Futuros ensaios
fotográficos
Ensaio Fotográfico (artigo da edição
anterior) fez uma breve análise do Reuni, projeto governamental que aprofunda o
sistemático desmonte das Instituições Federais de Ensino (IFE) e está sendo
implantado pelo governo federal sob a ótica neoliberal. Dilma, Lula, FHC e
Collor foram todas facetas desse mesmo processo, embora com nuances diferentes
na forma de aplicar o receituário. Sendo o pressuposto governamental o mesmo, a
de que educação e seus profissionais não compõe a carreira de estado, a ideia
central é a de encaminhar para a iniciativa privada todos àqueles que possam
pagar pelo “serviço”. Eis aqui um problema central, educação na concepção
destes governantes, deixa de ser direito e passa a ser serviço, oferecido pela
iniciativa privada aos que podem pagar e, de outro lado, uma estrutura de
péssima qualidade, como um arremedo de oferta, é destinado àqueles que não
possuem recursos. Eis a essência do neoliberalismo, concede o que há de melhor
àquele que pode pagar, enquanto os outros ficam à margem, sendo, portanto,
marginais.
Elemento comum ao receituário
implantado por estes governantes foi o sucateamento das IFE através de
mecanismos como a impossibilidade de contratações, recursos que não cresciam na
mesma ordem das demandas e legislação que sufocava a autonomia das
universidades. As fundações de apoio foram mecanismos de, fingindo arrumar as
coisas, piorá-las, pois trouxeram, entre outras coisas, privatização, perda da
autonomia e banalização da corrupção. Lula e depois Dilma entre sorrisos apresentam
uma nova alternativa, o Reuni. As análises realizadas pelo ANDES-SN (Sindicato Nacional
dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) mostraram, desde a
apresentação inicial do programa, que embora travestido de investimentos e
democratização do acesso, representava um golpe profundo que feria de morte a
qualidade das universidades federais brasileiras. O Ministério da Educação e
Cultura acenou com recursos para obras, construção e reforma, se as
universidades se dobrassem aos interesses do governo federal. Estando
sucateadas e sem recursos para investir, as universidades através de suas
reitorias, estenderam os pires e aceitaram a malfadada oferta. Aumento da
precarização, sobrecarga de trabalho, salas lotadas, adoecimento de servidores
técnico-administrativos e docentes foram algumas das consequências.
Em resposta aos desmontes impetrados
pelo Reuni e outros desmandos da política governamental, como a Lei 12.772/2012
que desconfigurou a carreira do magistério federal superior, bem como à
negativa do governo em abrir um real canal de negociação para tratar das
reivindicações docentes, os professores decidiram agir. A maior greve das
universidades de todos os tempos, ocorrida em 2012, conseguiu barrar parte
considerável do desmonte da carreira e conseguiu do governo a cessão de vagas
para novos concursos. Os novos professores que estão adentrando a universidade
em 2013 são fruto direto da greve do ano passado. Mas, além das várias ações
empreendidas desde a greve de 2012 até agora, entre 20 e 24 de maio os
professores das instituições federais de ensino superior organizaram uma
jornada de luta por melhores condições de trabalho e reestruturação da carreira
docente. Mobilizações e eventos se espalharam por todo o Brasil com o fito de
denunciar os problemas e abrir discussões sobre orçamento e expansão de vagas
(graduação e pós-graduação), distribuição de vagas de docentes e servidores
técnico-administrativos, assim como o cronograma das obras. Entre as ações
estão conversas com parlamentares, entrega de documentos como o Dossiê Nacional
3 do ANDES-SN, campanha de sindicalização docente, realização de assembleias
gerais para divulgar as informações entre a categoria e paralisações no dia 22
de maio.
As ações contra o desmonte da excelente
estrutura universitária que este país já teve, mas que infelizmente vai ruindo
aos poucos em razão das políticas governamentais, e em defesa da educação estão
em andamento. A hora da ação é agora, há muito que combater, há muito que
conquistar, há muito que unir! Sim, há muitos obstáculos, mas precisamos
lembrar que há muitos de nós, professores, técnicos, alunos, futuros alunos,
defensores da educação de qualidade e pessoas interessadas em ver este país
crescer. Unidos e lutando podemos impedir que novas propostas de base
neoliberal fizessem surgir imagens lamentáveis de nossas universidades. Que, em
razão de nossas ações, os futuros ensaios fotográficos mostrem o vigor e a
força que sempre caracterizaram o ensino superior público brasileiro.
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