segunda-feira, 30 de julho de 2012

Piscicultura: Pesquisa ajuda a crescer a geração de renda


Por Gabriel Fagundes

A economia do Estado do Amapá há anos é alicerçada essencialmente nos Serviços, que representam 85,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, seguido da Indústria com 9,9% e Agropecuária com 4,3%. Porém, ficam de fora dos dados outros ramos que também ajudam e movimentam a renda estatal, como o extrativismo, a pesca e a crescente área denominada piscicultura.

Antes de abordar do que se trata, é necessário que se esclareça que há uma grande diferença entre esta e a pesca. Embora ambas as práticas estejam inseridas dentro da aquicultura (ou aquacultura), conceito que define o cultivo de organismos aquáticos, como peixes, moluscos, crustáceos e plantas aquáticas, estas duas áreas se diferem porque a piscicultura trata do cultivo de peixes em cativeiro, enquanto que a pesca cuida da exploração desses animais.

Pesquisa, legislação e cultivo.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa/AP) é a responsável pelo desenvolvimento de pesquisas e estudos sobre a piscicultura no Estado do Amapá. Os trabalhos na área são recentes, sendo iniciados há cerca de quatro anos e abrangem estudos que tratam da sanidade e nutrição dos peixes. No boletim publicado em 2011 pela Embrapa/AP sobre a piscicultura, durante o período de 2000 a 2010 existiam por volta de 269 pisciculturas no Estado, sendo a maioria de pequena propriedade – atualmente existem mais de 300. Ainda segundo o estudo, a “piscicultura continental é bastante promissora na Amazônia Brasileira, pois além da existência de uma grande malha hidrográfica possui temperatura constante durante todo o ano variedade de espécies nativas com potencial para cultivo”. 

Sobre as espécies cultivadas nas propriedades pisciculturas do Estado, Marcos Tavares, pesquisador da Embrapa e responsável pelos estudos no campo da sanidade dos peixes, existem a predominância de duas espécies nativas da região Amazônica, que são o Tambaqui (de nome científico Colossoma macropomum) e o Pirarucu (Arapaima gigas). Há também o grande cultivo de duas espécies criadas em laboratório, chamadas popularmente de Tambacu – originada do cruzamento entre os peixes Tambaqui e o Pacu do Pantanal, sendo o primeiro híbrido (termo que sugere uma espécie criada artificialmente) a surgir no Brasil, aproximadamente na década de 80 – e o Tambatinga, originado do cruzamento entre o Tambaqui e a Pirapitinga (Piaractus brachypomus).

Para que o produtor possa ter uma propriedade piscicultora, existe uma legislação. Ele, o produtor, precisa fazer um registro no Instituto de Meio Ambiente e Ordenamento Territorial (Imap) e no representante do Ministério da Pesca no Amapá, que é a Agência de Pesca do Amapá. Segundo o pesquisador Marcos Tavares, a maioria das pisciculturas existentes no Estado está localizada em áreas inapropriadas.

Segundo Marcos Tavares, pesquisador da Embrapa, existe nas pisciculturas locais a predominância de duas espécies nativas da região Amazônica: o Tambaqui e o Pirarucu 
Do mesmo modo, para que os produtores mantenham uma propriedade piscicultora é preciso, também, que ele esteja preparado para administrá-la. Sobre isso, o pesquisador Marcos Tavares diz: “É preciso que ele tenha o conhecimento necessário; faz-se preciso a disponibilidade de água e insumos, como por exemplo: alevinos e ração”, explica. Nesse sentido, a Embrapa/AP tem ajudado os produtores instruindo-os acerca da alimentação e nutrição dos peixes, além de orientar o produtor na resolução de problemas relacionados à sanidade no cultivo. “Temos dado todo o apoio através de folders e treinamentos ao produtor para que este saiba como manejar sua piscicultura e para que obtenha a melhor produção possível”, afirma Marcos.

Atualmente, a equipe da Embrapa, formada por pesquisadores e técnicos da instituição, além de estudantes universitários, que, segundo o pesquisador Marcos Tavares, têm grande contribuição nos estudos realizados, está finalizando algumas análises dos estudos feitos em 2010.

Contribuição para a economia
Embora a piscicultura no Amapá seja predominantemente para a subsistência da família do produtor, existem, segundo Tavares, pisciculturas comerciais que movimentam a economia local. Sobre isso, o pesquisador comenta: “Verificamos que a piscicultura no Estado ainda é baixa, produzindo apenas cerca de 1000 toneladas por ano. Fazendo uma projeção de contribuição para a economia estatal, podemos supor que o quilo do peixe cultivado nas pisciculturas seja vendido a R$10. Em cima disso, pode-se calcular que, em média por ano, as pisciculturas geram cerca de R$100 mil. Tal produção só atende a demanda do mercado interno e é vendida de maneira informal pelo produtor, geralmente dentro da sua propriedade. Alguns vendem nas feiras, em peixarias e restaurantes”. Os peixes das pisciculturas locais não chegam até o supermercado porque, de acordo com Marcos, a produção não é suficiente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...