sexta-feira, 26 de abril de 2013

SOS Cidades em Macapá

O que é o SOS Cidades? É um programa que vem sendo desenvolvido há 11 anos em vários países da América Latina. No Brasil foi realizado em São Paulo, Porto Alegre e Manaus, Macapá foi escolhida como sede em função da localização do rio Amazonas e do conjunto temático de questões importantes como a estrutura da paisagem. Os participantes são professores e acadêmicos e técnicos de vários países. A tarefa de pensar a cidade não tem sido fácil, envolve muitos segmentos da sociedade, nos últimos vinte anos, pensar a cidade tem ficado em segundo plano, na prática os problemas cotidianos têm sido tão intensos que não tem existido espaço para conceber e idealizar o desenvolvimento planejado da cidade.
Eventos como SOS Cidades têm como objetivo mobilizar a sociedade e gestores com a discussão e elaboração de projetos que proporcionem a cidade um redimensionamento em sua estrutura urbana e regional, aproveitando o que há de melhor para ser concebido. O papel da academia também é de propor alternativas viáveis para o desenvolvimento local, fato que não se resolve da noite para o dia um conjunto de problemas que ao longo dos anos se tornaram crônicos, porém, é preciso pensar a cidade.
A cidade de Macapá tem inúmeros potenciais, mas estão "adormecidos", entre as diversas áreas visitadas e analisadas temos: a orla em toda a sua estrutura até o Porto de Santana; o Canal das Pedrinhas; Marco Zero do Equador; a paisagem das áreas de Ressaca; a conexão com a Vila Amazonas em Santana; o eixo de integração entre Santana, Macapá e Mazagão. Pensar projetos em tais áreas é redimensionar a proposta ousada e ampliar que antes haviam sido colocado por planos diretores em épocas passadas, projetos temáticos importantes como o Relógio de Sol do Marco Zero; Parque do Laguinho; Parque do Buritizal entre tantos outros. Deixou-se de projetar a arquitetura e principalmente o urbano na cidade, corre-se para atender demandas sempre crescentes como lotes de terra, habitação formal e reparos das vias públicas, perdeu-se a visão empreendedora de outrora.
A sociedade ficou desacostumada a pensar a cidade, pensar o local não é uma tarefa somente dos arquitetos e urbanistas, é algo que está presente no imaginário de cada cidadão, visualizar aquilo que há de melhor para o desenvolvimento da cidade, cria-se o sentimento de urbanidade. Na metodologia do SOS Cidades existe as visitas aos lugares com algum desenvolvimento econômico, o objeto é verificar em que condições podem ser melhoradas projetos compatíveis com a realidade do lugar, e de que forma irá proporcionar o desenvolvimento com novas demandas.
A filosofia sobre o pensar a cidade também está relacionada à visão sistêmica, não mais o caráter puramente morfológico, para isso torna-se necessário compreender o contexto local, nacional, internacional e global. No caso do estado do Amapá, Macapá exerce significativa influência sobre as demais cidades amapaenses e tem ligação próxima de Santana. Os grupos constituídos para pensar a cidade de Macapá idealizaram a ideia de entender de que forma pode ser revitalizado o ciclo das águas, rios, lagos igarapés e ressaca. Na prática, isso corrobora para atender a própria formação natural do sitio urbano da cidade de Macapá.
Nas últimas décadas o ciclo das águas foi interrompido, ou seja, a ligação entre o rio Amazonas, os igarapés e áreas de canais. Os pontos estão situados: aterramento da via sobre a ressaca na passagem pela Lagoa dos Índios; a construção da ponte Serra Arruda na zona norte com o estreitamento do Canal do Jandiá e na obstrução de parte da conexão na área do Infraero. Na discussão temática é importante salientar que os objetivos do SOS Cidades é proporcionar um exercício sobre como retomar a qualidade sobre o espaço urbano integrado a um quadro mais amplo e holístico. As ideias e as primeiras observações dos arquitetos e urbanistas presentes nas oficinas de trabalho evidenciam outras preocupações importantes como à retomada original do Trapiche Eliezer Levi; a definição do corredor cultural até a Fortaleza de São José; a integração efetiva de pontos turísticos no interior das áreas de ressaca; a melhor efetivação sobre os eixos entre Macapá, Santana e Mazagão e por último, a concepção sobre a importância da integração do Canal das Pedrinhas com o Meio do Mundo.
Os projetos pensados durante o período do SOS Cidades abrem um leque de oportunidades para reorganizar a cidade de Macapá. Diversas variáveis foram consideradas, a presença de um público de mais 150 pessoas durante uma semana através dos diversos grupos de trabalhos proporcionou uma rica experiência sobre nossa. Estão abertas as portas para reconduzir Macapá ao lugar onde merece na Amazônia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...