Intercâmbio Cultural dá
espaço para nova arte amapaense
Fabiana Figueiredo
Durante todo este mês, uma artista visual amapaense irá fazer
um intercâmbio cultural na cidade de Corumbá, no Estado do Mato Grosso do Sul.
Elenilda Silva Moraes, ou Lene Moraes, está começando a deixar sua marca na
história da arte amapaense e enriquecendo seu currículo nesta nova experiência.
O Intercâmbio Cultural é parte do Projeto Rede Brasis; uma
experiência de residências inter-regionais realizadas num circuito de
cooperação entre artistas de diferentes regiões do país. Nesta edição, cinco
artistas, de cinco diferentes cidades - Aracaju (SE), Macapá (AP), Corumbá
(MS), Rio Grande (RS) e Ouro Preto (MG) - foram escolhidos por meio de uma
seleção aberta de artistas locais que recebem o “artista viajante”. Eles vivenciarão
intercâmbios nos quais não serão somente beneficiários de uma residência, mas
também, colaboradores na sua produção e formatação. O projeto é financiado pela
Fundação Nacional de Artes (Funarte), e tem como direção os artistas Yili Rojas
e Isaumir Nascimento. “É pra fazer esse intercâmbio entre esses vários Brasis que
têm realidades artísticas bem diferentes”, cita Lene Moraes.
Artista amapaense
Lene Moraes, 23 anos, concluinte de Artes Visuais, na Universidade
Federal do Amapá, relata que seu envolvimento com a arte no Amapá foi mais
intensa no ano passado, quando fazia seu Trabalho de Conclusão de Curso e
começou a participar de atividades, principalmente, de grupos independentes e a
frequentar o Museu da Imagem e do Som (MIS).
Entre sete propostas, o projeto “Como Morre Uma Fotografia”
foi escolhido, e Lene, dona do projeto, irá até Corumbá esta semana, para
começar a implantar o projeto. “O principal ponto de vista dele é
epistemológico, é um levantamento de conhecimento local, através da fotografia.
Ele passa por vários momentos de leituras e releituras fotográficas”, define o
projeto.
A execução possui várias etapas e ela explica: “O primeiro
passo é conhecer a história da cidade através de fotografias das famílias.
Essas fotos serão digitalizadas e transformadas em ‘lambe-lambe’, grandes cartazes,
e postas em várias vias públicas, sujeitas a intervenção da comunidade, e eu
irei fotografar toda essa intervenção. A exposição final serão as fotografias
das intervenções, será o processo que essas imagens passaram diariamente. O
segundo ponto de exposição é expor as fotografias originais em mídia, com o diferencial
delas estarem em estilhaços de vidro; [...] que eles sejam compreendidos como um
entrelaçamento de reflexões múltiplas”. Ela lembra que a realidade de Corumbá
pode interferir no projeto, e ele adaptar-se à história da cidade.
A ideia surgiu com um projeto de pesquisa de Fotografia em
Memória, no MIS, que lhe proporcionou muito referencial prático e teórico para
produção; ela também acrescenta que o foto clube que participa também serviu de
inspiração para a criação do projeto.
Ela revela: “Estou muito nervosa, um pouco ansiosa porque
antes de tudo eu não quero ir sozinha: quero representar os coletivos
independentes, como o Foto Clube, FIM, Catitas e AP Quadrinhos. Quero poder
mostrar que tem muita gente atuando na cultura alternativa em Macapá, até
porque fora do Estado as pessoas não conhecem a nossa realidade. Ao retornar,
trazer toda essa experiência e compartilhar”.
Como é um intercâmbio cultural, a artista Barbara Mol, de Ouro
Preto, executará seu projeto em Macapá, também na mesma época em que Lene
Moraes ficará em Corumbá.
Folias são objetos de trabalho
em novo Ponto de Cultura
Uma manifestação secular de fé, realizada tradicionalmente no
Amapá, nas mais diversas localidades; que envolvem devoção, expressões culturais
e laços comunitários, transformada em Patrimônio Imaterial do Amapá, que ficou
conhecida como os Festejos dos Encontros de Folias, dedicados aos Santos são
objetos de trabalho do recém-inaugurado “Ponto de Cultura Povo de Fé e de
Festa”.
O Ponto, através de pesquisas, organiza o inventário de 14
encontros de folias realizados no Estado, no intuito de oferecer à população
amapaense informações sobre esse patrimônio imaterial, a fim de subsidiar ações
e políticas públicas de proteção e valorização dos bens culturais.
A Programação de um encontro de Folia envolve Alvorada, Rezas,
Ladainha em Latim, Marabaixo ou Batuque, Quebra e Levantamento do Mastro,
Fogos, festas até o raiar do dia, e representa a devoção das Famílias ao Santo
honrado. Tudo é executado pelos foliões, numa festa centenária, em que os
encontros de folias são mantidos de geração em geração.
A criação do Ponto de Cultura Povo de Fé e de Festa foi
proposta pelos membros da Associação Amapaense de Folclore e Cultura Popular,
que desde 2009 desenvolve pesquisas de resgates dessas memórias. A inauguração
do Ponto de Cultura no dia 29 de maio, no Auditório da Biblioteca Pública Elcy
Lacerda, onde Funciona a Sede do Ponto, na Sala de Folclore e Cultura Popular.
Lá, são disponibilizados acervos compostos de livros, CDs, DVDs, periódicos,
relatórios de pesquisa e outros materiais referentes ao folclore e as culturas
populares do Amapá, material resultante dos trabalhos realizados por seus
membros e recebidos de entidades. No espaço da Associação é oferecida
orientação à pesquisa aos alunos do Ensino Fundamental e Médio e das
Instituições de Ensino Superior.
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