por Fabiana Figueiredo
Suspeita de morte por estrangulamento, Elza Neves foi mais uma vítima da violência contra a mulher |
Na manhã da última quinta-feira (14), o bairro Santa Rita, além da forte chuva, foi agitado com a notícia de um possível latrocínio na sede do Diretório Regional do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), localizado na Avenida Hildemar Maia. Apesar de estar em um local bastante movimento, o crime só foi descoberto a Secretária Fernanda chegou ao local que verificando não ter energia e a sede do diretório estar trancada, aguardou o Secretário Geral do partido, Pedro Braga, que acionou a chave geral de energia; Fernanda encontrou o corpo da diarista Elza Neves Oliveira, 35 anos, na sala de reuniões do diretório, com indícios de estrangulamento pelo fio azul de distribuição de rede de Internet. "Acionei a polícia, que chegou ao local e iniciou a investigação do latrocínio", informou Pedro Braga.
"Estamos fazendo o levantamento de dados, haja vista que ela está separada recentemente, e apanhava do ex-marido. Possivelmente, a pessoa que entrou e cometeu o homicídio, trancou a porta e levou a chave", afirmou a sargento da PM, Lúcia Silva, do Batalhão de Rádio Patrulha Militar (BRPM), que deu logo deu início à investigação.
De acordo com informações no local do crime, um dos suspeitos, o ex-marido de Elza, Nilson da Silva Machado, 35 anos, quando procurado pela Delegacia de Homicídios em sua residência no Infraero II, foi encontrado morto por envenenamento.
Cadê a pacata Macapá?
O que se tem verificado em Macapá, e em todo o Amapá, é um novo tipo de violência, quadrilhas oriundas de outros Estados, que se fixaram aqui e cometem assaltos com violência física e psicológica aos habitantes da ex-tranquila Macapá. Os bairros têm ocupado espaço na mídia local devido à alta incidência de criminalidade, basta ver a imprensa local que denuncia os casos; entre eles, assaltos diários às residências, estabelecimentos comerciais e maus elementos têm tirado a tranquilidade dos moradores, cuja repercussão negativa reflete num cenário de insegurança.
As grandes apreensões de drogas pela delegacia especializada colocam o Amapá na rota do tráfico; é o crime organizado se instalando em nosso Estado. O dinheiro arrecadado com os delitos servirá para a manutenção e ampliação da distribuição de entorpecentes na região, tanto pela facilidade das entradas ribeirinhas e o Amapá ser fronteira com outro país.
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Apreensão de drogas |
Segurança Pública e População
Nos últimos anos, a Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes da Polícia Civil do Amapá (DTE) realizou uma série de apreensões de drogas, resultando em mais de 300 kg de crack, maconha, cocaína, óxi, entre outras substâncias comercializadas só em Macapá, no período de 2010 à 2012. Além disso, uma das tentativas de combater a violência nos bairros foi a implantação das Unidades de Policiamento Comunitário (UPC) em locais de grande índice de periculosidade; de acordo com informações da Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Justiça e Segurança Pública (Sejusp), já foram implantadas três UPC's: uma no bairro das Malvinas, no município de Laranjal do Jari, uma na Baixada do Ambrósio, em Santana, e outra no bairro Novo Horizonte, em Macapá. As UPC's, assim como as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), implantadas nos morros do Estado do Rio de Janeiro, já mostraram resultados; reduziram, em média, 80% da violência urbana, nestes locais e no entorno. Foram lançadas as obras de construção de mais duas UPC's, que se localizarão no Igarapé da Fortaleza e no bairro do Araxá.
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Os assaltos com reféns também ficaram mais frequentes, como o caso de dois assaltantes que fizeram dez reféns em uma loja de informática no Centro de Macapá |
Ainda assim, a sensação de insegurança é sentida pelos amapaenses, e muitos ficam atentos também com outra situação: a segurança com as casas noturnas e festas. "As pessoas ficam bêbadas, acabam brigando e dirigindo. A gente observa também pessoas estranhas que circulam nas ruas entregando 'mercadorias'. Os bares são pontos em potencial de distribuição de droga", informou um morador que preferiu não se identificar.
A moradora Liege Alvarez, que estava em um ponto comercial ao lado do local do crime da diarista, afirmou que a união da comunidade é importante no combate à violência, para exigir providências efetivas das autoridades. "O nosso bairro, que sempre foi um local tranquilo, calmo e pacífico de se viver, hoje, nota-se que a criminalidade e a marginalidade adentram no nosso espaço como rastro de pólvora, tirando o sossego de todos os moradores".
Os casos estão se tornando cada vez mais cotidianos, e, por isso, têm muitos que amapaenses que já não se assustam mais com o movimento violento que hoje existe em nosso Estado; em que não há seleção de vítimas, atingindo todas as faixas etárias, etnias, classe social e sexo; mesmo assim, as mulheres têm sofrido muito e tornam-se alvo fácil, como é o caso do crime da diarista, em que o ex-marido é o possível assassino.
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