Meu Deus! Que Amapá é esse?
Não me entendam mal, por favor.
Não quero parecer, embora pareça, um homem descrente nas nossas futuranças, mas,
o que esperar de um Estado onde o governador, os prefeitos de Serra do Navio,
Pedra Branca e Santana não se posicionam com firmeza com relação ao episódio
catastrófico ocorrido no Porto locado para a empresa Anglos Ferrous?
Sinceramente vejo essa tragédia
sendo tratada como se a ponte do Porto de uso pessoal e da família da “D. Maricota” (nome fictício) tivesse caído no rio
Matapi. O fato não seria notícia e as dificuldades advindas do incidente seriam
restritas a personagem do texto e a seus supostos familiares. Senhores! O que
desabou foi o porto que é indubitavelmente é a ligação do Amapá com o mundo,
com o comércio internacional. Um Porto que exporta bilhões de dólares em
minérios e commodities por ano, que possui uma posição estratégica privilegiada
e que hoje é objeto de interesse dos sojeiros do Mato Grosso e de outros
projetos envolvendo os modais de transporte que visam integrar a Amazônia Legal
via Atlântico com a Ásia, Europa e Estados Unidos. O que é que há?
As situações acidentais que podem
trazer consequências graves para a economia amapaense a curtíssimo prazo é de
certa forma negligenciada. O governador Camilo Capiberibe, além das medidas
ambientais punitivas, já devia ter convocado uma coletiva com a imprensa para
tratar especificamente do fato, que os noticiários nacionais continuam a
informar de forma equivocada as causas do incidente. “Uma onda gigante provocou a
derrubada de parte do Porto de Santana, usado por uma mineradora internacional
para exportar minério de ferro”. Isso foi dito pelo apresentador do
Jornal Nacional, o jornal televisivo de maior audiência do país e da maior
empresa de comunicação do Brasil.
Pelo amor de Deus muitas podem
ter sido a causa do desabamento ou deslizamento de terra que culminou com a
queda das estruturas de parte do Porto, menos “Cobra Grande” ou “onda gigante”.
Vamos respeitar a inteligência do povo amapaense, das autoridades e dos
técnicos em geologia e engenharia que habitam esse solo. Em qualquer estado
sério esses empresários já deveriam está se explicando de forma correta.
Respeitosa e assumindo as responsabilidades que o caso requer com as famílias
das vítimas e com o Estado. Mas ao contrário disto eles escalam um jornalista
que vai pra frente dos microfones e gravadores da imprensa local e dar explicações
vazias e pior, estapafúrdias. Mais respeito cabra.
Não era para se estranhar que
isso esteja ocorrendo com o caso Anglo Ferrous, pois aqui é assim mesmo. O
Parque Montanhas do Tumucumaque foi criado e apenas um voz se levantou em favor
do Amapá. A de um cearense de Sobral. Antônio da Justa Feijão, que encaminhou
uma carta se posicionando contrário a criação do Parque, apesar de, à época,
pertencer ao PSDB partido do então presidente da República, Fernando Henrique
Cardozo, autor do Decreto Lei que presenteou o mundo com terras amapaenses.
Não devemos nos abismar, pois o Luis
Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil e o ex-presidente francês,
Nicolay Sargozy assinaram um acordo que permite aos policiais franceses atuarem
na fiscalização de garimpagem ilegal em até 150km em linha reta dentro de
terras brasileiras. O governador Camilo Capiberibe, foi até o presidente da
Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Congresso Nacional, deputado
federal Nelson Pellegrino (PT/BA) se colocou a disposição do governo brasileiro
para apoiar a operacionalização do acordo em terras amapaenses. A soberania
Nacional e os garimpeiros brasileiros que se lasquem, serão mais uma vez alvo
do ódio segregador da Polícia Francesa. Chute, bordoada e bala em nostra gente.
Diante deste quadro, o que seria
então morrer seis pessoas e perder um Porto que exporta alguns bilhões de
dólares por ano para um Estado que vive com as burras cheias, com uma produção
no setor primário que nos coloca nos primeiros lugares no ranking de produtores
de grãos e carne verde.
O que é um Porto para um Estado
que tem uma de 130 mil hectares disponíveis para plantar Eucalipto, sendo uma das
maiores floresta plantada do mundo e ainda recebeu isenção de ICMS. Essa
concessão feita para uma empresa Japonesa que possui terra com suspeita de grilagem
e usa dinheiro do BNDES para financiar esse projeto em terras amapaenses e não
dá como contrapartida, por exemplo, o solo desmatado para que o Amapá plantasse
grãos nessa área que passa cinco longos anos descansando para receber novo
plantio. Temos é que chupar o dedo e bater palmas para nossa ignorância e por
sermos incapazes de mudar essa triste realidade.
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