Fundada em 4 de fevereiro de 1758, por ordem do então governador do Estado do Grão-Pará e Maranhão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, a nossa querida Macapá completa 255 anos de existência. Muitos não sabem, mas nossa cidade já nasceu com a marca da resistência, da luta e da perseverança. Nossos antepassados lutaram e nunca desistiram da nossa terra. Além da terra exuberante em beleza, deixaram-nos como legado o exemplo da perseverança e da luta por seus ideais.
E nós, em pleno Século XXI, qual o legado que queremos deixar para as gerações futuras? Qual o melhor presente que poderíamos dar para nossa cidade?
Tenho um amigo que mora em Macapá e há seis anos não visitava sua cidade natal. Recentemente, voltou de lá impressionado com o grande desenvolvimento vivenciado por sua cidade nos últimos seis anos. Comparando com a nossa cidade, afirmou sem medo de errar que evoluímos quase nada nesse mesmo período. Ele está certo!
Fiquei refletindo sobre esse fato e concluí que a principal causa da nossa cidade - e do Estado do Amapá - não sair do lugar é a velha e ultrapassada política que se pratica por aqui: a política do coronelismo, do narcisismo, do egoísmo, da bajulação fácil, do "manda quem pode e obedece quem tem juízo", da ambição do poder pelo poder.
Trata-se de uma política rasteira em que a palavra dada e a honra não valem nada e onde a transparência só alcança o que interessa aos donos do poder. É a política do mais esperto, do desrespeito ao ser humano, do maniqueísmo entre o bem o mal, entre a direita e a esquerda - mas que na verdade esconde nos bastidores condutas inconfessáveis. O uso privado do setor público por grupos próximos do poder é a regra, mesmo que isso signifique pessoas morrendo nos hospitais e postos de saúde, ou que nossas crianças não tenham sequer uma escola para ir, ou que nossas ruas sejam o simbolo do atraso.
Sem dúvida, o melhor presente que poderíamos dar para nossa cidade seria construirmos uma nova política em que as pessoas sejam valorizadas na plenitude da sua humanidade, que estejam acima dos rótulos e das bandeiras, pois as ideologias e as convicções partidárias não são um fim em si mesmo. Só têm sentido e validade se for para verdadeiramente melhorarem a qualidade de vida das pessoas.
Precisamos de uma nova política centrada na cooperação, no respeito às diferenças, na gestão de conflitos pela via do diálogo e na negociação e construção de consensos cujo norte sejam as ideias e projetos que dão sentido à nossa cidade e ao nosso Estado. Só assim conseguiremos estabelecer as parcerias necessárias à construção da cidade dos nossos sonhos.
Essa nova política precisa fortalecer os mecanismos de gestão democrática da cidade e o desenvolvimento da cidadania, sob pena do seu fracasso. Os cidadãos, empresas e instituições devem se apropriar desse processo e construir, a partir do presente, o futuro da nossa cidade. Para isso, a transparência e a participação popular devem ser uma cultura da nossa cidade - e do Estado - e não apenas uma obrigação legal.
Só com essa nova política é que conseguiremos inspirar novas gerações de líderes que lideram para a coletividade, que sabem articular uma visão de cidade e de Estado fundamentada em ideias e projetos. Para os quais a palavra dada, a honra e os princípios são tão importantes quanto a sua própria vida.
Seguindo o exemplo de nossos antepassados, devemos lutar por nossos ideais e construirmos a história da nossa cidade, do nosso Estado, do país e do planeta. Vamos dar o melhor presente para nossa cidade: uma nova política que viabilize o seu desenvolvimento econômico, social, cultural e ambiental. Feliz aniversário Macapá!
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