por Reinaldo Coelho
O céu amapaense está com cores pesadas, tomado pelo tom cinza provocado pelo clima de preocupação que se abate sobre o Estado. Parece que a natureza conspira com o momento de apreensão que ronda o Amapá. Será que teremos FPE em 2013? Não sei, mas nossa mata corre sério risco em virtude das constantes queimadas que vivenciamos.
O município de Macapá vem sendo tomado por uma fumaça mal cheirosa e sufocante. Saindo a rua logo ao amanhecer, dá para se avistar o acinzentado fechando a paisagem de Macapá. Durante o verão amazônico e alta temperatura, os incêndios e queimadas são constantes, tal como o incêndio descontrolado que está acontecendo na Reserva de Biológica do Lago Pirituba, na região leste do Amapá, há mais de 20 dias, e que os ventos trazem para os municípios vizinhos, inclusive Macapá.
Porém, outros focos de queimada alimentam essa fumaceira desagradável, que causa grandes problemas de saúde dos amapaenses. Muitos são produzidos dentro da Zona Urbana de Macapá, onde as pessoas estão voltando a incinerar lixo no quintal, colocando em risco a saúde e a segurança da população. A fumaça produzida pela combustão do lixo polui o meio ambiente e pode afetar a saúde respiratória das pessoas, e queimar lixo no quintal aumenta os riscos de incêndio.
Denúncia
A população precisa se conscientizar que queimar lixo é uma prática que não beneficia ninguém. A pessoa que recorre a esse artifício para eliminar o seu lixo está comprometendo a saúde da própria família e a segurança de todos, é o que vem ocorrendo com frequência na Orla da cidade de Macapá, mais precisamente no ancoradouro que fica no Igarapé das Mulheres, onde tem uma lixeira viciada e os moradores depositam os lixos domésticos e recebem a contribuição dos embarcadiços que completam o monturo de sobras estragadas de suas vendas na orla. Após isso, toca fogo, causando uma fumaça densa que fecha a visão para a beleza do Rio Amazonas, que já sofre com as descargas sanitárias produzidas pela cidade e atulhadas de lixos jogados pelos seus ribeirinhos.
Diversas administrações municipais procuraram dar uma estruturação na Orla de Macapá, procurando fomentar o turismo sustentável como forma de gerar renda e atrair investimentos para nossa capital, hoje, porém, percebe-se que a orla está abandonada, com seu muro de arrimo quebrado e muitas partes sumindo e agora com o sombreamento desagradável da fumaça.
Além dos moradores do entorno, os que mais sofrem na própria pele com a situação são os vendedores e frequentadores da Orla de Macapá, principalmente os que a procuram para suas caminhadas e exercícios físicos em benefício da saúde.
O proprietário de um quiosque da Praça do Coco, que não quis se identificar (A.T.S.), 26 anos, relatou à reportagem que há três meses tocam fogo neste local. "Quase todos os dias, principalmente nos finais de semana. Os bombeiros vêm e apagam, mas quando eles vão embora, o fogo volta. Eles começam a tocar fogo a partir das 15 horas. A noite não tem quem fique na praça, ontem (11), umas 21 horas todos os nossos clientes foram embora porque não tinha quem aguentasse a fumaça".
O fumaceiro prejudica a saúde dos frequentadores da Orla onde praticam suas caminhadas |
Ele reclamou do prejuízo, além dos clientes que fazem crítica, "o que a gente pode fazer? As vendas diminuíram porque ninguém quer ficar respirando essa fumaça. A minha saúde também está prejudicada. Eu acho que é alguém que fica queimando por aí, porque eu não sei como é para pegar fogo assim tão rápido", narrou.
Outro que sente no pulmão e no bolso é Júnior Morais de Souza, 27 anos, dono do quiosque na Praça do Coco há cinco anos. "A clientela diminuiu bastante por causa da fumaça. As pessoas não têm como ficar por aqui, porque prejudica quem tem problema de saúde. A minha saúde piorou, porque eu tenho um problema de alergia e ficou mais complicado por esse motivo", comentou.
Durante a entrevista, os proprietários já tinham solicitado a vinda de um agrupamento dos bombeiros e é grita geral a continua queimada. “Acho que são pessoas de rua que ficam bebendo e acabam tocando fogo no mato, e como o pessoal da prefeitura roça, mas não fazem a coleta, aí o fogo aumenta. Pode ser também bituca de cigarros, porque têm pessoas que fumam, mas não tem consciência de apagar o cigarro, aí pega o fogo”, supõe Júnior Morais.
Outro segmento de frequentadores do local, os praticantes das caminhadas e exercícios físicos, além dos admiradores da linda paisagem amazônica, a reclamação é a mesma.
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