sexta-feira, 5 de abril de 2013





Meu Deus! Que Amapá é esse?

Não me entendam mal, por favor. Não quero parecer, embora pareça, um homem descrente nas nossas futuranças, mas, o que esperar de um Estado onde o governador, os prefeitos de Serra do Navio, Pedra Branca e Santana não se posicionam com firmeza com relação ao episódio catastrófico ocorrido no Porto locado para a empresa  Anglos Ferrous?
Sinceramente vejo essa tragédia sendo tratada como se a ponte do Porto  de uso pessoal e da família da “D. Maricota” (nome fictício) tivesse caído no rio Matapi. O fato não seria notícia e as dificuldades advindas do incidente seriam restritas a personagem do texto e a seus supostos familiares. Senhores! O que desabou foi o porto que é indubitavelmente é a ligação do Amapá com o mundo, com o comércio internacional. Um Porto que exporta bilhões de dólares em minérios e commodities por ano, que possui uma posição estratégica privilegiada e que hoje é objeto de interesse dos sojeiros do Mato Grosso e de outros projetos envolvendo os modais de transporte que visam integrar a Amazônia Legal via Atlântico com a Ásia, Europa e Estados Unidos. O que é que há?
As situações acidentais que podem trazer consequências graves para a economia amapaense a curtíssimo prazo é de certa forma negligenciada. O governador Camilo Capiberibe, além das medidas ambientais punitivas, já devia ter convocado uma coletiva com a imprensa para tratar especificamente do fato, que os noticiários nacionais continuam a informar de forma equivocada as causas do incidente. “Uma onda gigante provocou a derrubada de parte do Porto de Santana, usado por uma mineradora internacional para exportar minério de ferro”. Isso foi dito pelo apresentador do Jornal Nacional, o jornal televisivo de maior audiência do país e da maior empresa de comunicação do Brasil.
Pelo amor de Deus muitas podem ter sido a causa do desabamento ou deslizamento de terra que culminou com a queda das estruturas de parte do Porto, menos “Cobra Grande” ou “onda gigante”. Vamos respeitar a inteligência do povo amapaense, das autoridades e dos técnicos em geologia e engenharia que habitam esse solo. Em qualquer estado sério esses empresários já deveriam está se explicando de forma correta. Respeitosa e assumindo as responsabilidades que o caso requer com as famílias das vítimas e com o Estado. Mas ao contrário disto eles escalam um jornalista que vai pra frente dos microfones e gravadores da imprensa local e dar explicações vazias e pior, estapafúrdias. Mais respeito cabra.
Não era para se estranhar que isso esteja ocorrendo com o caso Anglo Ferrous, pois aqui é assim mesmo. O Parque Montanhas do Tumucumaque foi criado e apenas um voz se levantou em favor do Amapá. A de um cearense de Sobral. Antônio da Justa Feijão, que encaminhou uma carta se posicionando contrário a criação do Parque, apesar de, à época, pertencer ao PSDB partido do então presidente da República, Fernando Henrique Cardozo, autor do Decreto Lei que presenteou o mundo com terras amapaenses.
Não devemos nos abismar, pois o Luis Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil e o ex-presidente francês, Nicolay Sargozy assinaram um acordo que permite aos policiais franceses atuarem na fiscalização de garimpagem ilegal em até 150km em linha reta dentro de terras brasileiras. O governador Camilo Capiberibe, foi até o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Congresso Nacional, deputado federal Nelson Pellegrino (PT/BA) se colocou a disposição do governo brasileiro para apoiar a operacionalização do acordo em terras amapaenses. A soberania Nacional e os garimpeiros brasileiros que se lasquem, serão mais uma vez alvo do ódio segregador da Polícia Francesa. Chute, bordoada e bala em nostra gente.
Diante deste quadro, o que seria então morrer seis pessoas e perder um Porto que exporta alguns bilhões de dólares por ano para um Estado que vive com as burras cheias, com uma produção no setor primário que nos coloca nos primeiros lugares no ranking de produtores de grãos e carne verde.
O que é um Porto para um Estado que tem uma de 130 mil hectares disponíveis para plantar Eucalipto, sendo uma das maiores floresta plantada do mundo e ainda recebeu isenção de ICMS. Essa concessão feita para uma empresa Japonesa que possui terra com suspeita de grilagem e usa dinheiro do BNDES para financiar esse projeto em terras amapaenses e não dá como contrapartida, por exemplo, o solo desmatado para que o Amapá plantasse grãos nessa área que passa cinco longos anos descansando para receber novo plantio. Temos é que chupar o dedo e bater palmas para nossa ignorância e por sermos incapazes de mudar essa triste realidade.

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