O grande desafio de
uma mulher amapaense no Congresso Nacional, no meu caso, como deputada federal,
é tornar conhecidas e compreensíveis nossa realidade, para tornar o Amapá
presente no cenário político nacional de forma que sejam atendidas as
necessidades e os direitos da nossa população, inclusive com o recorte de
gênero, sem o que não reverteríamos boa parte das injustiças sociais.
A maioria dos
congressistas é da região Sul e Sudeste, ou tem uma formação fortemente marcada
por essas regiões, o que torna mais desafiador e gratificante debater temas que
são só nossos.
Conseguimos
destacar o Amapá positivamente em todo o país, como com a renúncia ao 14º e 15º
salários que deixei de receber desde o ano passado e que só agora a Câmara
extinguiu. Acredito que essa atitude valoriza os amapaenses, muitas vezes tão
maltratados, engrandece política e eticamente nosso estado, a bancada socialista
e a de mulheres no Congresso Nacional.
Outro tema que era
desconhecido do país são os acidentes ribeirinhos com escalpelamentos, que já
vitimaram centenas de mulheres na Amazônia. Considero uma enorme vitória
colocá-lo no debate nacional junto com a modernização da navegação fluvial
ribeirinha. As mulheres vítimas de escalpelamento passaram a ser vistas pela
sociedade e pelo poder público com a aprovação da lei que fiz para obrigar a
cobertura dos volantes e eixos dos barcos. Isso ajuda a evitar os acidentes.
Elas passaram a ser vistas e respeitadas, tanto que mulheres camponesas de todo
o Brasil e da América Latina, num enorme gesto de solidariedade, doaram seus
cabelos para a confecção de perucas. E conseguimos ir mais longe: temos o
compromisso do governador Camilo para fazer os mutirões das cirurgias
reparadoras que atendeu, até agora, 64 mulheres, junto com a Sociedade
Brasileira de Cirurgias Plásticas. Nenhum outro estado faz um trabalho tão
grande e tão completo. Esse viés de gênero está presente em outras ações do
governador Camilo, como o resgate das parteiras tradicionais do Amapá, que é
uma bandeira histórica minha e que levei ao Congresso Nacional, nas ações para
as mulheres na agricultura familiar e na capacitação profissional para
ingressaram no mercado de trabalho, como foi a turma de 97 mulheres que se
formou como técnicas da construção civil.
Buscamos recursos
para implantar creches nos municípios do Amapá, por que as considero um
direito das crianças e um incentivo à autonomia econômica das mulheres.
Pessoalmente destinei R$ 5 milhões e 400 mil para creches no Amapá: 90% dos
investimentos para esse fim nos últimos 10 anos. Para dar certo, é preciso
também o esforço dos prefeitos, por que ainda temos 20 vezes menos crianças nas
creches do que no restante do país.
Com 74% da área do
Amapá ocupada por terras indígenas e unidades de conservação, nos preocupamos e
buscamos desenvolver nosso estado com o viés da sustentabilidade, um conceito
moderno e adotado em todo o mundo, do qual o Amapá foi pioneiro e nos permite
levar experiências concretas ao Congresso Nacional.
E ainda levamos
para o debate nacional a pauta dos indígenas e das parteiras, sem descuidar dos
temas nacionais, como é o combate ao tráfico de pessoas, que também afeta o
Amapá e que trabalhamos, na CPI do Tráfico de Pessoas, para combatê-lo e
erradicá-lo, desde antes que aparecesse na novela.
Enfim, temos que
tornar o Amapá conhecido no Congresso Nacional e no país como realmente somos,
com uma riqueza ambiental, cultural e humana imensas, diferentes do restante do
país, mas parte imprescindível dele, sem o que o Brasil não seria o Brasil.
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