Thais Pucci
Da Reportagem
Em todo Brasil, são 23 concursos públicos com inscrições
abertas só no mês de março. Os processos seletivos pretendem preencher, e
formar o cadastro reserva, de 6.849 vagas. Ao longo de 2013, serão 120 mil
novas vagas, o dobro do que foi oferecido há 5 anos atrás. No total, 12 milhões
de candidatos estarão em busca de salários que podem chegar a R$ 24 mil por
mês.
Os concursos mais disputados entre os candidatos são os da
Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Tribunal Regional do Trabalho,
Polícia Militar, Polícia Civil, Tribunal de Justiça, Ministérios e Receita
Federal, este último oferecerá este ano 1.050 vagas com salários de até R$14
mil.
Os gastos para ser um concurseiro são altos. Muitos largam
oportunidades de trabalho para se dedicar exclusivamente a essa meta.
Mensalidade do cursinho, livros, apostilas, e-books e cópias de outros
materiais de apoio são os responsáveis pelo endividamento na esperança do
resultado positivo.
Além de dinheiro, alguns passam bastante tempo investindo no sonho
de ser um funcionário público. São muitos anos dedicados aos estudos e leituras,
frequências às salas de aula de cursos específicos para cada um deles e
renúncias na vida pessoal para ser aprovado e enfim conseguir a tão desejada
estabilidade profissional e financeira.
Para
o Amapá, é esperada a realização de diversos concursos até o final do ano. Os
níveis vão variar de profissionais a cargos que exigirão somente o ensino fundamental. Exemplo disso é o concurso
para o Conselho Regional de Contabilidade do Amapá, que oferece 38 vagas em
cargos de nível fundamental (para serviços gerais), médio (para assistente
administrativo) e superior (para contador fiscal). Os salários variam de R$ 678
a R$ 1.350, com vale alimentação de R$ 246, vale-transporte e plano de saúde,
custeado em 70% do valor, para os profissionais. As inscrições encerraram nesta quinta-feira (21), e
a prova objetiva será
aplicada um mês depois, no dia 21 de abril, em Macapá.
A concorrência é grande assim como as dificuldades enfrentadas
pelos concurseiros nas diversas etapas da seleção. Além do bom senso e controle emocional para a
realização das provas, os candidatos precisam ter muita paciência e entregar a
documentação correta, no momento exato que foi solicitado através do edital do
concurso.
![]() |
Desembargador Presidente do TJAP, Luis Carlos |
No estado, só esta semana, de 10 processos
julgados pela justiça amapaense, 7 eram relativos aos concursos públicos. Retificação de
edital, erros no gabarito, falta de diploma e nomes aprovados fora da relação
divulgada são alguns dos casos mais comuns. São aproximadamente 60% dos
processos mensais do TJAP. Nos primeiros 3 meses desse ano, o número de
processos sobre concursos públicos julgados já atingiu a marca de 1/3 do total
dos processos, sobre o mesmo assunto, do ano passado todo.
O
recordista de mandatos de segurança em aberto, atualmente, é o concurso da
Polícia Militar. Para a PM muitos candidatos, ao realizar a prova, ainda não
tem o diploma de escolaridade exigido, que deve ser entregue no dia da
matrícula do curso de formação, segundo o edital específico. Grande parte das
solicitações julgadas são de candidatos que gostariam de entregar o diploma
apenas no dia da posse. Porém, a jurisprudencia firmada pelo TJAP garante que o
mesmo deve ser entregue junto à matricula do curso, como requerido no edital.
Outro
caso comum na PM é no que diz respeito à promoção de policiais, e as regras de
tempo de serviço. Algumas vezes um policial passa na frente de outro da
corporação, e estes casos também são diversas vezes julgados, não só na policia
federal como na estadual. “A Legislação Federal é uma e a Estadual é outra, e
por vezes, há um choque entre elas” explicou o presidente do TJAP e
desembargador, Luis Carlos Gomes dos Santos.
O
que tem deixado a justiça mais lenta é que quase todos os processos, por se
tratarem de reclamações muito parecidas, tem o parecer repetitivo, mas de
qualquer maneira tem que ser julgados individualmente. Isso tem atrasados
processos de outra relevância, e sobrecarregado o TJAP, que tem expedido muitos
mandatos de segurança. Não só existe uma enorme perda de tempo como de dinheiro
para que todos tenham o julgamento finalizado.
“Qualquer
cidadão que entenda que seu direito está sendo ferido, deve recorrer ao
judiciário, que é obrigado por lei a socorre-lo. Embora haja muitos processos,
e algumas vezes um atravancamento, vejo com normalidade as solicitações e temos
feito o nosso melhor para solucioná-las de forma rápida e eficiente. Assim a
maioria das pessoas alcança seu direito, e isso é um sinal de que a justiça
funciona” comentou Luis Carlos.
Outra
reclamação dos concurseiros é quanto a sua convocação depois de aprovado. Após
confirmar que o mesmo passou no concurso, e sua classificação está dentro do número
de vagas oferecidas, o candidato fica ansioso para ser chamado, e acaba muitas
vezes entrando com um processo e depois um período de espera. Porém, as
instituições tem o prazo máximo de convocação dos candidatos que atingiram a
pontuação necessária dentro do número de vagas estipulado no edital. Este prazo
varia de acordo com o concurso, se a vaga é imediata ou para reserva, e pode
ser usado de forma completa, ou seja, se no edital está especificado que o
prazo de convocação é de 2 anos, este candidato pode ter que esperar até 2 anos
para ser convocado.
O
judiciário do estado tem sido ágil em suas decisões, e leva entre 1 ou 2 meses
para solucionar estas questões. Quando a situação é duvidosa, a vaga do
candidato fica garantida, ou seja, o TJAP solicita que a vaga fique reservada
até a conclusão do processo. Se o candidato tiver razão e este for julgado de
forma positiva e a seu favor, a vaga será ocupada por ele. Porém, se isto nao
acontecer, a vaga será preenchida pelo candidato subsequente, a quem de
direito.
“O
Estado é muito grande e é dificil determinar diretrizes ao Executivo. As pessoas
que participam de concursos são pessoas que sabem dos seus direitos, altamente
qualificadas. Mas esse problema vem ficando cada vez mais fácil de ser
resolvido, pois a justiça tem tentado orientar o governo na melhor forma de
transcrever o edital, afim de tentar evitar futuros problemas e diminuir a
carga de mandatos de segurança sobre o assunto” completou Luis Carlos.
Muitos
não estão preocupados com todas as dificuldades que irão enfrentar, o
importante é se tornar um funcionário público. E pensa que a jornada acaba por
ai? Algumas vezes, mesmo concursado
e empregado, o candidato não para de estudar e tentar outras oportunidades
ainda melhores do que já conseguiu.
“Servidor
público não é contratado, mas sim, nomeado. Os processos são seletivos e não de
contratação, como muitos dizem. Depois de aprovado no concurso público, o
candidato ainda é nomeado, empossado, e depois de 30 dias entra em exercício. A
caminhada é longa, e deve ser respeitada”, finalizou o presidente do TJAP.
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