sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Macapá - 255 anos - Confraria Tucuju: Resistindo e defendendo a Cultura de Macapá

Os grupos culturais da cidade se reúnem para festejar Macapá

Tudo começou com um ato de resistência à intromissão do desconhecimento na Cultura Macapaense. Há 17 anos, Mestre Pavão, um dos mais populares festeiros do Marabaixo, foi ameaçado de prisão por uma autoridade federal incomodada com os fogos e o barulho dos tambores. Apesar da ordem, o delegado Aurino Borges, amapaense conhecedor da cultura da terra, se recusou a efetuar a prisão. O ato de insurgência mobilizou a sociedade e inspirou a fundação da Confraria Tucuju.

Fundada no dia 8 de junho de 1996, a Confraria Tucuju saiu da calçada do Pastelito, ao lado da residência do Sr. Duca Serra, onde nasceu, para ocupar uma sala cedida pela Diocese de Macapá no antigo prédio da Escola Paroquial São José. A parceria com a Igreja Católica tem assegurado que a entidade promova com seus projetos a revitalização do Largo dos Inocentes, logradouro localizado no centro histórico da cidade de Macapá, onde surgiu a vila que deu origem à capital do estado.

Para a atual presidente da Confraria Tucuju, Telma Duarte, a entidade surgiu como uma irmandade para defender a nossa história, o nosso folclore, é uma historia muito bonita porque é uma resistência a esse ciclo migratório, do Estado. “Nossa cultura estava sendo esquecida. No último Censo do IBGE, foi demonstrado que  apenas 40% da população é  amapaense. Não temos nada contra as pessoas que aqui chegam, mas temos que dizer a eles de onde viemos, da nossa história”, explica.

Ela ressalta que a Confraria vai completar 17 anos, e em 2008 passou a ser Casa de Cultura, com o slogan “Preservando o Folclore, Incentivando a Arte e fazendo História”. “Esse é o nosso papel, é isso que fazemos, temos projetos contemporâneos executados através de convênios  com  o Estado, empresas, bancos, como: Itaú, Caixa Econômica, o então ministro da cultura, Gilberto Gil deixou muito dinheiro. Se você souber trabalhar com o ministério da cultura, todos terão acesso a esses recursos, aprendemos a trabalhar com isso”.
Almoço para os pioneiros é um dos programas do
aniversário de Macapá oferecido pela Confraria

Festa de aniversário
Já nos primeiros anos de existência, a Confraria Tucuju mostrou a que veio. Resgatou a data de aniversário da cidade de Macapá, 4 de fevereiro, e assumiu a tarefa de organizar a festa. Sem apoio do poder público, mas com a colaboração de sócios e simpatizantes da causa, a primeira festa foi realizada ainda em frente ao Pastelito, na av. Gal. Gurjão, com direito a bolo gigante do tamanho de um quarteirão e a participação popular, marca registrada do evento.
A festa de aniversário cresceu, ganhou apoio do poder público e passou a contar com um roteiro que inclui missa, solenidade cívica, encontro de bandeiras do Marabaixo em frente à Matriz de São José, corte do bolo, almoço para as famílias pioneiras da cidade e show com artistas regionais. Uma celebração que ocupa o centro histórico durante um dia inteiro e mobiliza centenas de pessoas na sua organização. “Essa festa já faz parte do calendário cultural da cidade, mas ainda precisa ser compreendida como tal definitivamente pelo poder público. Assim não precisaremos anualmente peregrinar pelos gabinetes em busca de apoio”, registra Telma.

Presidente da Confraria Tucuju,
Telma Duarte
Macapá de 255 anos era uma data cívica, hoje é uma data cultural, são diferentes, é o interesse publico, é a manifestação pela  festa  da cidade de Macapá. 

A presidente Telma narra que esse ano vão ter 50m de bolo e a descentralização da festa. “Este ano temos um diferencial: é  a 1ª vez que vamos ter a parceria do governo e prefeitura, geralmente um está brigando com o outro. A confecção do bolo é feito pela empresária Alice Caxias, durante todos esses anos dos festejos é um presente dela para Macapá”, pontua.

Estes 255 anos de Macapá será o aniversário da união, da juventude, é o momento de se dar as mãos e crescer, e assim vamos longe. “Esse ano de esperança estamos 10 anos atrasados perante os Estados novos; já fomos muito saqueados, vamos cuidar da nossa cidade que está feia, precisa ser arborizada, limpa, precisa de amor. Cuidar das nossas calçadas, temos que começar a sermos educados. Ou seja, só se cresce com educação”, diz, esperançosa.

Sem politicagem
Telma Duarte explica que a Confraria é apartidária. “Quando se aumentou o bolo pra 50 metros em 2012, tivemos a ideia de chamar os representantes de bairro para receber um pedaço cada; e por um problema  político da época, a federação dos bairros não nos passou contato de ninguém e, então, resolvemos agraciar uma família tradicional de cada bairro. Fomos atrás, trouxemos  a viúva  do Sacaca do Laguinho, e outras famílias, passamos este bolo para todas essas pessoas que dividiram com toda a vizinhança. O bolo que sobra, eu saio distribuindo para as pessoas nos órgãos públicos, porque tudo é feito com verba pública, então tem que ser devolvido à eles”.


Macapá 255 anos
O olhar da Confraria para Macapá de 255 anos é um olhar de quem esta crescendo, essa menina tá ficando mocinha, a Confraria está pensando no futuro da Cidade, olhando para o  futuro, “mas não podemos caminhar sem olhar pro passado”. A entidade em todos os projetos a ser executado primeiro é consulta o passado, respeitando-se o passado e a esperança no futuro faz com que a Confraria se encaixa na edificação da cidade de Macapá.

O pano de fundo é a busca da identidade do povo macapaense e  amapaense, é essa a nossa politica cultural, somos um Estado jovem, a nossa cultura estava se misturando com as outras .Temos de saber qual é o nosso cheiro, nossa sabor ,nossa musica, nossa bebida e chegamos a conclusão que nosso cheiro é de Açucena, o nosso tambor é  o Marabaixo, nossa  bebida é a gengibirra, nosso  prato típico é o camarão no bafo, são coisas amapaense. “É essa busca da identidade que está nos projetos, ladrão do Marabaixo, Sarau do Largo dos Inocentes, Musica Instrumental, e todos os nossos projetos culturais”. 

A presidente Telma narra que esse ano vão ter 50m de bolo
e a descentralização da festa para os bairros
Isso tudo porque somos Tucuju, porque temos o endereço mais exótico do mundo, na esquina do Rio Amazonas com a Linha do Equador, “nos somos um diferencial pro mundo, o nosso endereço é o mais lindo e temos quer gritar isso, desenvolver nossa cultura pra chamar atenção do mundo. Pará, Manaus e Amapá, a cultura parece ser a mesma, mas são muito diferenciados, os traços Cunani e Maraca são diferentes do Marajoara. Nossos mito e lendas temos que desenvolver isso pras gente crescer  e gritar somos amapaenses, somos amazônidas”, finaliza Telma Duarte

Outras ações
A Confraria passou a perceber que para  caminhar com os seus projetos culturais, tínhamos que agregar os jovens, trabalhar com o futuro de 60 a 70 anos, Os projetos como: “Fest Vídeo Tucujus”, que é um projeto de alunos da escola da rede estadual , municipal e particular, ao participantes  fazem oficina de roteiro e produção, “temos que ter o ensinamento o que é roteirizar um documentário, temos verdadeiras perolas, queríamos saber  qual é o olhar pra sua cidade, qual é o olhar do jovem, eles mostraram o lado ruim da cidade como buracos , mas também o lado bom , os pontos turísticos da cidade. E o olhar foi de comtemplar o que esta bonito e criticar o que esta feio”. 

Integrada à política nacional de cultura, a Confraria faz parte do programa Mais Cultura, do MINC, agregando o Ponto de Cultura Largo dos Inocentes. Através do Ponto, a Confraria pode realizar saraus  e contribuir com a tradicional festa de São José, o padroeiro da cidade e do estado.

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