quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

De Tudo Um Pouco - 4 de Fevereiro - 255 anos de Macapá


Não sou historiador, mas adoro escrever sobre Macapá, mesmo que de ano em ano e por ocasião dos festejos de seu aniversário de fundação, porque traz à minha lembrança fatos e atos que merecem ser " desenterrados " do passado para gáudio e conhecimento das gerações que vieram após a década de 1950. E, nesses 255 anos estão incluídos meus 60 de vivência e convivência com esse povo descendente daqueles que aqui já habitavam àquela época. Dou graças à DEUS e rendo minha homenagem a  este rincão pátrio que acolheu meus pais, irmãos e a mim em meados de março de 1 952.

Minha contribuição será relatar alguns detalhes da Macapá de então, capital do ex-Território Federal do Amapá. A ordem a seguir é aleatória, pois são fruto de lembranças anotadas.

1 - Os bairros : Laguinho, Favela, Bairro Alto e Trem, compunham a cidade, e o anel urbano iniciava no Hotel Macapá, 1ª rua do Centro e em frente da cidade, seguia rumo Sul margeando a hoje Feliciano Coelho, prosseguia por toda a Leopoldo Machado até o Laguinho, mais ou menos pela Ernestino Borges ( onde iniciava a zona rural ) e descia pela São José, entrava na Mário Cruz e chegava ao ponto de partida. Era um belo passeio domingueiro.

2 - O estaleiro naval : Na frente da cidade e do Macapá Hotel, locais mais visitada à época, a arborização compunha-se de mangueiras,  que ia da Mário Cruz até a beira do rio ou canal de entrada das águas do Rio Amazonas. Ali ficava o estaleiro, de construção em madeira, onde o governo reparava suas embarcações, especialmente os barcos a motor e vela, e onde a molecada tomava banho quando a maré estava cheia.

3 - Os banheiros públicos : Eram três e todos em alvenaria rústica. Um ficava no Laguinho, ali perto da Rádio Equatorial, talvez vizinho; outro foi construído no Bairro Alto ( Central ), ali entre as Avs. Gal. Gurjão e Mendonça Furtado; o terceiro no Trem, na Feliciano Coelho, ao lado da Faculdade Moderno/IESAP e, para nossa alegria ainda está de "pé". É uma casa amarela e serve de moradia a uma família, há mito tempo. Esses locais, públicos, serviam de ponto de apoio aos trabalhadores e pessoas de passagem transitória e, lógico, para a molecada lavar-se antes de ir pra casa.

4 - As ruas do Centro Comercial : A que passa em frente ao Hotel Macapá; logo atrás a Cândido Mendes; no sentido Oeste a Tiradentes e mais adiante a Eliezer Levy. Nestas últimas, dois detalhes históricos: 1)  Na esquina da Gal. Gurjão com a Tiradentes, ficava o comércio de secos e  molhados chamado esquina do Chiadinho ( não sei a origem desse nome ). Descendo no sentido Sul, uma pequena ladeira era vencida e à esquerda erguia-se a Casa do Viajante, que abrigava pessoas vindas do interior e de outros estados. Daí pra frente e até a Henrique Galúcio, a rua era de " passarela de madeira " de ponta a ponta, e mais ou menos à altura da Mendonça Junior, passava o canal, que vinha da Cândido Mendes e ia até a Eliezer Levi onde, na esquina, erguia-se a olaria territorial, que produzia telhas e tijolos para as construções do Governo. A olaria foi berço profissional de muitos amapaense e não amapaense, incluindo-se eu e outros colegas da  " turma do buraco ". Sobre o canal ou igarapé, ao longo, à direita e à esquerda, erguiam-se casas de madeira, umas residenciais, outras comerciais e uma que chamava a atenção da clientela masculina - o " curral das éguas ", no peçonhento que batizava a chamada " zona de prostíbulo  ".

5 - As casas de diversão : Lembro-me das mais destacadas e que frequentei muitas vezes. A casa da Tia Gertrudes, na Favela, ali na Presidente Vargas, entre as ruas Leopoldo Machado ( na esquina ficava o posto de gasolina do Teixeirinha ) e Jovino Dinoá. O marabaixo e o batuque rolavam solto nos fins de semana, ao sabor da gengibirra. Descendo a Presidente Vargas, sentido Leste, no final da ladeira e esquina com a Jovino, erguia-se no alto do morro o salão de festas do Pecó ( hoje residência do Conselheiro do TCE, Manoel Dias ),  cuja entrada e saída compunha-se de uma escada com mais ou menos 10 m de altura íngreme, dividida em subida e descida, cujo final dava para a Jovino e logo em frente um igapó, onde os menos avisados e cheios da catuaba, tomavam banho sem querer. Aos fins de semana o forró corria solto e os bailarinos profissionais davam show no salão encerado. Havia até concursos de dança. O Pina, onde hoje é o quartel dos Bombeiros, acolhia os notívagos em busca de companhia e diversão noturnas ( vocês devem imaginar o que rolava lá ). Tinha ainda o Armstrong, a Casa Azul, a Suerda, o Merengue, o Bar Caboclo, entre outros.

6 - O frigorífico do Governo : Ficava ali quase no final da Cândido Mendes, perto da Fortaleza, e que abastecia de gelo as canoas e barcos de pesca e também vendia o produto à varejo. Contava-se à época que houve denúncia às autoridades de que havia irregularidades na execução dos serviços da naquele órgão público - desvio de produto, o gelo. Solicitado a apresentar documentos da produção de gelo, o gerente encaminhou-os à autoridade, onde no balanço de produção constava 100 barras de gelo em estoque. Passados 30 ou 40 dias após a remessa da documentação, a auditoria foi fazer vistoria " in loco ". Chamou a gerente para abrir a câmara frigorífica e constatou que ali não havia barras de gelo. Pediram explicação e o gerente, de pronto, disse :"vocês passaram de 30 a 40 dias para virem fazer a auditoria, e o gelo nesse espaço de tempo derreteu e a prova é a água que está depositada na câmara ", justificou.

Amigos. Os fatos são muitos e espero em Deus que esteja vivo para contar mais fatos e causos como : O Barrigudo, o elite Bar, do Assis; a cadeia pública; o Beirol; o caixa de fósforo, primeiro carro- cela da polícia; o Urca Bar; a Assembléia Amapaense; a Casa Pernambucana; as casas bancárias; a força e luz; os jornais; as escolas; o coreto da Matriz; as casas comerciais tradicionais, os Escoteiros; os desfiles na FAB; o aeroporto e companhias de aviação, etc... 

Agradecimento público : Amo Macapá de todo o meu coração e, enquanto Deus prover-me de saúde, continuarei agradecendo sempre, pois tudo que sou e tenho, devo a esta cidade maravilhosa, ao seu povo,  e a este Estado promissor.

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