segunda-feira, 5 de novembro de 2012

SUS: Hemobrás produz cola de fibrina no Brasil

por Reinaldo Coelho


A cola de fibrina é um selante biológico elaborado com o plasma humano que reduz ou detém hemorragias em cirurgias cardiovasculares, hepáticas, ortopédicas e neurocirúrgicas. O material era obtido exclusivamente por importação e usada, sobretudo, na rede privada, pois o Ministério da Saúde tinha dificuldade de adquiri-la devido ao alto custo no exterior - que chega a R$ 1 mil cada ml - e à baixa oferta diante da demanda mundial. 

Os pesquisadores da Empresa Brasileiro de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobras) começaram a  fabricação em Laboratório de Cola de Fibrina da Hemobrás, atualmente em uma área cedida pelo Hemope, será financiada pelo Ministério da Saúde. Com isso, além de oferecer qualidade internacional, a cola brasileira proporcionará economia aos cofres públicos e ampliação do acesso da população à saúde, pois deverá custar R$ 200 o ml.

SUS
Os pacientes atendidos no Sistema Único de Saúde (SUS) serão os maiores beneficiados pela cola de fibrina produzido no país pela Hemobrás. Os novos produtos, que auxiliam na sutura interna dos tecidos e reduz o tempo de recuperação à metade, serão distribuídos às  Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil (Sesdec), através do Hemorio, parceiro da estatal na elaboração da cola. A cola, 100% nacional, pode ser utilizada em cirurgias ortopédicas para próteses de quadril e de joelho; neurocirurgias para prevenção e tratamento de fístulas liquóricas; cirurgias plásticas, cardíacas, vasculares, otorrinolaringológicas, odontológicas (sobretudo para pacientes com problemas de coagulação, como a hemofilia) e de fígado, incluindo transplante hepático. A grande vantagem do uso é a redução de sangramento e a melhora da coagulação. A cola de fibrina é feita a partir de componentes de sangue liofilizado (sem água) e é um agente hemostático. Não há restrição para o uso do produto, que pode ser aplicado em crianças, adultos e idosos.

No Brasil, atualmente são utilizados não mais do que cinco litros de cola de fibrina por ano, basicamente pela rede privada. 

Os Estados de Pernambuco e do Rio de Janeiro foram os primeiros do País a receber a cola de fibrina produzida no Brasil. A expectativa da Hemobrás é, posteriormente, distribuir o selante biológico para outros hospitais públicos de Pernambuco e também de outros Estados. Todas seguirão os mesmos pré-requisitos: serão selecionadas pelo MS por possuírem demanda dos procedimentos para o qual o hemocomponente é recomendado, contarem com estrutura para seu correto armazenamento e disporem de profissionais com experiência em seu manuseio.

"Nosso plano junto ao Ministério da Saúde é produzir o suficiente para atender usuários do SUS em todo o País que antes não tinham acesso à cola de fibrina. Para 2013, a nossa previsão são 13 litros; sendo mais 14 litros em 2014 e outros 16 litros em 2015", salienta o chefe do Serviço de Produção de Cola de Fibrina, Frederico Monteiro. "Isso é considerado uma grande quantidade, pois o uso é medido por mililitro e, em uma cirurgia para a qual há indicação de sua utilização, a média é de 5 mL, não ultrapassando 10 mL por procedimento", explica o diretor de Produtos Estratégicos e Inovação da Hemobrás, Luiz Amorim. 

A cola de fibrina não possui contraindicação ou risco de rejeição. "Ao contrário, provoca a regeneração de ossos e tecidos e a formação de novos vasos. Ela não substitui os tradicionais pontos, mas atua como um complemento, um vedador e acelerador do processo de cicatrização", afirma o consultor científico da Hemobrás, Wellington Cavalcanti, que fará a demonstração e o treinamento dos médicos quanto ao uso do produto nas cirurgias, quando solicitado pelos hospitais beneficiados.

Distribuição
A distribuição do produto será feita do Laboratório da Hemobrás diretamente para os serviços de hemoterapia das unidades de saúde, em caixas que manterão a temperatura de transporte abaixo de 20°C negativos (a mesma sob a qual deverá ficar armazenada até ser utilizada). A apresentação do material é na forma líquida, em frascos-seringa que variam de 1 mL a 6 mL. O produto pode ser usado imediatamente após seu descongelamento, que ocorre em aproximadamente oito minutos. 



Saiba mais sobre a cola de fibrina da Hemobrás

O que é => A cola de fibrina da Hemobrás é um selante biológico elaborado a partir do plasma humano, que por sua vez é um dos componentes do sangue.

Como é feita => O método que a Hemobrás desenvolveu utiliza um equipamento especialmente desenhado para a produção de cola de fibrina, a partir de seis bolsas de plasma, com todas as variáveis de produção controladas. Para garantir a segurança do produto, é aplicado um método de inativação viral do plasma, além de testes de biologia molecular para detecção do genoma dos vírus HIV, HCV, HBV, HAV e Parvovírus B19 nos plasmas que serão utilizados na obtenção da cola de fibrina. 

Para que serve => As situações nas quais a cola de fibrina tem sido empregada com sucesso vão desde cirurgias cardíacas, vasculares, ortopédicas, neurológicas e plásticas de alta complexidade, passando por cirurgias dentárias em pacientes com coagulopatias e tratamento de hemorragias digestivas altas. 

Como é a aplicação => A cola de fibrina é normalmente usada em locais que os clínicos ou cirurgiões não têm acesso ou não têm como promover a hemostasia (coagulação) pelos métodos tradicionais, como sutura ou eletrocoagulação.

Como age no corpo humano => O selante de fibrina reproduz a fase final da coagulação sanguínea, onde o fibrinogênio é convertido em fibrina na presença de trombina, fator XIII, fibronectina e cálcio ionizado (proteínas do plasma). A trombina e o fibrinogênio promovem o "selamento" da área cirúrgica. 


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