segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Macapá em Transição - Roberto Góes: Prefeito de Macapá

“Eu não perdi as eleições, saí mais forte e vitorioso dela. Pois a maioria dos 98.892 votos que recebi, vieram do eleitor pobre com quem sempre me identifiquei." 


por Reinaldo Coelho

Antônio Roberto Rodrigues Góes da Silva nasceu em Macapá, capital do Estado do Amapá, no dia 22 de junho de 1966. Cresceu na colônia agrícola do Matapi, em Porto Grande, onde permaneceu até os 12 anos de idade, uma época de muitas dificuldades financeiras para a família, mas que permaneceu unida e fiel aos princípios como a honestidade e a decência.

Depois, se mudou para Macapá, onde iniciou seus estudos na Escola Estadual José de Anchieta, em seguida Escola Tiradentes e concluindo o ensino médio no Colégio Comercial do Amapá (CCA).

Desde muito cedo, teve contato com o empreendedorismo, trabalhando com o pai, Raimundo Góes, em uma madeireira em Macapá. Sempre popular, entrou para a política elegendo-se Vereador da Capital, em 1992, com 782 votos, sendo o mais jovem parlamentar, aos 26 anos. Logo ganhou reconhecimento por sua atuação, tanto que dois anos depois era eleito Deputado Estadual, com 2.407 votos. 

Seu bom desempenho lhe garantiu a reeleição em 1998, com 3.863 votos. Em 2002, conseguiu seu terceiro mandato, com 5.607 votos, sendo o quarto deputado mais votado. Em 2006, o povo do Amapá concedeu novo mandato de Deputado Estadual, desta vez sendo o mais votado, com 10.641 votos. 

Roberto Góes sempre gostou de esportes, principalmente o futebol. Apóia diversas iniciativas, do Oiapoque à Laranjal do Jari, porque acredita que o esporte é o caminho saudável e seguro para a formação de cidadãos conscientes para uma sociedade mais humanizada.

Atualmente, Roberto Góes é o prefeito do município de Macapá, eleito no segundo turno da disputa de 2008, ao lado da vice Helena Guerra. Em sua gestão  montou uma equipe de governo que mescla novos quadros e experientes secretários, garantindo excelentes resultados para a melhoria da qualidade de vida do povo macapaense.

Roberto Góes tentou a reeleição neste ano, perdendo no segundo turno, numa diferença de pouco mais de 2.000 votos para Clécio Luiz do PSol. Durante a campanha eleitoral nos dois turnos, Roberto foi acuado pelos seus opositores com denúncias e "terrorismo" para influenciar os eleitores indecisos. Mas na verdade dos números, Roberto "perdeu" para abstenção (18%), pois mais de 46 mil eleitores não compareceram às urnas.

Apesar dos ataques e achaques, o prefeito manteve em sua propaganda eleitoral a calma e o perdão, reconheceu falhas e erros cometidos. Mesmo após ter reconhecido a derrota, Roberto mantém a serenidade. Não dá para desprezar o nicho eleitoral captado por Roberto que teve quase a metade dos votos em Macapá que é  suficiente para sustentar um projeto com vistas às majoritárias.

O Tribuna Amapaense conversou com o prefeito Roberto Góes, leia a entrevista:

TA - Essa serenidade que Vossa Excelência vem mantendo durante e após a campanha eleitoral, mesmo com resultado desfavorável é comentado no meio jornalístico. A que se deve essa tranquilidade?

RG -  Uma eleição a gente não perde, apenas deixa de ganhar. Na verdade, eu preguei desde o primeiro momento da nossa gestão a humildade e o perdão. Essa eleição foi muito difícil, não é fácil concorrer contra todos os candidatos e no segundo turno, contra o Clécio. Mas o importante é que a população deixou o recado, nós tivemos quase 50% das votações, o Clécio teve 50% e um pouquinho e mais de 40 mil eleitores ficaram sem votar.

A cidade precisa da união de todos, e infelizmente, a gente tem que respeitar a decisão das urnas e pedir a todos - os amarelos, vermelhos e azuis -, que se unam nesse projeto, que, na verdade, é o melhor para a cidade de Macapá.

TA - O senhor disse após a eleição que era o campeão moral, como você define isso?

RG - Por tudo o que eu passei. Eu fui vereador, deputado e eleito prefeito da cidade em 2008 concorrendo contra o candidato Camilo e o vice, que era o Randolfe. Durante aquela eleição, eu fiquei com mais de 35 processos eleitorais, todos do primeiro turno. No segundo turno eu não tive nenhum processo. Mesmo assim, ganhamos todas as decisões de Macapá. O PSB recorreu para Brasília, e depois de 3 anos e meio eu consegui minha última absorção, dizendo que eu estava isento de todos os problemas eleitorais.

Fora isso, teve problema de Operação, em 2010, que eu fui detido, preso, e passei 55 dias fora da cidade. Nunca fui ouvido, nem me perguntaram nada, nem me chamaram para depor; já faz dois anos e eu estou aguardando ainda. Eu tive uma separação, que foi tranquila, mas com certeza abala o psicológico de um cidadão. Fora os problemas que eu tive em pegar um governador, nos primeiros anos de governo, em 2009 e 2010, eu e o Waldez trabalhamos muito, e quando entrou o Camilo, com uma nova concepção da cidade, decidiu não ajudar o município. Mas mesmo assim, nós tivemos que mudar o nosso planejamento e continuamos trabalhando.

Na eleição, eu participei contra cinco candidatos e fui atacado desde o primeiro momento. No segundo turno, todos se aliaram ao Clécio e eu fiquei para cá, mas o povo nunca me faltou, graças a Deus, sempre tive o apoio da população mais carente. Contra tudo e contra todos, me considero vencedor dessa eleição e peço ao meu eleitor que não desanime, que não guarde mágoa e nem rancor, vamos dar tempo ao tempo, para que o novo prefeito possa trabalhar para melhorar a vida da população.

TA - O apoio político partidário no segundo turno foi para o seu opositor. Porém, os militantes pedetistas e os simpatizantes da sua candidatura permaneceram fiéis?

RG - Queria agradecer de coração a toda militância que trabalhou, a minha equipe de campanha, meus secretariados que tiveram bons desempenhos e foram aprovados nas urnas. A população reconhece o nosso trabalho, entendeu a nossa mensagem de desenvolvimento, principalmente na geração de emprego para os mais carentes. 

TA - Agora seu governo encerra dia 31 de dezembro. Nestes dois meses o trabalho continua e começa o período de transição. O senhor já está trabalhando nisso?

RG - A eleição acabou e eu já reuni a minha equipe, e nós estamos trabalhando com a equipe de transição de governo para que o Clécio tenha a oportunidade de pegar a prefeitura a partir do ano que vem e montar o seu planejamento, e que realmente, ele faça um bom trabalho. Já nomeamos o nosso secretário de governo Alberto Góes, para coordenar a equipe e estamos aguardando a equipe do futuro prefeito.

TA - E o seu futuro político?

RG - Estou há vinte anos na política. Eu vou ter um tempo para me dedicar mais à minha família e meus amigos. Vou continuar andando pela cidade, jogando bola, andando de bicicleta, fazendo o que eu sempre fiz. Eu nunca fui uma pessoa de me esconder de alguma batalha, lógico que eu nunca fiz oposição radical. Eu não tenho uma definição muito clara na política, com certeza eu vou ajudar a eleger o governador, senador e deputados do Amapá da nossa base. O importante é que eu vou participar dessa eleição, eu vou ter o tempo que preciso agora para me organizar.

TA - A experiência em administrar Macapá, uma cidade-estado, onde vivem mais de 70% dos habitantes do Estado, enfrentou obstáculos financeiros e boicotes políticos. Quanto tempo que o  novo prefeito precisa ter para combater a situação e começar a dar resposta?

RG - Eu vou deixar a prefeitura um pouco melhor de como eu peguei, lógico que com todos os problemas, eu não tive condições de pagar todos os fornecedores, nem resolver todos os problemas que eu tenho certeza que o Clécio não vai conseguir resolver toda a situação, assim como os outros prefeitos não tiveram tempo nem condição de resolver em uma gestão toda a situação. Não é fácil administrar uma cidade em que 70% da população mora na capital e os recursos são escassos, só uma secretaria tem mais recursos do que o município para pagar tudo.

TA - Quais foram os pontos positivos e negativos de sua gestão?

RG - Os positivos foram a mudança do Plano Diretor de Macapá, mudando a concepção da construção civil e gerando emprego e renda; as casas populares; o grande empreendimento que será inaugurado, o Shopping; a educação foi grande porte da nossa gestão; e o Mucajá foi exemplo de grande projeto de moradia na cidade. Uma obra que eu queria ter entregue é o Hospital Metropolitano, que eu trabalhei, porém o projeto teve muitos problemas; mas eu tenho certeza que essa obra pronta vai melhorar muito o atendimento da saúde.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...