Exemplo de
alegria e superação
Thais Pucci
Da Reportagem
Nascida em
Santana, Biluda, como é carinhosamente chamada pelos íntimos, diz que foi
escolhida pelo esporte. Márcia tem apenas 17 anos e teve a visão prejudicada ao
nadar em uma piscina com excesso de cloro, quando tinha apenas 13. Aos poucos
ela foi perdendo a visão, mas esse problema não tirou de seu rosto o sorriso e
a alegria de viver apesar de todas as dificuldades que enfrenta no seu
dia-a-dia.
A jovem
medalhista contou que faz parte da Associação de Cegos e
Amblíopes do Amapá (Acaap) e foi através de um convite deles que começou a
treinar atletismo no ano passado. Apesar de nunca ter participado de nenhum
esporte antes, ela resolveu arriscar, e hoje, sua modalidade preferida é o
arremesso de peso. “Não sei bem porque gosto mais desse, mas acho que é o que
eu tenho mais facilidade” disse ela.
Os treinos
acontecem em um centro de treinamento improvisado, na Expofeira, de segunda a
sábado de 16 às 18 horas. Além disso, ela ainda estuda na parte da manhã e da
noite, cursando o primeiro e segundo anos do ensino médio. “Fiquei 3 anos sem
estudar, e agora essa é minha rotina. Treino aqui na Fazendinha, o espaço é bom
para correr, mas falta estrutura para as outras modalidades”, conta Márcia.
A atleta
amapaense já mostrou seu potencial disputando 2 campeonatos: Em outubro de
2012, quando participou das paraolimpíadas escolares em São Paulo, onde ganhou
2 medalhas de prata, no arremesso de peso e salto em distancia. E no último
final de semana, quando ganhou pela primeira vez medalha de ouro, ao participar
da competição Regional Norte – Nordeste de Atletismo, Natação e Halterofilismo,
que aconteceu em Manaus (AM). Os jogos reúnem esportistas que são deficientes
visuais e lá, Márcia
garantiu o 1º lugar no podium para o estado, sendo a única representante do
Amapá, que esteve presente com a
menor das delegações. Apesar disso, Márcia trouxe para a casa duas
medalhas de ouro, no arremesso de peso e lançamento de disco e uma de prata, na
corrida de 100m rasos. “Tenho muita vontade de ir para as Paralimpíadas de 2016
e vou treinar para isso” falou a atleta.
Sua mãe é sua
grande apoiadora e desde o início incentiva a filha a treinar e competir. “Admiro
a força de vontade dela e fico muito emocionada em falar. Eu acreditei sempre
nela, desde a primeira vez, mas agora nessa última competição eu acreditei
muito mais na vontade dela de vencer. Vê-la todo dia treinando, sem dificuldade
nenhuma, sem reclamar de nada... Ela é incansável! Foi uma emoção ela ter
ganhado!” contou a mãe com a voz embargada.
“A ajuda da minha mãe e do meu treinador são
fundamentais no meu dia-a-dia. Ele me incentiva nos dias em que chego cansada e
com preguiça, e fala para que eu não desista, eles acreditam muito em mim.”.
Desde o ínicio no esporte, seu treinador é Marlon Gomes, que faz esse trabalho
voluntariamente. “Começamos o treinamento tarde, e os índices obtidos nas etapas regionais são
classificatórios para as etapas nacionais, e infelizmente Márcia não conseguiu
obter a pontuação necessária para sua participação. Agora os treinamentos são
voltados para buscar uma oportunidade de disputar as Paralimpídas de 2016, e
até lá ainda temos um bom tempo. A nossa intenção é que o Governo do Estado perceba o
talento dela e nos proporcione uma estrutura melhor para os treinos, como
material e espaço físico apropriado, e nos ajude junto aos patrocinadores para
que ela traga ainda mais orgulho para o Amapá”.
Seus planos
para o futuro são terminar os estudos, trabalhar, e comprar uma casa para sua
mãe. E quando questionada sobre a vontade de ser uma atleta profissional ela
prontamente respondeu: “Tenho vontade até demais!”.
Ela contou
ainda que seus ídolos são os sertanejos Jorge e Matheus e deixa um conselho
para os praticantes de esporte que tem um sonho como o dela, de ser uma grande
campeã: “Não desistam de seu sonho! Apesar dos obstáculos, sempre continuem
treinando e lutando por aquilo que acreditam. Vá em frente! Siga... as coisas
acontecem para aqueles que correm atrás.”
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