sexta-feira, 26 de abril de 2013

Entenda por que a inflação preocupa o Brasil (Você tem medo de bicho papão?)



Os recentes sinais de crescimento acelerado da inflação, o "bicho papão" da economia brasileira, que segundo o IBGE já acumula alta de 6,59% nos últimos 12 meses, acima do teto da meta do Governo Federal, não tem afetado apenas o bolso dos brasileiros, mas tem também preocupado economistas que criticam a forma como o governo vem lidando com o aumento generalizado dos preços.
Para alguns especialistas, o  país vive atualmente o "pior dos mundos", com crescimento baixo e inflação em alta. Eles avaliam que, para eliminar os dois problemas, o Brasil precisará de um "forte ajuste". A inflação é um velho inimigo da economia brasileira. Depois de anos de hiperinflação, a taxa anual caiu de forma significativa após a adoção do Plano Real, em 1994,. Em junho daquele ano, quando a moeda foi lançada, a taxa mensal foi de 47,43%. No mês seguinte, caiu para 6,64% , posteriormente, em setembro, para 1,53%.
Hoje em dia, o Brasil trabalha com um sistema de metas de inflação anual. O centro da meta para 2013, estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional, é de 4,5%, mas o Banco Central admite, ainda dentro da meta, uma variação de dois pontos percentuais para cima e para baixo. Nos últimos 12 meses encerrados em março de 2013, segundo os dados divulgados pelo IBGE (09/04/13), a inflação oficial, medida pelo índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 6,59%, estourando o teto da meta. Foi  a primeira vez que isto ocorreu desde novembro de 2011, quando o aumento em igual período foi de 6,64%.
O aumento também torna mais distante o objetivo de manter a inflação em 2013 mais próximo da meta. Em 2010, a taxa foi de 6,5% e, no ano passado, de 5,84%. O Banco Central prevê, no entanto, que a inflação deve encerrar este ano em 5,7%. Como esta é uma previsão de um órgão ligado ao Governo, é possível que este número seja ainda maior.
Vários fatores explicam a escalada inflacionária no Brasil. De maneira geral, a origem está  no desequilíbrio entre a oferta e demanda. Segundo o governo, foi o que aconteceu com alimentos, já considerados os principais vilões para o aumento da inflação. O tomate, por exemplo, dobrou de preço nos últimos doze meses, com alta de 122,13%. No mesmo período, a farinha de mandioca registrou alta de 151,39%, segundo o IBGE.
Existe um consenso de que parte da culpa é das condições climáticas. Nos Estados Unidos, a seca elevou os preços dos grãos, ao passo que, no Brasil, a seca no Nordeste e as chuvas na Região Sul também afetaram o valor cobrado pelos alimentos no mercado doméstico. Porém, para os especialistas, o aumento dos preços é explicado pelos rumos mais recentes da economia brasileira, bem como problemas estruturais do passado. "Nos últimos anos, o mercado de trabalho passou por uma melhora importante, e a taxa de desemprego vem caindo. Paralelamente, devido ao déficit de mão de obra, os salários subiram, e esse aumento de renda também contribuiu para acelerar o consumo", explica a economista Alessandra Ribeiro, da empresa de consultoria Tendências, especialista em inflação. 
Por fim, o Banco Central diminuiu os juros incentivando a expansão do crédito e, consequentemente, o consumo das famílias, ampliando ainda mais a capacidade de demanda dos brasileiros.
Para os especialistas, os rumos mais recentes da economia brasileira vem criando um cenário de incertezas que afasta o investidor. Segundo ainda, Alessandra Ribeiro,". Há um aumento no nível de desconfiança em relação ao Brasil, tanto do ponto de vista macroeconômico quanto microeconômico. De um lado existe a sensação de que o Banco Central tem perdido autonomia sobre a condução da política monetária. De outro, há um crescente enfrentamento por parte do governo com o setor privado".
A principal aposta do governo para redução dos preços tem ocorrido por desonerações tributárias.  Recentemente, por exemplo, o governo prorrogou a alíquota reduzida do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre carros até dezembro deste ano.
Além disso, desonerou a cesta básica, a energia elétrica e a folha de pagamento de vários setores, entre outras medidas. A mais recente foi a decisão de zerar o Pis/Cofins de smartphones de até R$ 1,5 mil fabricados no Brasil. A medida, entretanto é criticada por especialistas. O governo já reduziu impostos, a equipe econômica já negociou com os Estados o adiamento dos reajustes em transportes coletivos. Já o Banco Central, diante destes cenários aumentou a taxa de juros depois de anos em queda.
Segundo os especialistas, o governo deveria estimular a concorrência, o que puxaria os preços para baixo. Para eles as margens de lucro praticadas no Brasil ainda são bem maiores do que as de outros países, como os Estados Unidos, onde o próprio mercado elimina os ineficientes.
Há um consenso, entretanto, de que o governo deveria corrigir os gargalos estruturais da economia brasileira, o chamado "Custo Brasil", o que contribuiria para aliviar a pressão sobre os preços.

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