segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Artigo do Tostes - Caiena até Macapá


Com a conclusão da ponte binacional e os avanços da BR 156 em direção ao Oiapoque, é importante que no Amapá seja conhecido o nosso vizinho, pois em breve será muito comum o trânsito de franceses e guianenses em nossa capital, isso já ocorre com frequência, porém com a facilidade da ponte e da rodovia a tendência será aumentar a presença de um bom público, deve-se levar em conta que na Guiana Francesa vivem mais de vinte mil brasileiros oficializados, muitos deles oriundos de diversos estados brasileiros.

Conhece o vizinho é um passo importante no sentido de elevar a cooperação e preparar adequadamente todo o processo receptivo em Macapá, pode-se dizer que: muitos amapaenses terão interesse em visitar Caiena, no estágio atual esse processo decorre muito mais por ações de trabalho e pesquisa do que propriamente por algum tipo de atividade turística. No ano de 2011, tive a oportunidade de realizar o trajeto de carro entre Macapá e Caiena, registrei inúmeros aspectos que devem ser aperfeiçoados para ambos os lados. As questões de logística e de sinalização estão entre os principais pontos. 

 Qual é a história de Caiena ou Cayenne em Francês? Caiena é um departamento da França localizado na América do Sul, fica em uma antiga ilha na foz do rio Caiena, na costa atlântica, faz fronteira com o Brasil, ocupa parte do Ile de Cayenne localizado 268 km de Saint-Laurent-du-Maroni e 64 km a partir de Kourou. As populações urbanas são provenientes das áreas rurais e de fluxos migratórios internacionais significativos. Este território europeu sitiado na América do Sul representa um destino atrativo para populações de regiões fronteiriças em busca de melhores condições de vida, muito embora nos últimos anos a situação tenha piorado para quem procura aquele destino. 

A cidade de Caiena foi oficialmente criada em 11 de agosto de 1888, entre as principais atividades estão a parte administrativa e comercial, tendo na comunidade asiática uma forte presença no comércio local. Caiena está dividida em seis distritos: Noroeste: Fort Cépérou, Amêndoa ponta, Oi ilhas. Sudoeste: Aldeia chinesa, Leblond, La Madeleine. Sudeste: Rebard , Ou fundição , Manga, Baduel , La Roseraie , Os mosquitos, Companheiro , Monte Lucas. Sul : Companheiro , Galmot , Anatole , Themire , Água-Lisette. Nordeste: Gatinho , Montabo , Zéfiro , Bourda , Suzini. Centro: Centro, Mirza, De Gaulle, Buzaret e Palmistes.

O  crescimento da cidade tem sido expressivo, sem dúvida aumentou com os posseiros nos bairros centrais e no desenvolvimento de "bolsões" de assentamentos ilegais na periferia de espaço vago, incluindo as encostas florestadas e as  áreas de baixa altitude de zonas úmidas e planícies aluviais. As paisagens urbanas são características de populações e de culturas urbanas de origens diferenciadas o que propicia uma nova distribuição espacial urbana.

As áreas urbanizadas constitui um desafio real em termos de planejamento e gestão dos espaços urbanos da cidade de Caiena. Historicamente foi com a implantação da base de Kourou que ocorreu maiores perspectivas de desenvolvimento, beneficiou diretamente a cidade de Caiena, bem como o interior com a modernização da infraestrutura de estradas, construção de hidrelétrica de Petit-Saut, modernização do porto Dégrad des Cannes e a transformação do aeroporto em um aeroporto internacional. 

De acordo com Granger (2008) a Guiana francesa é uma região europeia dentro da América do sul: um "porto espacial" da Europa, com uma situação socioeconômica mais favorável do que os países vizinhos graças à redistribuição nacional da renda na França. No entanto, se assemelha a América do Sul quando se fala elevadas taxas de fecundidade e mortalidade infantil. Por esse motivo recebe verbas especiais da União Europeia por ser uma das suas regiões mais pobres e afastadas. Contudo essa verba faz com que a Guiana Francesa se torne um dos territórios mais ricos do Caribe e da América do sul, assim constitui-se uma verdadeira ilha europeia no meio de um "oceano de pobreza", por isso atrai muitos migrantes oriundos dos países próximos. 

Granger (2008), afirma ainda e vale salientar que nem sempre esses interesses relacionados a fronteiras se dá in lócus, há situações em que a fronteira é apenas uma parcela, o que se pretende é integrar outros pontos mais importantes de ligação, que facilitaria o fluxo em especial de mercadorias. Do ponto de vista de Caiena, a ligação entre Brasil e Guiana Francesa, através da construção da ponte binacional e das relações transfronteiriças, poderá todos os aspectos relativos à inserção regional e maiores vínculos com outras cidades que se beneficiarão com tal construção e com o desenvolvimento das relações a serem estabelecidas. 

Fica a enorme curiosidade para saber como irão ocorrer as novas dinâmicas entre o Amapá e a Guiana. Concretamente precisa ser equacionado os entraves burocráticos entre Brasil e França para que aconteça de fato, maior grau de aproximação entre ambos os lados, que seja possível romper a síndrome da desconfiança entre estas regiões. É preciso ver a cooperação com algo construtivo e duradouro, agregando as políticas nacionais e internacionais já existente dos dois lados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...