-se animal silvestre como aquele que vive na natureza sem receber a intervenção do homem em sua vida. E qualquer caso anterior ao decreto tem que ser julgado judicialmente.
Como é o caso de Patrícia Amanajás, que possui uma arara e dois papagaios em sua casa há mais de dez anos, e encarou um processo na justiça para obter a licença para criá-los. "Eles eram da minha mãe, e ela os criava muito antes dessa lei ser implantada. Quando ela faleceu, passei a se responsável por eles, durante um incidente aqui em casa, a polícia apareceu sem querer, viu os pássaros, e eles foram levados pelo IBAMA. Só que entrei com um processo judicial, alegando que eles estavam há muito tempo na família, que não tínhamos outro objetivo, a não ser criá-los, então foi nos dado ganho de causa, hoje os criamos com muita dedicação", afirma.
Tráfico de animais
Nem sempre quem possui uma espécie selvagem em casa tem o intuito de criar, e por muitas vezes pode estar escondendo uma rede de tráfico de animais, o que infelizmente é comum. Segundo dados obtidos na página da ONG WWF Brasil, o Norte, Nordeste e Centro-Oeste são as regiões onde são capturadas boa parte dos animais silvestres que são encaminhados para compradores no Sudeste, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo. O papagaio é a ave mais vendida no Brasil e no exterior. Depois dele vêm as araras, os periquitos, micos, tartarugas e tucanos. A captura e venda desses seres rende ilegalmente cerca 10 bilhões de dólares por ano no mundo todo.
Volta à natureza
No momento o Centro conta com um total de 130 animais, diversas espécies de pássaros como araras e papagaios, dois macacos-aranha, uma anta e três jaguatiricas. O índice de retorno a natureza supera os 50%. Mirella alerta que além de ser ilegal, é perigoso manter animais silvestres em casa, entre outras coisas, os mesmos transmitem doenças ao homem, além do risco de manter uma espécie que dificilmente se acostumará com o ambiente doméstico. A bióloga lembra a aqueles que possuem um animal selvagem em casa ilegalmente, e quiser entregá-lo para o CETAS ou outro centro ambiental, é amparado por lei e não pode ser penalizado.
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