segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Artigo - Por que somos tão improdutivos?

Em recente edição, a revista Exame publicou uma matéria de capa falando sobre a improdutividade do trabalhador brasileiro, destacando que um único trabalhador americano é capaz de produzir mais que cinco dos nossos. A informação não é das mais espantosas, pois sabemos que, mesmo tendo evoluído muito nos últimos anos, o Brasil ainda está longe de ser referência em termos de inovação, capacitação e qualificação no que diz respeito ao trabalho. "Mas o que a improdutividade do trabalhador brasileiro tem a ver com processos", você deve estar se perguntando. A resposta para sua pergunta é: tudo! 

Talvez não fique claro em um primeiro momento, mas se pararmos para pensar, basicamente tudo em nossas vidas depende dos processos. Processos são necessários para gerir um país, uma empresa, nossa casa e por aí vai. São os processos que permitem estipular o fluxo de atividades a ser executado assim como são os processos que determinam os papeis dentro da execução. É também por meio dos processos que conseguimos ter referência dos procedimentos realizados e saber se estão sendo executados corretamente e isso já acontece há boas décadas.

De acordo com dados publicados na revista, um trabalhador brasileiro gera, hoje, em torno de 22.000 dólares de riqueza por ano. Já o trabalhador americano gera 100.000 dólares. Dessa forma, são necessários cinco trabalhadores brasileiros para gerar a riqueza que um trabalhador americano gera sozinho. Mas a discrepante diferença não existe à toa. Os americanos investem seis vezes mais que os brasileiros, portanto sua produtividade é bem maior, fazendo com que a renda per capita por americano seja cinco vezes a por brasileiro. E, se engana quem pensa que o brasileiro trabalha pouco. Muito pelo contrário! Dados do clube das economias desenvolvidas, OCDE, e da Organização Nacional do Trabalho, o trabalhador brasileiro dedica mais horas ao trabalho que os trabalhadores da maioria dos países ricos. Outro dado interessante é que no Brasil, 90% das empresas, é que as micros pequenas empresas, possuem menos que dez funcionários e, dessa forma precisam de quatro vezes mais capital e trabalho para ter a mesma produtividade de uma empresa de grande porte. 

Conforme destacamos em boa parte do artigo, a partir de mecanismos de gestão por processos, é possível fazer com que a produtividade das empresas cresça, permitindo que elas obtenham capital suficiente para que possam investir em ferramentas como equipamentos, mão de obra e tecnologias garantindo o aumento de produtividade em um âmbito "global", ajudando o país a crescer produtivamente. Mais no Brasil não é apenas a gestão de processos, que são desfavoráveis ao trabalhador, mais as condições de trabalho, as quais em regras são precárias haja vista o histórico verificado nos acidentes de trabalho, aqui estamos nos referindo apenas a iniciativa privada.

Já os trabalhadores do serviço público, responsáveis por consumir R$ 179,3 bilhões no ano passado, ou 4,34% do Produto Interno Bruto (PIB), apenas no nível federal, o funcionalismo público enfrenta o desafio de prestar à população serviços com qualidade. Segundo especialistas, a melhoria da eficiência no serviço público não depende apenas da informatização ou de aumentos salariais. A criação de bons ambientes de trabalho e de mecanismos para medir os resultados sociais do serviço público é essencial para elevar a produtividade dos servidores. O próprio conceito de produtividade, no entanto, é difícil de ser definido no serviço público. Sem estar sujeitos às mesmas regras do setor privado, os servidores precisam de critérios distintos de avaliação, onde os avanços são conquistados a duras penas.

Com todas estes obstáculos, o trabalhador brasileiro ainda com sua produtividade é responsável por colocar o Brasil na 6ª posição da  economia mundial.

Adrimauro Gemaque - Analista do IBGE

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