quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O papel da mulher amapaense na politica nacional

Deputada Janete Capiberibe


O grande desafio de uma mulher amapaense no Congresso Nacional, no meu caso, como deputada federal, é tornar conhecidas e compreensíveis nossa realidade, para tornar o Amapá presente no cenário político nacional de forma que sejam atendidas as necessidades e os direitos da nossa população, inclusive com o recorte de gênero, sem o que não reverteríamos boa parte das injustiças sociais.
A maioria dos congressistas é da região Sul e Sudeste, ou tem uma formação fortemente marcada por essas regiões, o que torna mais desafiador e gratificante debater temas que são só nossos.

Conseguimos destacar o Amapá positivamente em todo o país, como com a renúncia ao 14º e 15º salários que deixei de receber desde o ano passado e que só agora a Câmara extinguiu. Acredito que essa atitude valoriza os amapaenses, muitas vezes tão maltratados, engrandece política e eticamente nosso estado, a bancada socialista e a de mulheres no Congresso Nacional.

Outro tema que era desconhecido do país são os acidentes ribeirinhos com escalpelamentos, que já vitimaram centenas de mulheres na Amazônia. Considero uma enorme vitória colocá-lo no debate nacional junto com a modernização da navegação fluvial ribeirinha. As mulheres vítimas de escalpelamento passaram a ser vistas pela sociedade e pelo poder público com a aprovação da lei que fiz para obrigar a cobertura dos volantes e eixos dos barcos. Isso ajuda a evitar os acidentes. 

Elas passaram a ser vistas e respeitadas, tanto que mulheres camponesas de todo o Brasil e da América Latina, num enorme gesto de solidariedade, doaram seus cabelos para a confecção de perucas. E conseguimos ir mais longe: temos o compromisso do governador Camilo para fazer os mutirões das cirurgias reparadoras que atendeu, até agora, 64 mulheres, junto com a Sociedade Brasileira de Cirurgias Plásticas. Nenhum outro estado faz um trabalho tão grande e tão completo. Esse viés de gênero está presente em outras ações do governador Camilo, como o resgate das parteiras tradicionais do Amapá, que é uma bandeira histórica minha e que levei ao Congresso Nacional, nas ações para as mulheres na agricultura familiar e na capacitação profissional para ingressaram no mercado de trabalho, como foi a turma de 97 mulheres que se formou como técnicas da construção civil.

Buscamos recursos para implantar creches nos municípios do Amapá, por que as considero um direito das crianças e um incentivo à autonomia econômica das mulheres. Pessoalmente destinei R$ 5 milhões e 400 mil para creches no Amapá: 90% dos investimentos para esse fim nos últimos 10 anos. Para dar certo, é preciso também o esforço dos prefeitos, por que ainda temos 20 vezes menos crianças nas creches do que no restante do país.

Com 74% da área do Amapá ocupada por terras indígenas e unidades de conservação, nos preocupamos e buscamos desenvolver nosso estado com o viés da sustentabilidade, um conceito moderno e adotado em todo o mundo, do qual o Amapá foi pioneiro e nos permite levar experiências concretas ao Congresso Nacional.

E ainda levamos para o debate nacional a pauta dos indígenas e das parteiras, sem descuidar dos temas nacionais, como é o combate ao tráfico de pessoas, que também afeta o Amapá e que trabalhamos, na CPI do Tráfico de Pessoas, para combatê-lo e erradicá-lo, desde antes que aparecesse na novela.

Enfim, temos que tornar o Amapá conhecido no Congresso Nacional e no país como realmente somos, com uma riqueza ambiental, cultural e humana imensas, diferentes do restante do país, mas parte imprescindível dele, sem o que o Brasil não seria o Brasil.

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