Acompanhando atentamente o processo de eleitoral para eleição do prefeito da cidade de Macapá, observo que há uma concentração muito grande em alguns temas: construção de creches; escolas; saúde e habitação em um primeiro momento. Educação e saúde são temas prioritários, sobre as creches reflete a imensa dificuldade do poder público em acompanhar as mudanças da sociedade em relação às novas dinâmicas. De acordo com o IBGE, é cada vez mais presente na sociedade um número muito grande mães solteiras muitas não têm como trabalhar e deixar os filhos com idade escolar, algo para ser avaliado para o futuro. Com certeza com todo o processo de informação existente na atualidade, as equipes de campanha estão atentas sobre as maiores inquietações das comunidades e os problemas mais imediatos que atingem mais diretamente a todos, faltas de escolas, creches e o atendimento precário no setor da saúde.
Porém, é importante verificar outros parâmetros pelos candidatos, a reflexão é puramente na direção de auxiliar a conceber a organização e o sistema de planejamento. A pergunta para todos refletirem é a seguinte: e a urbanização da cidade? Urbanizar a cidade é melhorar todos os possíveis indicadores em relação à saúde, educação e até novos ambientes para a formação de espaços coletivos nos bairros. Abordei em vários artigos publicados anteriormente, os maiores problemas da área de saúde residem na imensa fragilidade da cidade no quesito urbanização. Os postos de saúde e o pronto socorro estão cheios de pessoas com múltiplos problemas, doenças urbanas provocadas por ambientes precários, casas sem condições de salubridade, um quadro de enfermidades generalizadas como a dengue, leptospirose, lestimaniose, malária, tifo e várias outras causadas por problemas de abastecimento de água, parte da população utiliza sistemas isolados como poços amazonas e semi-artesiano.
Há um grande problema para ser resolvido, ou investe-se em urbanização de forma sistemática, ou não vai ter recursos suficientes para atender a todas as demandas do setor de saúde, isso é sério, deve ser tratado com urgência. Os indicadores de órgãos como IBGE e os dados da FIRJAN mostram que os investimentos per capita em urbanização na cidade de Macapá alcançam apenas a irrisória quantia de R$ 30,50 por habitante, comparado com o gasto com saúde não alcança 10%, muito para os efeitos que isso gera em toda a cidade.
É preciso avaliar que nem sempre os fatores puramente quantitativos vão resolver os problemas crônicos. É fundamental estabelecer políticas públicas compatíveis para atender a população adequadamente, não basta criar uma infinidade de creches, mas ajudar a população com soluções alternativas que vislumbrem a formação de cooperativas em todos os bairros. É simplista demais vislumbrar a construção de 10, 20 ou 40 creches, não há recursos para construir e manter tais espaços.
A reduzida oferta de lotes e habitação formal em décadas provocou a ocupação de ressacas de forma acelerada, ocasionando um processo de antropização intenso. O estado do Amapá é disparado o que mais perde recursos, quando se trata de vislumbrar novos investimentos em infraestrutura e habitação. Deve-se ressaltar que o cidadão não precisa só de casa, mas de moradia digna com o direito ao entorno de acordo com os princípios do Estatuto da Cidade.
Os programas eleitorais não apresentam um projeto de desenvolvimento para Macapá, quando o Amapá era território, se idealizava mais a perspectiva de desenvolvimento da cidade, o turismo sempre foi um dos principais eixos, coisa rara hoje em dia. Os projetos como o Relógio do Sol no Marco Zero do Equador; Parque do Buritizal; Parque do Laguinho; Parque Fazendinha; Projeto da Orla de Macapá, para citar alguns.
Tais projetos são geradores de emprego e renda e desenvolvimento. A cidade de Macapá precisa de outros centros de desenvolvimento. A Candido Mendes não oferece mais oportunidade para novos investimentos, é preciso criar alternativas viáveis. A cidade cresceu demais na horizontalidade e "inchou", a parte central concentrou as atividades públicas e privadas, apesar do franco crescimento de atividades de comércio na direção da zona norte e sul da cidade, ainda é pouco para atender as múltiplas demandas existentes. Por isso, qual o peso dos investimentos prometidos em campanha eleitoral?
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