
Um exame de sangue, uma pesquisa eleitoral e o Censo, à primeira vista, não tem muito em comum. Mas, olhando melhor, são itens que envolvem resultados e pesquisas e que, potencialmente, tiveram o trabalho de um estatístico por trás. Nesta edição quero compartilhar com você leitor, matéria publica em O GLOBO no dia 21/01/2013, sobre a profissão do Estatístico puxada pelo mundo digital, ocupa 6º lugar no ranking das melhores carreiras, segundo estudo do Ipea.
Esse profissional, pouco alardeado, está à frente de muitas informações importantes. E, seguindo a lei da oferta e procura, quanto menos holofotes, mais status. Resultado: segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre 48 carreiras de nível superior, a estatística é a que apresenta a segunda melhor remuneração média no país: R$ 5.416 por mês. Só perde para os médicos, com ganho médio mensal de R$ 6.940.
No ranking geral das melhores carreiras, em que também foram avaliadas taxa de ocupação, jornada e cobertura previdenciária, a estatística ocupa a sexta posição - o primeiro lugar também ficou com a medicina.
Segundo Marcelo Neri, presidente do Ipea, os bons salários indicam que esse profissional está em alta, com demanda maior do que a oferta. É que, impulsionadas pela globalização e pelo mundo digital, empresas e órgãos públicos começam a perceber a importância de ter um profissional especializado cuidando das estatísticas da organização. E contratam esse pessoal com salários iniciais, que, segundo especialistas, giram em torno de R$ 3 mil.
- Estamos todos afogados em números e apenas uma abordagem sistêmica consegue lidar com isso - destaca Neri. - Além disso, esse cenário reflete também o fato de que as decisões públicas e privadas no Brasil estão sendo tomadas em cima de números, e não com base em análises episódicas e pontuais. De fato, elas estão mais científicas.
- À medida que avança o processo de disponibilização de informações, torna-se cada vez mais necessário que empresas, de grande ou de médio porte, trabalhem com um profissional da estatística - confirma José Matias de Lima, que é professor e pesquisador em informações geográficas e estatísticas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence/IBGE), que, inclusive, de 2012 para 2013, viu crescer em cerca de 75% a procura pela carreira no vestibular. - Isso é um reflexo das demandas do mercado.
O que poucos sabem é que um estatístico pode atuar nos mais diferentes setores da economia: telecomunicações, serviços, saúde, mercado financeiro e bancário, petróleo e gás e marketing são as áreas que, atualmente, mais contratam esse tipo de profissional.
Presidente do Conselho Regional de Estatística da 2ª Região (RJ/ES), Paulo Afonso Lopes acentua que a estatística ganha peso no mercado de trabalho porque companhias começam a notar com mais força como suas ferramentas podem auxiliar no processo decisório.
Falta marketing para que a carreira seja mais conhecida
Segundo Marcelo Neri, presidente do Ipea, a estatística, assim como a informática, é uma área em que o serviço público tem "dificuldades crônicas" para manter os profissionais.
- Nós estamos na Era da Informação. Então, essas pessoas têm sempre ofertas de empresas de fora - diz Neri, acrescentando que os problemas não param por aí. - Outra questão é que, em muitos casos, como no Ipea, por exemplo, a estatística não é a atividade fim, mas uma atividade meio, o que, talvez, faça com que alguns profissionais não se sintam tão reconhecidos.
Mas, para Neri, a tendência é que isso mude em razão do período de estabilidade econômica que o Brasil enfrenta: O Brasil não tinha essa tradição, a inflação corroía nossas estatísticas e encurtava nossos horizontes. Com estabilidade, conseguimos ter números melhores e perspectivas mais duradouras. Tanto as instituições públicas quanto as organizações privadas começam, de fato, a planejar. Nesse contexto, a estatística é cada vez mais relevante e tem sua importância reconhecida através do mercado.
Taxa de ocupação é de 81,8%
Os outros quesitos avaliados pela pesquisa do Ipea também indicam essa constante valorização. A jornada de trabalho de um profissional da estatística tem, em média, 39,1 horas semanais, o que os deixa na 20ª posição. Engenharia naval tem a mais longa jornada, com 42,9 horas, e física, a menor, com 34,41 horas. A taxa de ocupação dos estatísticos é de 81,8% (31ª posição) - os médicos lideram com 91,8%, e os físicos estão na lanterna com 69,1%. Já 89,7% dos estatísticos recebem cobertura previdenciária, o que os coloca em 16º nesse item da pesquisa. O setor de defesa e militar é o que tem melhor cobertura (97,15%), enquanto os serviços pessoais e de beleza, a mais fraca (65,6%).
- Apesar disso, é uma carreira que nunca teve muita propaganda e, por isso, não tem aquela atratividade das carreiras de maior nome, que acabam causando impacto em quem conclui o ensino médio - pondera Guilherme Caldas de Castro, chefe do Departamento de Estatística da Uerj.
Qual seria a melhor forma, então, de fazer com que a carreira ganhasse mais visibilidade, formando gente suficiente para suprir a demanda que se anuncia?
- Está faltando marketing para os alunos do ensino médio. Um dos objetivos do Conselho este ano, inclusive, é investir em formas de motivar esses alunos e mostrar a eles o que faz um estatístico - afirma o presidente do Conselho Regional de Estatística do RJ/ES, Paulo Afonso Lopes.
Mercado no Rio se expande
Os especialistas são unânimes em dizer que a estatística é um investimento promissor, tanto para jovens prestando vestibular, quanto para profissionais de áreas como administração e economia que queiram se especializar. Lopes acredita que, além da tendência de expansão de contratações, outros mercados ainda vão descobrir a estatística, como laboratórios e, mesmo, o direito:
- Nos Estados Unidos, por exemplos, dados estatísticos são amplamente usados em julgamentos. Como esses, há diversos outros setores em que ainda não se vê o uso de estatística e que são ramos em que isso deve crescer.
Trazendo a ocupação deste profissional aqui para o Amapá, é diminuta o números de profissionais, pelo que conheço os existentes todos estão vinculados ao serviço público em pouquíssimos setores. Na minha opinião, há necessidade do estado e municípios buscarem o apoio do estatístico afim de que seja possível a produção de estudo e análises para tomadas de decisão pelos seus gestores.
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