sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Eleições Municipais 2012 - O ano das campanhas acanhadas: falta de verba ou cautela política?

por Gabriel Fagundes

O período de divulgação e propaganda eleitoral no Estado do Amapá já foi liberado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE/AP). De acordo com o que consta do site da justiça eleitoral amapaense, a partir do dia 06/07/2012 será permitida a propaganda eleitoral (Lei nº 9.504/1997, art. 36, caput). A partir de então, os candidatos, os partidos ou as coligações podem fazer funcionar, das 8 às 22 horas, alto-falantes ou amplificadores de som, nas suas sedes ou em veículos (Lei nº 9.504/1997, art. 39, § 3º); Poderão, também, realizar comícios e utilizar aparelhagem de sonorização fixa, das 8 horas às 24 horas (Lei nº 9.504/1997, art. 39, § 4º); e outras coisas afins, com exceção de propagandas em rádio e televisão, que deverá ser permitida a partir de 21 de agosto.

Marasmo 
Cá estamos em meados do final do mês de julho e Macapá inteira está perplexa com a calmaria e inércia dos partidos e candidatos. Não que isso seja algo ruim, mas nas ruas raramente vê-se alguma propaganda, comício ou qualquer coisa do tipo. Até mesmo adesivos em carros, distribuição de panfletos, os chamados "santinhos", são coisas muito difíceis de ser ver, embora, como já citado, o período de propaganda eleitoral já tenha sido liberado. Tal fato se revela tanto estranho quanto curioso.

Inúmeras dúvidas surgem como consequência deste incomum momento de eleições municipais pelo qual passamos. A que vem de imediato é: por que tamanho acanhamento?
Antes de se tentar encontrar a resposta para tal questionamento (sabendo-se que quem deve dar tal resposta são os próprios partidos e candidatos), precisa-se fazer uma análise do momento político que o Estado do Amapá e o Brasil todo vivem.

É sabido que o mundo já passou por três guerras: duas armadas e uma ideológica. Esta última, denominada Guerra Fria, fora um momento em que o mundo dividiu-se, tornando-se bipolar: de um lado fora erguida a bandeira do capitalismo e de outro a bandeira socialista. O primeiro modelo ideológico comandado pelos Estados Unidos da América (EUA) e o segundo pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

Diferentemente de tal guerra, que é um exemplo clássico de disputa ideológica, a disputa no Estado do Amapá é pela moral, muito embora ainda existam partidos de esquerda e de direita - termos estes apenas de enfeite e dispensáveis, já que não há qualquer defesa de ideologia. Mas não se engane, caro leitor: não se trata de uma disputa pela atitude moral e exemplar, mas pela difamação moral do adversário político. A batalha que ocorre no cenário político amapaense e brasileiro é entre difamadores de moral: quem difama mais vence - ou perde.

É indubitável que tal guerra promove um desgaste da imagem dos políticos gladiadores e que, consequentemente, torna as eleições municipais um tanto estranhas e árduas, tendo em vista que alguns dos candidatos são personalidades envolvidas em escândalos constantemente divulgados pelas mídias locais. As nossas duas guerras, foram estaduais  e denominadas  "Operação Mãos Limpas", deflagradas nas eleições majoritárias de 2010 e a "Operação Eclésia" detonada este ano.Como resultado, vê-se uma época de eleições onde ninguém sabe quem é candidato a quê - a população, com sua vista focada nas brigas, fica aquém das informações relacionadas àqueles que disputam vagas na política do Estado.

Enquete

Prova disso é o resultado da pesquisa feita por este semanário, que procurou saber se os cidadãos amapaenses estavam cientes de quais são os candidatos à prefeitura de Macapá. Dos 20 entrevistados, 15 responderam que não sabiam e apenas cinco responderam positivamente. Quando perguntados se já tinham visto campanhas eleitorais pela cidade (adesivos, panfletos, outdoors) todos os 20 entrevistados responderam que sim e que com pouca frequência.

Bom ou ruim, o tempo de campanha é essencial para o cidadão na medida em que é nesse tempo que se pode conhecer o candidato e suas propostas - e, por conseguinte, decidir em quem votar.

Está na hora dos partidos e candidatos colocarem em práticas seus planos para as eleições municipais de 2012 - ou pelo menos esclarecer o motivo de tanta calmaria, se falta dinheiro ou faz parte de uma estratégia, pois o povo quer saber quem é quem e o que tem para oferecer.

Para Vânia Dias, 32 anos e dona de casa, “é importante que os candidatos apareçam e mostrem seus programas de governo, possibilitando ao eleitor uma escolha baseada no melhor para Macapá e no caráter dos pretendentes ao cargo de prefeito e vereador.”

Na opinião de Gillis Carvalho, amapaense de 32 anos, autônomo, o silêncio dos partidos é uma estratégia. “Acredito que o ‘boom’ das campanhas acontecerá nos últimos dias”, afirma.

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