quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Pioneirismo - Raimundo de Azevedo Costa



O município de Macapá completa 255 anos nesta semana, e a coluna Pioneirismo 
conta um pouco da história do homem que não apenas viu nossa cidade crescer,
mas também ajudou a construí-la.

por Bárbara de Azevedo Costa

Semente boa
Raimundo de Azevedo Costa, o primeiro prefeito eleito do município de Macapá, nasceu na localidade do Matapi em 30 de Agosto de 1938, quando o Estado era ainda Território Federal. Filho de José Duarte de Azevedo e Tereza de Azevedo Costa, a Lili, nosso jovem cresceu ao lado de sete irmãos - três mulheres e quatro homens. Um desses, inclusive, era gêmeo de Raimundo, e foi batizado Antônio, mais conhecido pela alcunha de "Pai Faca".
Com seus irmãos, Azevedo viveu ali no Matapi até os seis anos. O pai, agricultor, aventurou-se também no ofício de garimpeiro e mais tarde tornou-se funcionário público. A mãe fazia farinha e amassava açaí.

No ano de 1944, a família toda se mudou para o Formigueiro, logo atrás da Igreja de São José. E no dia 9 de Janeiro de 1957, após terminar o serviço militar, o rapaz conheceu Maria de Nazaré, uma mocinha de 17 anos, natural de Breves, com quem veio a se casar e teve oito filhos, e destes vieram mais de 20 netos.

Como se vê, Azevedo Costa brotou de origem muito simples. A terra, no entanto, era de qualidade excelente, e as raízes bem profundas. Assim, logo a trajetória do rapaz começou a brilhar.

Solo político
Após completar o primário no grupo escolar Barão do Rio Branco e cursar o segundo grau no Colégio Comercial do Amapá,(CCA) formando-se técnico em contabilidade, Azevedo Costa foi convidado pelo Sr. Binga Uchôa para fundar o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) no Amapá.

"No ano de 1970, elegemos o deputado Antônio Cordeiro Pontes", conta Azevedo, "tomando o mandato do capitão Janary Gentil Nunes, que já fora governador do Amapá anteriormente".

Raimundo de Azevedo Costa, nesse ínterim, trabalhava como uma espécie de "office boy" da prefeitura de Macapá. Então ganhou uma bolsa para fazer parte do grupo que ficou conhecido como "A Turma do Buraco", e tinha a função de cavar e plantar árvores pela cidade.

Então, já se alargavam os passos políticos de Azevedo, que se mostrava um líder com personalidade e força de vontade inspiradora, até que no ano de 1972 foi eleito vereador pelo MDB no município de Macapá. Em 1974, foi reeleito. No ano seguinte, fez um curso para lecionar inglês. Daí então ser chamado, até os dias de hoje, de "professor Azevedo Costa".

Em 1985 foi eleito prefeito de Macapá pelo PMDB. (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), Sagrou-se como o primeiro escolhido pelo voto popular, já que até então nunca houvera eleições efetivamente democráticas no município. Foi o mais votado do grupo de cinco candidatos a disputarem o pleito. Além do próprio Azevedo, concorriam Jarbas Gato (PFL), Júlio Pereira (PDT), Geovani Borges (PMN) e Braga (PT). Azevedo recebeu 52% dos votos, e foi o candidato mais votado do país (respeitando-se a proporcionalidade eleitoral dos municípios brasileiros).

O ex-prefeito relembra os tempos de campanha: "Eu havia conhecido o Ulysses [Guimarães] em 1970. Ele era presidente do diretório nacional do PMDB. Tornamos-nos grandes amigos... Ele veio à minha campanha em 1985, quando concorri à prefeitura, e fui eleito com o seu apoio. Que saudades daquele tempo!".

Posse do prefeito Raimundo de
Azevedo Costa no dia 1º de Janeiro de 1986
Azevedo prossegue com as reminiscências: "Em 1990, após sair de meu mandato, convidei o presidente José Sarney, que estava também saindo do seu, para ser candidato ao Senado Federal pelo Estado do Amapá... E nós conseguimos elegê-lo".

Assim, as experiências políticas do professor foram muitas, bem como os desafios. Diplomaram-no prefeito num momento em que Macapá possuía mais que o triplo do tamanho geográfico que tem hoje - antes de se desmembrarem os municípios de Santana, Ferreira Gomes, Porto Grande, Serra do Navio, Itaubal do Piririm e etc -, e infraestrutura quase nula. Tudo foi praticamente construído do zero. A população não tinha nem mesmo aspectos mínimos para sobrevivência. Era necessário ainda, a abertura de estradas, construções de casas, organização de bairros, saneamento básico, e tudo isso se fez.

Frutos eternos
Hoje, no ano em que completa 75 anos de idade, e seu município querido comemora 255, o professor e prefeito Raimundo de Azevedo Costa carrega consigo uma bagagem inigualável. Além das experiências da vida pública, hoje ainda atuando como conselheiro político, sempre presente, o homem desfruta ainda das alegrias dos admiradores, amigos e familiares lhe proporcionam. Família esta que, por sinal, não poupa palavras de admiração e orgulho na hora de falar sobre o patriarca.

"Meu pai se preocupa muito com o bem-estar dos outros", conta Solange, uma das filhas. "É um homem incrível. Não fala mal de ninguém, não apedreja, não aponta defeitos... Um verdadeiro cavalheiro. E nunca briga, sempre conversa, mas tem tamanha autoridade, que cala qualquer um".

Representando a nova geração, Clara, uma das netas de Azevedo, acrescenta: "Meu avô é muito especial. Ele é sábio, determinado, amoroso, e divertido também. Conta muitas histórias engraçadas e interessantes, quase sempre políticas... É um homem que zela pelo direito de cada um ser como é e expressar o que pensa, e eu sempre aprendo muito com ele... Não consigo descrever o tesouro que o meu avô é e o que ele faz por todos que precisam dele!".

Enfim, este é o homem. Raimundo de Azevedo Costa. Mais uma estrela nascida no seio de nossa Macapá. Um virtuoso. Um sonhador. Um fazedor. Um político como há muito não se vê. E, nas horas vagas, também um herói.  

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