segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Psol nacional diz "NÃO" às alianças com a direita e critica a postura do Senador Randolfe Rodrigues

por Roberto Gato


Com princípios forjados na sólida convicção do socialismo e na construção de uma sociedade democrática e justa para os trabalhadores, a executiva nacional do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) "pulou nas tamancas" quando tomou conhecimento do golpe político que o Senador Randolfe Rodrigues e o vereador Clécio Luiz estão dando no Partido nas eleições municipais do Amapá.


Em Santana, o segundo maior colégio eleitoral do estado, com 66.311 eleitores, Randolfe Rodrigues subiu no palanque de Robson Rocha (PTB) que tinha apoio do presidente do Congresso Nacional José Sarney (PMDB) em detrimento ao Palanque da ex-deputada federal, Marcivânia (PT) que contava com o apoio do PSB, ex-aliado do Psol nas eleições municipais de 2008. Mas o agravante da decisão é que Robson é filho do ex-prefeito e ex-deputado Rosemiro Rocha envolvido na Operação "Pororoca" e condenado recentemente pela Justiça Federal por desvio de dinheiro público e formação de quadrilha.

Se o eleitor amapaense levar em consideração o comportamento do senador no episódio Carlinhos Cachoeira, que está sob investigação no Congresso Nacional acusado de ter praticado vários crimes, como formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e etc. e que culminou com a cassação do senador goiano Demóstenes Torres (DEM), o principal braço de Cachoeira no parlamento federal, o cidadão mais ligado em política vai compreender por que o Psol do Amapá está sendo alvo de várias cartas de protesto e repúdios por parte da executiva nacional.

Randolfe, tido e havido na mídia nacional como um parlamentar incorruptível, moralista, ético e coerente com suas convicções ideológicas, não consegue dar uma explicação convincente sobre a atitude tomada nas eleições de Santana e nas de Macapá, aliando-se com Davi Alcolumbre (DEM), partido ultra-direita e com PTB. Aliás, Randolfe Rodrigues quando tentou coligar com o PTB de Lucas nas eleições de 2010 teve de desfazer a coligação por determinação da executiva nacional que não admitiu a união.

Ao que parece, ele tentou sair pela "tangente", alegando que não podia recusar apoio e que a adesão que recebe não é dos partidos (PTB e DEM), mas sim dos políticos. A emenda saiu pior que o soneto. Parece que Randolfe crê piamente que o eleitor do Amapá é cego para não ver que ele fala de uma moral e de uma ética que ele próprio não tem. Está demonstrado isso no comportamento político do senador.

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Outra agremiação política que questionou as atitudes do Psol no Amapá foi o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Aliado em outros pleitos e com afinamento ideológico, o PSB divulgou um documento, denominado de "Carta ao Povo do Amapá" onde condiciona seu apoio ao Psol no segundo turno a algumas exigências, dentre elas, que o Psol declarasse publicamente que queria o apoio do PSB no segundo turno das eleições; que dissesse publicamente também quem são seus aliados políticos; que declarasse quais os projetos políticos do partido para 2014; e a razão pela qual apoiou Robson Rocha em Santana.

A resposta foi o silêncio sepulcral dos líderes socialistas do Psol que durou cerca de 15 dias. A postura deu margem para ilações. Das duas, uma: ou o Partido não quer o apoio do PSB por achar que os amarelos desagregam mais que agregam; ou a desconfiança peesebista tem fundamento. O Psol do Amapá é roxo, igual ao PT da Marcivânia em Santana, e não vermelho como o do resto do Brasil.

Projeto de Poder
Os analistas e cientistas políticos amapaenses diante das atitudes incoerentes com a ideologia do Psol e com que apregoa o senador Brasil a fora chegaram a uma conclusão óbvia: Randolfe está construindo um projeto de poder no Amapá. Até ai não há problema algum não fosse os parceiros que estão costurando esse projeto. Sarney, Lucas, Davi e Milhomem. Com exceção do comunista Milhomem, os demais parceiros de Randolfe são execrados pela ortodoxia socialista do Psol, um Partido Político de ultra-esquerda.

Não resta dúvida também que a eleição de Clécio na capital é fundamental para a concretização do projeto de poder que Randolfe Rodrigues está entabulando. Aí os escrúpulos do político que teve ascensão meteórica na política congressual por ter tido a coragem e o senso de oportunismo de protocolizar o pedido de cassação de Demóstenes e pedir a instalação da CPI do Cachoeira foi, ao que parece, para o espaço. Randolfe não demonstra constrangimento em se aliar com Sarney, Lucas e Davi.  Por suas atitudes, o que importa é o poder. É a velha máxima de Nicolau Maquiável: "Os fins justificam os meios".

A vitória de Robson do PTB no segundo maior colégio eleitoral do Estado foi um passo gigantesco nessa direção. Mas Randolfe sabe que a pernada consagradora do seu projeto político depende da capital, afinal, o município de Macapá possui aproximadamente 70% da população do Estado do Amapá. 

Na contabilidade política de Randolfe com essas duas prefeituras o apoiando em 2014, sua pretensão de governar o Amapá estará bastante facilitada ou de quem ele indicar, no caso Lucas Barreto que também não esconde a pretensão.

Cupim na base
Randolfe Rodrigues apostou que o resto do Brasil e as lideranças nacionais do Psol não estavam ligados no Amapá. Enganou-se. Suas atitudes hipócritas despertaram a fúria daqueles que por coerência ideológica preferiram a expulsão do Partido dos Trabalhadores a se acachaparem aos delírios ditatoriais de Lula, Zé Dirceu e etc. Quando o PT mergulhou na crise de identidade, acusado pelo nada republicano deputado federal Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB de Lucas Barreto, de protagonizar o maior escândalo financeiro da política brasileira que ficou conhecida como "Mensalão", Luiza Helena, Luciana Genro, Babá e outras figuram de expressão dos socialistas preferiram a expulsão honrosa a conivência canalha. Randolfe saiu junto com estes, mas ao que parece foi só um arroubo de moralidade. A possibilidade concreta de poder lhe corrompeu e ele se abraçou aos que duramente criticou por inúmeras e diversas vezes nos palanques políticos e nas suas marchas como líder estudantil.

Recentemente desembargou nas redes sociais cartas de repúdio do Psol do Ceará, criticando essa postura hipócrita de Randolfe. Luciana Genro disparou que é inaceitável qualquer apoio da direita. O Partido deveria rejeitar. Opinião seguida pelo ex-deputado federal paraense João Batista de Oliveira Araújo, o babá. O Psol do Ceará também repudiou a aliança e a classificou como "irresponsável, suicida, absurda e injustificável".

Ao que parece, a "Ilha de Fantasia" do "moralista" Randolfe Rodrigues começa a ruir. E a aliança com "personas non grata" ao seu partido tenha dado ao Clécio Luiz apenas 56.947 dos votos, ou seja, 27,89%. A votação lhe deu a condição de segundo colocado. A priori, um grande feito, mas se a análise for criteriosa, Clécio era pule de 10 para a segunda colocação. Os analistas mais atentos tinham a leitura de que ele, pela posição ideológica de esquerda, representava junto com Cristina Almeida, Milhomem e Genival Cruz a ala esquerdista do pleito. Milhomem sem estrutura e apoios de lideranças dificilmente faria sua candidatura decolar. Genival Cruz (PSTU), com seu discurso comunista anacrônico e desbotado, só convence os sindicalistas radicais e os votos de protesto. Então sobraria para a disputa do segundo turno Cristina Almeida e Clécio. Ela por ser a candidata do Setentrião levava certo favoritismo, mas a administração imperialista de Camilo que não conseguiu dialogar com o servidor público, sobre tudo das duas maiores categorias do Estado, Saúde e Educação, deixava mais fácil o caminho de Clécio.

Cristina Almeida, a candidata do PSB, saiu de cara com uma rejeição ao governo de Camilo Capiberibe beirando a casa dos 70% e Clécio embalou sua candidatura em cima da rejeição de Cristina, na anemia política de Milhomem e surfou na fama do seu preceptor, Randolfe Rodrigues, o caçador de ladrão. Diante do quadro, criou o bordão político "Clécio é o novo". Pelas manifestações do próprio partido e de setores da esquerda amapaense, Clécio é um lobo em pele de ovelha e terá que enfrentar o espectro de que na realidade o "novo" é mais velho que o velho.

Na outra ala, só Roberto Góes (PDT) e Davi Alcolumbre (DEM), juntos tiverem exatos 51% dos votos, ou seja, 103.835 sufrágios. Logo, percebe-se que a população de Macapá não quer socialista ou comunista no comando do município de Macapá, pois somando os votos de Clécio, Cristina, Genival e Milhomem eles chegam a casa de 100.329 votos, ou seja, 49% dos votos.

Se Roberto Góes tivesse recebido o apoio de Davi, levaria a eleição no primeiro turno. Porém, Roberto Góes vai para o segundo turno sem o apoio de Davi novamente, mas mantém sua coerência política, já Clécio a cada passo dado em direção da PMM se afunda na areia movediça das alianças oportunistas que ninguém sabe qual é o real preço desses apoios incoerentes, inclusive para o próprio Psol. 

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