sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Pioneirismo - Cilas França

"Aos meus ex-alunos tenho um carinho especial por  hoje estarem formados em varias profissões (engenheiros, médicos, advogados, tudo que é serviço) quando eles encontram comigo é aquele abraço e aquele carinho"

por Iranilde Lobato


Um legado para filhos e netos...
Aos dez anos de idade Cila França Trindade chegou a Macapá, para uma vida de emoções, de educadora a presidente de escola de samba e mãe de dez filhos é uma mulher realizada. A pioneira que chegou aqui no inicia do Extinto Território Federal do Amapá, vinda de Belém com os pais, filha de Maria Rodrigues França e Benedito Pereira França, com 73 anos conta sua história. Meu irmão trabalhava pilotando uma lancha do Município de Afuá, e nos visitava com frequência, meu pai vinha sempre ver uma irmã de criação que morava num terreno perto do Anajás, e tinham outros familiares aqui. Esse irmão convenceu meu pai a se mudar, aqui poderíamos estudar, ele ficou animado e ai ele trouxe definitivamente toda a família. Fomos morar no Bairro do Trem, numa casa atrás da Escola Hildemar Maia.

Um currículo de vida e experiências 
Em Belém, estudou bem pouco. Ao chegar em Macapá estava apenas alfabetizada. Seus pais foram logo procurar uma escola, e  na Escola Alexandre Vaz Tavares, iniciou seus estudos , cursando o Ensino Primário (hoje Ensino Fundamental). Porém retornou à Belém, pois ainda tinha um irmão que ali residia. Ficou por dois anos e retornou pra continuar os estudos agora no Colégio Comercial do Amapá (CCA) hoje Escola Gabriel Almeida Café. Parou os estudos no Ginasial ao que equivaliam seus estudos na 6ª serie. Precisava trabalhar e conseguiu seu primeiro emprego no comercio. 

  Ficando empregada por dois anos com vendas, saiu para casar. E a pedido de seu marido voltou a estudar. Completando o ginasial,  passou a estudar a Escola Normal era o caminho pra sua profissão como educadora. Aos 28 anos foi pra faculdade, comenta Cila "A UNIFAP estava sendo criada, fiz o curso de Artes Industriais no Núcleo de Educação da Universidade Federal do Pará, em Macapá, o embrião da nossa Universidade". 

Submeteu-se então ao concurso publico no governo, sendo aprovada e designada a trabalhar na Ilha de Santana, sua 1ª escola, "Fazia o trecho Macapá/ Santana todos os dias e, além disso, tinha que pegar um barco e atravessar pra chegar à Ilha. Essas idas e vindas para o local de trabalho não deixava de ser uma aventura e muita força de vontade, foram quatro anos de idas e vindas", lembra a professora Cila`` na época assinar contrato como professora tinha que ser para trabalhar no interior. Tinha que pegar experiência, depois vinha pra Capital``. 

Uma de suas maiores dificuldades foi de trabalhar nas séries inicias de 1ª a 4ªserie: ``era muito desgastante, eram duas turmas, uma pela manhã e outra pela tarde, eu não me sentia bem como professora desse ensino, ai fui fazendo cursos e começai a lecionar Educação para o Lar, que esta dentro da área de artes e ai, eu me encontrei como professora". Especializada em outra área já pode trabalhar com 5ª e 8ª serie: "fui designada para a Escola Sebastiana Lenir , onde atuei por quinze anos e assumi a gestão da instituição por dois anos", narra Cila França.

De professora a carnavalesca 
E assim sua vida profissional foi se desenhando assumindo cargos entre uma escola e outra, por fim volta ao seu educandário do coração, Sebastiana lenir. Filha de musico fundou a Banda Marcial da escola, e um de seus prazeres foi ter deixado essa banda de música campeã. Durante vinte e cinco anos tem o sentimento que sua missão foi cumprida e sente muito orgulho disso. Em 1989 se aposentou como educadora. "Aos meus ex- alunos tenho um carinho especial por velos hoje formados em varias profissões (engenheiros, médicos, advogados, tudo que é serviço) quando eles encontram comigo é aquele abraço aquele carinho".

 Não esquecendo sua vida no comércio abriu uma lojinha de aluguel de roupas de festas para noivas e aniversários de quinze anos. Que tem ate hoje.

Familia
Ano passado completou bodas de ouro, (50 anos de casamento), com o senhor Marinho Trindade, tiveram dez filhos, criou oito, quatro homens e quatro mulheres e sua maior satisfação na vida e ver seus filhos criados, formados e casados, as filhas seguiram a carreira da mãe seus filhos são da policia militar, uma mulher católica que agradece a Deus todos os dias tudo que tem na vida, família, amigos e a comunidade que trabalha, Dona Cila diz: ``A minha família é um prazer só, hoje é eu e o meu marido, mas não ficamos sós, sempre no café da manhã tem dois filhos, três no almoço, netos no domingo então se reúnem todos aqui e fazem a festa deles, a feijoada e o churrasco. Ver os meus filhos juntos e unidos é o maior prazer da minha vida".

De professora a carnavalesca a pessoa certa
50 anos de casamento
A história de Cila no carnaval começou com uma visita despretensiosa que veio acompanhado de seu sobrinho França, este senhor era o Carnavalesco  Filomeno Araújo, se reuniram no pátio de sua casa, apesar deu não ter despertado ainda pro carnaval - Cila brincou com o carnavalesco dizendo: "eu acho que você veio com a pessoa errada, eu não gosto de carnaval" ele bateu no meu ombro dela e disse: Professora  o dia que a senhora entrar numa escola de samba, não sai nunca mais, responde: Será?

Neste mesmo dia a Escola Unidos do Buritizal foi fundada, pronta pra registrar em cartório. O carnaval era na Avenida FAB. Alguns meses depois ela assumiu a presidência da escola por quatro anos. Em 1996 foi homenageada. Cila fala que:  "como presidente é muito trabalhoso, tomar conta de uma escola que representa a comunidade não é fácil não, aqui é trabalho mesmo. Mas a gente esquece todas as dificuldades na hora em que escola entra na avenida. E a cada ano que passa, a cada carnaval a emoção é a mesma", finaliza Cila França. 


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