segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Mestrandos estrangeiros concluem estudos no Amapá


Por Gabriel Fagundes

Os quatro mestrandos vieram de duas universidades norte-americanas,
Columbia e Emory, e cursam Administração Pública e Desenvolvimento Sustentável
 Há muito tempo que os olhos do mundo moderno têm se voltado para o Brasil, principalmente por causa das grandes proporções de recursos naturais que o país possui. No que diz respeito a estudos e pesquisas desses recursos, a região amazônica é, sem dúvida, alvo especial e ideal para a realização deste tipo de atividade, não à toa, pois a Amazônia é uma região extensa, rica e inigualável em se tratando de biodiversidade.

Tendo tal preposição como ponto de partida, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária no Amapá (Embrapa/AP), em parceria com a Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) e as Universidades de Columbia (Nova Iorque) e Emory (Estado de Geórgia), proporcionou a quatro mestrandos dos cursos de Administração Pública e Desenvolvimento Sustentável dessas universidades norte-americanas a oportunidade de intercâmbio e estágio de campo no Amapá.

Segundo informações da assessoria de comunicação da Embrapa/AP, este mestrado é executado por meio de uma rede de 23 universidades em vários países. Na América do Sul participam a Colômbia e o Brasil.Os mestrandos iniciaram as atividades no Brasil pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e chegaram ao Amapá em julho.
Ainda de acordo com informações da assessoria, as ações de campo incluíram acompanhamento de extração de óleo de andiroba, estudos in loco de açaizais nativos, visitas a áreas de desembarque de madeira (Pedrinhas e Canal do Jandiá) e visitas a feiras do Buritizal, Pacoval e de Santana.

Projeto Florestam
Os estudos e as pesquisas realizadas pelos mestrandos das universidades norte-americanas foram diretamente ligados a um projeto da Embrapa/AP, o Florestam, que tem por objetivo estudar a ecologia e o funcionamento das florestas de várzea no Amapá. O líder do projeto é o pesquisador da Embrapa/AP, engenheiro florestal e professor do Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Tropical (PPGBio) da Unifap, Marcelino Guedes.
Os mestrandos visitaram a feira do Buritizal acompanhados
do pesquisador da Embrapa, Marcelino Guedes

Segundo Marcelino, o Florestam existe desde 2010 e estuda maneiras de se viabilizar uma economia verde para as comunidades locais, através do manejo de recursos naturais, como, por exemplo, o óleo de andiroba, o açaí e a madeira, e da preservação ambiental. "Ajudamos as comunidades ribeirinhas a gerarem renda através do manejo sustentável e valorização das florestas em pé, propiciando assim uma economia verde", afirma o líder.

Também de acordo com Marcelino, os estudos realizados pelos mestrandos das universidades norte-americanas beneficiará o Amapá, na medida em que estes agregam à pesquisa amapaense técnicas ainda desconhecidas e "mais do que isso, o importante é propiciar a eles uma imersão na realidade da Amazônia, pois eles poderão ser futuros tomadores de decisão de assuntos que podem nos afetar diretamente. Estando eles mais sensibilizados a partir do contato direto com a nossa realidade, nós ganhamos parceiros importantes na conservação da floresta amazônica e em estudos que visem melhorar a qualidade de vida das comunidades locais", finaliza.

Conheça os mestrandos
Nicolas Zaharya é argentino e tem 34 anos. Suas pesquisas aqui foram voltadas para a cadeia produtiva das madeiras da várzea, principalmente no manejo do pau mulato. Nicolas declarou em entrevista ao Tribuna Amapaense que escolheu cursar Administração Pública e Desenvolvimento Sustentável por acreditar que esta é uma das mais eficazes ferramentas para se combater o quadro de pobreza e desigualdades na América Latina e, no nosso caso, na Amazônia. Sobre os trabalhos realizados no Estado, o mestrando enfatizou que "foi um orgulho estar aqui e trabalhar com a equipe da Embrapa/AP, especialmente porque um dos focos das pesquisas é a questão agropecuária e florestal. Foi ainda, para mim, a confirmação de que há pessoas muito capazes de apresentar soluções para os problemas sociais locais".

Jaivadhan Singh é indiano, 27 anos. Os estudos por ele realizados tinham interesse na comparação da renda do uso madeireiro e não madeireiro da andiroba.  JV, como é chamado, declarou em entrevista ao TA que foi interessante acompanhar de perto a realidade amapaense. "Temos muitas questões sociais na Índia que se assemelham às do Amapá, pessoas que dependem de florestas para viver. Poder conhecer a realidade daqui certamente vai me ajudar no futuro a elaborar um plano melhor que vise resolver tais questões sociais".

Myriam Dormer Van Dorp é a mais velha do grupo, com 35 anos. Nasceu em Camarões, mas é naturalizada norte-americana. Realizou trabalho com interesse em agricultura familiar e práticas agroecológicas, além depequenos agricultores no Amapá.Sobre o projeto Florestam, Myriam afirmou: "Achei muito interessante por ser um trabalho com focomulti-setorial". O resultado do estudo da mestranda foi um vídeo que transmite a importância de se conhecer a realidade de comunidades como Mazagão Velho e a sua estrutural organizacional.

Por fim, Huang Hongxiang, chinês e o mais jovem dos mestrandos, com 24 anos. Huang é jornalista e ambientalista, e atuou com estudos voltados à qualidade da água, do açaí e aaspectos sanitários da vida dos ribeirinhos. Sobre as pesquisas que realizou, o chinês afirmou que "está sempre preocupado com questões sociais, econômicas e ambientais. Ter conhecido a realidade de comunidades ribeirinhas do Amapá me proporcionou uma experiência essencial para a minha formação e para que eu possa pensar em formas de solucionar problemas globais relacionados, por exemplo, à destruição de florestas e pobreza".

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...