segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Ibope divulga empate conveniente na última pesquisa


por Roberto Gato


No domingo (28) 31 milhões de eleitores brasileiros voltam às urnas em 50 cidades do País. Dessas, 17 capitais estarão decidindo quem será o seu prefeito. Na capital paulista, São Paulo, o maior Colégio eleitoral do Brasil com 8,6 milhões de eleitores, José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT) disputam o igualmente maior, orçamento do Brasil. Lá, se Haddad vencer será a redenção do PT de Lula que perdeu nas maiores capitais brasileiras. 

Das 17 capitais em disputa, os Psolistas estão no pareio em duas. Belém com Edmilson Rodrigues e em Macapá com Clécio Luis. Em ambas seus candidatos terminaram o primeiro turno em desvantagem e na penúltima pesquisa IBOPE divulgada na segunda-feira (23), Roberto Góes do PDT mantinha a dianteira com 52% e Zenaldo Coutinho (PSDB) também com 51% das intenções de voto.

O experiente pesquisador e economista Dinho Sanches, do Instituto de Pesquisa Ecos ao analisar os dados da estratificação da pesquisa Ibope/Rede Amazônica, registrada sob o protocolo AP - 00014/2012 diz que dificilmente Clécio Luis consegue tirar a vantagem de Roberto Góes (PDT). "Roberto no computo geral tem 4% percentuais a frente do candidato Clécio (52% x 48%). Se considerarmos a margem de erro que é de 4% para mais ou para menos, se verifica um empate técnico, mas um olhar mais atento na estratificação da pesquisa nos remete a outra conclusão. Se você levar em consideração a pirâmide social amapaense, a maior parcela do eleitorado está na faixa de pessoas que recebem até um salário mínimo. E aí o candidato Roberto Góes é muito bem votado. Segundo o Ibope esse público na pesquisa espontânea, ou seja, sem mostrar o "disco" com os nomes dos candidatos, dá a Roberto 50% da intenção de voto, contra apenas 34% do candidato Clécio. Uma diferença de 16% pontos percentuais. Entre os eleitores com renda de 1 até 2 salários mínimos, Roberto mantém vantagem. (44% x 41%). A mesma vantagem persiste na faixa que ganha acima de dois salários mínimos. Finaliza Dinho.

Mas para o pesquisador, o que mais deixa cristalizada a vitória de Góes é quando se pergunta ao público investigado quem vai ganhar a eleição em Macapá Roberto Góes recebe 58% da preferência do eleitor, contra 38% do candidato Clécio, isso independentemente de quem o eleitor vai votar. 

E dos que votam em Roberto Góes, 88% afirmam que a decisão é definitiva, apenas 10% pensa na possibilidade de mudar. No entender de Dinho essas informações contidas na estratificação é que realmente permitem uma análise segura da vitória de um candidato, pelos dados do IBOPE se nada de extraordinário acontecer até domingo. Roberto Góes é prefeito de Macapá.  

O estranho na análise da estratificação da pesquisa do Ibope do dia 23 de outubro é o percentual encontrado para eleitores com nível superior. O Instituto de Geografia e Estatística - IBGE revela em seu último censo realizado em 2010 que o percentual de eleitores com terceiro grau completo é de 4,281%, em números absolutos 10.847 eleitores e com nível superior incompleto o percentual e menor, 3,187%. 8.076 eleitores. Acompanhe o gráfico:




Diante desse dado, percebe-se que amostra da pesquisa do Ibope para o grupo nível superior está super estimada e como o candidato Clécio Luis leva vantagem sobre o candidato Roberto Góes apenas nesse grupo (49% Clécio x 43% Góes), logo conclui-se que a diferença de Roberto para Clécio é bem superior aos 4%.


Comportamento dos candidatos
na campanha

Roberto Góes (PDT)
Utilizou o espaço concedido pela justiça eleitoral brasileira de forma correta. No rádio e televisão abriu francos debates com o cidadão eleitor. Apresentou suas propostas para melhorar ainda mais o município que ele já administra há quatro anos. Falou das ações implementadas e a possibilidade de ampliá-las e melhorá-las. 

Coerente com a denominação da Coligação "Construindo e Gerando Emprego" Roberto Góes apostou todas as suas fichas na construção civil, sobretudo na construção de casas populares, como o Conjunto Mucajá, bairro Forte, sendo construído em parceria com a iniciativa privada. Roberto Góes também destacou os avanços na educação do município e destacou o projeto "Escola Viva", importantíssimo para o auxílio da alimentação dos alunos, inclusive com concessão de cestas básicas nas férias.

Outro ponto destacado por Góes foi a melhoria do transporte coletivo. Sinalização das vias públicas e a recuperação de boa parte da malha viária da cidade de Macapá. Dando ênfase a geração de renda, o incentivo a piscicultura e a agricultura foram ações destacadas no programa do PDT.

Roberto Góes destacou que sua gestão teve respeito para com o trabalhador do município. O professor foi uma categoria que recebeu tratamento respeitoso e a progressão funcional foi concedida àqueles que se especializaram. 

Roberto Góes passou ao largo das provocações que vinham de toda a parte. Os adversários o criticavam e ele apresentava proposta, mas no momento em que o PSB, partido da candidata Cristina Almeida foi buscar a episódica prisão de Roberto Góes ele deu uma resposta inteligente e precisa. "Quero ser julgado pelo que fiz e não pelo que fizeram comigo". Esse foi o ponto em que a candidata Cristina Almeida despencou nas pesquisas, sendo ultrapassada pelo candidato do Psol, Clécio Luis.

Se no primeiro turno foi apenas o PSB que bateu de forma repetida nessa tecla, no segundo turno, Clécio copiou a fórmula que não deu certo. E Roberto Góes foi bombardeado na última semana de campanha. Sempre altivo; sem mudar o tom e tão pouco o norte da campanha. Prevaleceu o diálogo com eleitor, apresentando seu programa e suas futuras ações. O Ibope no dia 23 publicou sua última pesquisa. E confirmou a preferência do eleitor por Roberto 12.

Clécio Luis (Psol)
Geógrafo de formação acadêmica e vereador por dois mandatos iniciou sua campanha num tom respeitoso e aproveitando o pouco espaço do horário eleitoral para falar das suas futuras ações. Mas o senador Randolfe Rodrigues, avalista mor da candidatura de Clécio assumiu a protagonização dos programas e perdeu num determinado momento a linha. Retrocedeu rápido na estratégia em função da reação popular. Quando a campanha ombreou-se com a da candidata Cristina Almeida o foco das agressões mudou, mas ao perceberem que Cristina já havia sido ultrapassada voltaram a carga contra Roberto Góes.

Mas foi no segundo turno que Clécio Luis e os coordenadores de sua campanha trocaram o diálogo com os eleitores e passaram a atacar de forma sistemática o opositor Roberto Góes.

Alguns analistas atribuem a mudança de estratégia, de um debate de idéias e propostas para as agressões pessoais aos aliados de última hora, DEM, PSDB e PTB.



Estratégia equivocada
Os marqueteiros dos adversários do prefeito Roberto Góes, que busca reeleição, apostaram na massificação da notícia da prisão de Góes ocorrida em 2010 (Operação Mãos Limpas) na tentativa de desqualificar a gestão do atual prefeito sempre muito bem avaliada pela população do município e pelo resultado das pesquisas de intenção de voto realizada ao longo de toda a campanha, a estratégia fracassou. Roberto iniciou a campanha com 23% da intenção de voto e só foi crescendo, passou pra 25%, 28%, 35%, 40%, e a penúltima divulgada lhe dá 52% dos votos válidos, contra 48% de Clécio Luis.

Roberto Góes com relação ao assunto sempre usou o argumento da presunção de inocência. Passados dois anos da operação ele sequer foi indiciado. O que ficou de concreto da operação "Mão Limpas" é uma enorme desconfiança na população de que a deflagração foi uma orquestração para beneficiar outras correntes políticas, que se opunham a que estava no poder e a julgar pelo resultado a estratégia deu certo. Camilo Capiberibe e o senador Randolfe Rodrigues ascenderam aos cargos que ocupam hoje graças a este fato policial.

Psol e alianças estranhas 
No segundo turno da eleição fatos e atos protagonizados pelos líderes do Psol chamou atenção da imprensa, das lideranças nacionais do partido e desconfiança no eleitor que apostou em Clécio Luis no primeiro turno, como o político que verdadeiramente representava o novo no processo eleitoral. Mas a parceria, adesão, união, consórcio ou algo que o valha serviu para demonstrar que na realidade Clécio Luis de novo não tem nada. Une-se com correntes políticas que eles sempre responsabilizaram pelo atraso e a corrupção no Amapá. As velhas oligarquias identificadas pelo Psol são seus principais aliados para que o partido ascenda ao poder.

Articulistas e cientistas políticos criticaram a postura dos Psolistas e os acusam de terem  rasgado seu estatuto e mandarem as favas suas convicções ideológicas. 

Sem uma resposta convincente os Psolistas se limitam a dizer que os candidatos aderiram a candidatura de Clécio de forma espontânea e sem fazer exigências.  O sociólogo Job Miranda diz que o eleitor só vai saber se adesão é na paga beijo ou não após Clécio sentar na cadeira do Laurindo Banha. Se ele dividir a prefeitura com Davi, Lucas, Jorge Amanajás, fomos enganados. A pergunta é: quem quer dá esse cheque em branco para Clécio. Ninguém pode imaginar que os destinos do município de Macapá estão numa rodada de "pôquer", onde os jogadores pagam pra ver se o adversário "blefa" mente, ou não.

O eleitor macapaense conhecendo quem são os apoiadores de Clécio Luis no segundo turno, fica muito difícil acreditar que a cruzada dos derrotados, nessa viagem que coloca de lado divergências ideológicas históricas e embates épicos entre direita x esquerda (Psol, PSB, PCdoB/DEM,PSDB,PTB) seja ao "paga beijo". Se Clécio tem essa difícil tarefa de justificar as razões da união com Davi Alcolumbre, Milhomem, Lucas Barreto, Jorge Amanajás e mais recentemente o mais novo parceiro, Camilo Capiberibe, Roberto Góes tem se mostrado um exímio esquivador. Precisou afinar a cintura para esquivar dos golpes sucessivos que Clécio lhe aplicou durante toda a campanha eleitoral.



Empate
O Instituto Brasileiro de Pesquisa - Ibope no Amapá divulgou ontem, sexta-feira (27), no dia do debate da TV Amapá, afiliada da parceira do Ibope na pesquisa, a Rede Amazônica a última pesquisa antes do pleito do dia 28 (domingo) quando será escolhido o prefeito de Macapá. A pesquisa aponta mais uma vez empate técnico entre Roberto Góes e Clécio Luis. Os percentuais de intenção de voto da última pesquisa do Ibope coincidência ou não, bate com os percentuais da disputa de 2008, entre Roberto Góes e Camilo Capiberibe. 50% para cada. A repetição do fato sai conveniente para a credibilidade do Instituto. 

O empate técnico entre Góes e Clécio conforme análise dos dados da estratificação da pesquisa do dia 23 de outubro remete a uma folga de Góes com relação ao Clécio bem maior do que a apresentada pelo computo geral da pesquisa que era de 4%. Como a margem de erro era num intervalo de 8%, 4% pra mais e 4% pra menos não houve alteração do quadro no entender do Ibope. Para os coordenadores da campanha de Góes esse empate é difícil descer na garganta e soa conveniente para o Ibope que assim não corre o risco de errar no prognóstico, pois de forma análoga, marca jogo triplo, ou seja, não há chance de errar. 

Bem a análise com relação aos dados da estratificação desta pesquisa protocolada sob o número 00015/2012 não foi disponibilizado para que pudéssemos ver se a preferência do eleitor de baixa renda pelo candidato do PDT continua ou não.




O alto percentual de abstenção preocupa 
Parece que a política está ladeira a baixo perante a crença do eleitor amapaense. Com um colégio eleitoral de 253.365 mil eleitores no primeiro turno apenas 84,63% (214.427 mil) saíram de casa para votar. O que significou uma abstenção de 38.938 eleitores, ou seja, 15,37%. Um número que tende a crescer no segundo turno.

Além da abstenção uma significativa parcela de eleitores foi às urnas para atender a exigência do estado brasileiro que ainda obriga o cidadão a votar.  2.990 (1,39) votaram em branco e 7.273 (3,39) votaram nulo.

Para os analistas e cientistas políticos essa inapetência eleitoral do eleitor é a falta de confiança nos políticos, uma instituição que caiu no conceito da população e a falta de propostas convincentes apresentadas pelos candidatos durante o período do horário eleitoral gratuito, espaço garantido pelo Tribunal Superior Eleitoral para que os candidatos dialoguem com o cidadão. 

Aos coordenadores de campanha o maior desafio é buscar esses 49.201 votos que no primeiro turno não acreditarem em nenhum dos seis candidatos. Embora a história política do Amapá demonstre que no segundo turno esse número tende a crescer.

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