Ambulantes
PMM - Cadê o
Código de Postura?
Reinaldo Coelho
Da Reportagem
Andando pelo centro comercial da cidade de Macapá se
vê de tudo um pouco. E ultimamente esse de “tudo um pouco” inclui vendas de
meias, leggings, antenas e controles para televisão, CD e DVD piratas,
refeições, e por aí vai, como dizia o saudoso Comandante Barcellos. Isso está acontecendo,
de novo, devido à fiscalização ter “afrouxado” seu trabalho e aos poucos os
ambulantes vão se fixando, com a garantia da impunidade.
As ruas Cândido Mendes, São José, no coração comercial
da cidade viraram refúgio dos vendedores ambulantes, como só se viu em décadas
passadas. Não se consegue andar pelas ruas sem que itens de casa ou acessórios
“pulem” à frente dos pedestres, acompanhados da chamada para promoção ou leva
dois e paga tantos.
Questionado pela reportagem sobre o retorno dos
ambulantes às ruas e calçadas, principalmente na Zona Comercial, o Secretário
Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitacional de Macapá (SEMDUH), Éden Paulo, informou que realmente isso ainda está
acontecendo por motivo do município está estudando soluções para recolocação desses
cidadãos. “Não adianta tirarmos simplesmente e não termos onde colocá-los e
eles retornarem. Verificamos a possibilidade de colocação dessas pessoas, no camelódromo
da Antônio Coelho de Carvalho, que está precisando de reforma e é o que iremos
fazer. Vamos aumentar o número de vagas e levaremos essas pessoas que estão na
rua de forma ilegal e colocaremos ali, não sendo aceito assim seu retorno às
calçadas. E se isso acontecer é de má fé”.
Canal da
Mendonça Júnior
Com referência a feira do camarão e dos vendedores de
alimentos do Canal da Mendonça Júnior, o titular da SEMDUH, a firmou que são
dois problemas que estão sendo cumpridos pelas exigências do Ministério Público
Estadual. “A situação do Canal da Mendonça Júnior, que já se consolidou, e para
retirar é mais complicado. Nós temos que retirar dando soluções, pois só
retirar, vai desempregar um trabalhador e vai gerar motivos para ele fazer
outra ocupação ilegal.
Isso demanda tempo. Aquele local é inadequado para
exercício de qualquer atividade comercial. O Canal além de receber as águas
pluviais, está recebendo descarga sanitária ‘in natura’. Com referência aos ambulantes
da Feira do Camarão, eles também serão remanejados”.
E a
fiscalização?
O titular da SEMDUH informou que a fiscalização será
constante e permanente, após as soluções serem encontradas para a recolocação
dos ambulantes que se encontram em locais inadequados para o exercício
comercial. A permanência e venda de produtos nas ruas, infringe o Código de
Postura, estabelecido pela Semduh. Os responsáveis pela fiscalização são
funcionários da Secretaria que notificam os ambulantes e apreendem o material que
é encaminhado à Semduh. E já se vão mais de 100 dias de governo.
Shopping
Popular
O cenário de vendas irregulares que aos poucos vem
aumentando era o mesmo visto há três anos, quando a Prefeitura, na tentativa de
solucionar o comércio informal instalado no centro, improvisou o Centro
Comercial Popular, mais conhecido como camelódromo, enquanto seria construído o
badalado Shopping Popular.
Durante os quatro anos da gestão de Roberto Góes, foram
só bate boca, entre a PMM x GEA e o que existia e funcionava foi para o chão,
onde os feirantes passaram a trabalhar na mais pura lixeira a céu aberto, dando
aos vendedores e consumidores condições degradantes de trabalho e compra.
“Temos que compartilhar com a fedentina e moradores de ruas, comprar em local
onde o lixo e os insetos nocivos são os dominantes, é repugnante”, reclama Dona
Erundina Costa Lima dona de casa aposentada.
Entenda o
caso
Em 2009, o GEA e a PMM firmaram o convênio nº
050/2009-Seinf, visando o repasse de recursos do governo para a construção do
Shopping Popular. Mas devido a uma série de irregularidades, entre elas a não
prestação de contas parcial da prefeitura junto à Secretaria de Estado da Infra
Estrutura (Seinf) e a paralisação da obra por quase um ano, o convênio foi
cancelado. De acordo com o secretário de Infra Estrutura do Estado, Amilton
Coutinho, será realizado um novo processo licitatório para que a construção do
Shopping Popular seja concluída. A obra será financiada pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com execução direta do governo.
Porém os ambulantes rebatem que não terão espaço para
atender 20% dos que necessitam dentro do Shopping Popular e que não há como
abrigar mais vendedores, principalmente agora que o prédio está dentro do
processo de tombamento histórico do entorno da Fortaleza de Macapá e foi
diminuída sua capacidade.
Ambulantes
não querem sair
A diferença é que hoje os vendedores agora não querem essa
solução, nem cogitam a ideia de transferir a informalidade para trás de um
balcão. “Não vale a pena ir pro camelódromo, já tenho tantos anos de rua. Não
tenho dinheiro para pagar uma banca, fico aqui mesmo já vendi de tudo”, diz o
ambulante das antenas, que fica geralmente, na Cândido do Mendes, ao lado da
Agência do Banco do Brasil esquina com o camelódromo da Iracema Carvão Nunes.
O lojista
aceito a contragosto
Os comerciantes que ocupam lojas, bancas e pagam impostos,
fazem vista grossa ou já se acostumaram com a cena. O dono de uma loja, que não
quis ser identificado, diz que por ali se vende de tudo. “Guarda-chuva,
controle de TV, até a mãe eles vendem se deixar... Mas eu acho que o mercado
está aí pra todo mundo, eles tem que se virar também”, comenta.
Em frente às grandes lojas, até para evitar conflitos,
os lojistas aceitam a contragosto os ambulantes
tentarem vender seu "peixe", de olho nos fiscais, que na gestão
passada não livravam a cara e que hoje sumiram.
Um pouco mais adiante, ainda Cândido Mendes, uma moça
nova oferece meias, calcinhas de confecção própria. As duas mãos estão cheias
de roupas à mostra e nos pés uma sacola com mais mercadoria. Para a reportagem
ela conta que está ali desde o final do ano. “Aqui não precisa de nada, você não
precisa de estudo e nem pagamento”.
Já na Praça Veiga Cabral, o produto oferecido é a
tatuagem fixa ou de henna e o “artesanato hippie”. O vendedor tem lábia, perguntado
de onde vem e ele responde que não é do norte e está ali só de passagem. “Eu
vou embora amanhã. O povo vem e compra, é arte meu”, diz.
E os consumidores?
Entre os consumidores que se apertam nas calçadas
lotadas as opiniões se dividem. Como o engenheiro Anderson Lima, que é a favor
da presença dos vendedores na rua. “Eles estão tentando ganhar o dinheiro
deles, mesmo que atrapalhe um pouco, a gente entende”, diz.
Para a adolescente Lindicia Maria, de 17 anos, o que
mais incomoda é o oferecimento constante de mercadorias. “Eu prefiro comprar
nas lojas mesmo, a gente passa na rua e eles ficam gritando e oferecendo as
coisas. Pra quem está com pressa atrapalha bastante”.
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