
Segundo um relatório
de pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), elaborado em
2010 por encomenda do Ministério do Meio Ambiente - MMA, o Brasil perde 8
bilhões de reais por ano quando deixa de reciclar o resíduo que é destinado aos
aterros e lixões das cidades brasileiras. Ou seja, são 8 bilhões de reais que
deixam de ser injetados na economia brasileira. Ainda segundo a pesquisa, esse
montante de recursos daria para manter 4 milhões de crianças nas escolas de
ensino básico no Brasil. Considerando que o Estado do Amapá tem uma
participação de 0,2% no PIB, podemos afirmar que a economia do Estado perde
todo ano 16 milhões de reais por deixar de reciclar seus resíduos sólidos. Ou
podemos afirmar ainda que estamos jogando fora recursos que seriam suficientes
para mantermos 8 mil crianças por ano nas nossas escolas do ensino básico.
Essa pesquisa do
IPEA, baseada em dados científicos, demonstra que a reciclagem pode criar
empregos e renda, além de reduzir a quantidade de resíduos (material
reciclável) que seriam dispostos no solo, em aterros sanitários; diminui o
consumo de água e energia que seriam usados na transformação das
matérias-primas, já contidas no reciclado; reduz a emissão de gases que
produzem o efeito estufa; preserva a biodiversidade e os recursos não
madeireiros; transforma o material orgânico do lixo em composto orgânico para
nutrir o solo destinado à agricultura; conscientiza a população para as
questões ambientais, dentre outros benefícios.
Com a edição da
Lei Federal nº 12.305, de 2010, que regulamentou a Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS), temos uma grande chance de unir a nossa vocação
natural para a sustentabilidade com essa política pública nacional - que
disponibiliza inclusive recursos financeiros para Estados e Municípios - e
tornar a reciclagem de resíduos sólidos uma política de Estado, na qual Governo
do Estado, Governos Municipais, empresas e cidadãos participem, cada um com o
seu papel devidamente definido em lei.
Os municípios
podem ser agrupados em 3 ou 4 regiões administrativas, com um aterro sanitário
e uma usina de reciclagem e compostagem para cada região, cuja administração
ficaria a cargo de um consórcio público - pessoa jurídica formada pelo Estado e
pelos municípios integrantes da região, na forma da Lei Federal nº 11.107/2005.
A reciclagem
amapaense deve começar pelos cidadãos e cidadãs, separando os resíduos
recicláveis em casa, jogando no lixo apenas o material orgânico. Poderia ser
estabelecido alguma espécie de incentivo à participação da população na coleta
seletiva.
Nas usinas de
reciclagem e compostagem, seriam separados os resíduos recicláveis
aproveitáveis para a indústria e para os trabalhos artesanais. O restante, que
é essencialmente orgânico, poderia ser processado para se tornar adubo orgânico
para ser utilizado nas terras dos nossos agricultores.
Paralelamente ao
fornecimento de material reciclável para reutilização na indústria e na
construção civil (aço, alumínio, cobre, celulose, plástico, vidro, entulho de
obras triturado, etc.), os consórcios públicos podem oferecer à população dos
municípios cursos e oficinas de educação e empreendedorismo ambiental, nos
quais, além da conscientização para a questão ambiental, aprenderiam fazer
diversos produtos artesanais com a reutilização do material reciclável, com a
finalidade de venderem e auferirem uma renda complementar para suas famílias.
Os próprios
municípios podem utilizar os materiais recicláveis para decorar as ruas em
ocasiões especiais, como o natal, o carnaval ou festas religiosas. Os restos da
construção civil (tijolos, concreto e argamassa triturados) servem para
pavimentar ramais na área rural e pequenas vias públicas nas cidades.
Adicionando-se cimento e areia ao entulho triturado, as prefeituras podem
produzir blocos para construção de casas populares ou prédios públicos,
meios-fios para as ruas, bancos para praças, tampa de boca de lobo e bloquetes
para piso.
Uma política
pública como esta, além de criar emprego e renda para as pessoas que mais
precisam, deixaria nossos municípios mais limpos e agradáveis para se viver e
seriam mais atrativos para os turistas. É possível e nós podemos!
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