Um mandato eterno, soberano e singular, cujo mandamento é o amor ao próximo e a comunhão de todos é irrenunciável. Por tanto Deus Onipotente, Onisciente e Onipresente jamais renuncia, Ele é eterno.
Mas o mandato dos homens é finito e renunciável. Por isso o Papa Bento XVI anunciou o fim do seu mandato à frente da Igreja Católica Apostólica Romana. O Papa não é santo é um homem que administra uma Igreja, aliás, cheia de senões ao longo de sua história. Alguns extremamente negativos para com a humanidade. A inquisição, apenas para citar uma das atrocidades praticadas pelos católicos. Mas se não bastasse os crimes do passado, os católicos convivem com suas contradições eclesiásticas. Disputa que divide a igreja e enfraquece o comando de Bento XVI.
Se Bento se mostrou conservador com relação ha alguns assuntos que vieram à baila com emancipação da sociedade, como aborto, casamento gay e eutanásia, foi omisso nos crimes de pedofilia praticados por padres católicos. Dai qual exemplo nos dá o Papa?
Outro discurso mal formulado por Joseph Ratzinger foi quando da sua visita a América Latina, onde afirmou que a religião católica não foi imposta pela força na América latina. Esse posicionamento descontentou teólogos e laicos deste continente que teceram duras críticas ao discurso Papal e lembraram as atrocidades cometidas nessas regiões pela igreja católica.
A consciência lúcida e o seu profundo conhecimento teológico levaram o Papa Bento XVI reconhecer a hipocrisia de um reinado que não se sustenta pela pura e simples convicção em Deus. Há algo de podre no reino do Bento XVI que seu mordomo "VatiLeaks" um dia deixou escapar.
Mas o mérito da atitude de Bento XVI está na coragem de reconhecer sua fraqueza ou a fraqueza desse estado que ainda controla a maioria dos homens no planeta. O próprio Vaticano anunciou que o motivo da renúncia não é por doença. O Papa, segundo o Vaticano, está saudável e consciente.
A resposta correta para essa atitude não vamos ter, restará apenas às especulações, mas fica a suspeita de que o enfraquecimento da Igreja Católica pelas suas contradições e disputas internas no Vaticano tenha levado o Bento XVI a essa decisão.
Durante o Consistório, para três canonizações, inclusive de um "santo" brasileiro, Frei Galvão, o Papa disse o seguinte: "No mundo de hoje", sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida e para a fé, para governar a barca de Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário vigor, tanto do corpo como do espírito, vigor que, nos últimos meses, diminuiu de tal modo em mim que devo reconhecer a minha incapacidade de administrar bem o ministério a mim confiado. (...)
Bem como disse o Papa as mudanças rápidas e agitadas por questões de grandes relevâncias para a vida... É um dos fatores que o levam a renúncia. Não tenho força física para aguentar essas mudanças. Na realidade os homens vêm a cada dia mais gananciosos e desumanos. E as guerras medievais bárbaras e sanguinárias, deram lugar para uma guerra cada vez mais tecnológica e letal. Pobre dos pobres do mundo.
Jesus Cristo morreu com sua convicção filosófica de semear o amor entre os homens. Os Judeus o entregaram aos Romanos que lhe pregaram na Cruz, imagina se Bento XVI poderia mudar essa saga de autodestruição da humanidade.
Bento entra para a história como mais um Papa a renunciar o papado. O último papa a renunciar tinha sido Gregório XII, que abdicou em 1415, no contexto do Grande Cisma do Ocidente, e, antes dele, houve apenas cinco casos: Clemente I, Ponciano, Silvério, Bento IX e Celestino V.
Bento um homem culto senhor das ciências do homem. Domina pelo menos seis idiomas (alemão, italiano, francês, latim, inglês, castelhano) e possui conhecimentos de português, ademais lê o grego antigo e o hebraico. É membro de várias academias científicas da Europa como a francesa Académie des sciences morales et politiques e recebeu oito doutorados honoríficos de diferentes universidades, entre elas da Universidade de Navarra, é também cidadão honorário das comunidades de Pentling (1987), Marktl (1997), Traunstein (2006) e Ratisbona (2006). Nada disso foi suficiente para mudar a caminha veloz do homem para a pilhagem das nações mais fracas, como as africanas e as orientais. Quem aguenta a ganância humana? Só Deus porque não convive entre os homens.
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