sexta-feira, 28 de junho de 2013

#O GIGANTE ACORDOU
Manifestações tomam conta do Brasil e do centro de Macapá


Thais Pucci
Colaboradora

Há duas semanas o Brasil acompanha a população das principais capitais brasileiras ir para as ruas manifestar contra o sistema e a situação política do país. As manifestações que começaram com o objetivo de criticar o aumento das passagens do transporte público, tomaram conta das principais cidades que aproveitaram para reivindicar melhorias nas áreas da educação, saúde e segurança pública. A corrupção, a PEC 37 e os investimentos nos grandes eventos que estão agendados para acontecer em terras tupiniquins, como a Copa do Mundo, também foi lembrada.

Em Macapá, capital do estado, não foi diferente. O povo foi às ruas pela primeira vez na quarta feira, dia 19 de junho, e percorreu as vias do centro com cartazes e o grito de ordem "vem pra rua". O início da manifestação em Macapá, que se concentrou na Praça da Bandeira, por volta de 16h30, aconteceu de forma pacífica.  Segundo a estimativa da polícia militar (PM), mais de 20 mil pessoas, entre elas estudantes, professores, profissionais da saúde, e muitas famílias participaram do protesto.

Em clima pacífico o povo macapaense cantou o hino do Brasil, enquanto muitos utilizavam apitos e as "vuvuzelas" para chamar a atenção, e convocar a todos para participarem do ato de reivindicação com o lema "vem pra rua". A PM e policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) acompanharam de perto todas as manifestações e deslocaram um grande efetivo para garantir que a população estaria segura durante o protesto. Agentes da CTMAC e guardas de trânsito fecharam as avenidas por onde a manifestação passou e organizavam o trânsito nas ruas paralelas ao movimento. Por diversas vezes, os próprios manifestantes se confundiam com o percurso, mas logo se reuniam novamente e seguiam com as reivindicações.

Os rumos dos protestos começaram a mudar quando parte do grupo chegou a frente à Assembleia Legislativa do Estado e tumultuou, tentando invadir o local. A sugestão não foi acatada pela maioria, e restou apenas uma fogueira em frente ao prédio da Assembleia. Porém, ao chegar ao Palácio do Setentrião, prédio do Governo do Amapá, o confronto entre manifestantes e policiais durou até às 22 horas. Durante o protesto 10 pessoas foram detidas pelos policias, entre elas 3 menores.

Segundo o diretor de Comunicação da PM, coronel Ailton, 8 PM's ficaram feridos. Os soldados Nélio Silva e Liliane Oliveira, atingidos por pedradas durante o confronto, foram atendidos no Hospital de Emergência, mas passam bem. Liliane, de 23 anos, foi atingida por uma pedra na região da testa e precisou levar 6 pontos. De acordo com a soldado, os companheiros disseram que ela chegou a desmaiar, mas ela não lembra.  Ela contou ainda que havia manifestante que estava na frente dos policias defendendo o protesto tranquilo, mas que eles não conseguiram conter os ânimos dos violentos.

Segundo dia 




O segundo dia de manifestações na capital, na quinta-feira, foi organizado pela União Nacional dos Estudantes (UNE), por integrantes do Grêmio Estudantil do Instituto Federal do Amapá (Ifap) e estudantes da rede pública de ensino. O movimento iniciou com aproximadamente 300 manifestantes, que voltaram a Praça da Bandeira pedindo o passe livre, o bilhete único, o terminal de integração e ainda, que a Câmara de Vereadores votasse um novo preço para as passagens de ônibus da capital. Uma comissão foi formada para conversar com o prefeito de Macapá, Clécio Luis. Logo cerca de  mil pessoas foram contabilizadas pela PM, e o grupo entrou em combate com a polícia de forma ainda mais exaltada que na noite anterior. 
Policiais que estavam no local desde cedo revistaram vários estudantes com bolsas e mochilas. Foram apreendidas bombas artesanais, vinagre e uma arma de fogo. Três pessoas foram levadas ao Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp) do bairro Pacoval, por porte ilegal de arma, porte de líquido inflamável e por incitar os estudantes contra a polícia.  
Ao receber os representantes dos movimentos em seu gabinete, tentando chegar a um acordo para cessar os protestos, o prefeito Clécio não podia imaginar o que se passava nas ruas.  Até ás 22 horas, pedras, pedaços de madeira e bombas artesanais foram jogados por manifestantes em direção à tropa de choque da PM, que reagiu com tiros de balas de borracha, bombas de efeito moral e spray de pimenta. Muitas pessoas ficaram feridas, houve depredação de bens públicos e do prédio da Defensoria Pública, que teve a janela quebrada a pedradas.  Fogueiras feitas de lixo indicavam o caminho por onde os vândalos passavam. Comerciantes estavam assustados e preferiram fechar as portas e aguardar o fim do tumulto.
Durante o ato público, foi apreendida uma pistola e diversos artefatos, como bombas feitas de garrafa pet e gasolina, além de bombinhas, que costumam ser usadas em festas juninas, com pregos.
Após 3 horas de reunião a principal reivindicação dos manifestantes, o passe livre, não foi definida. Mais 48 pessoas foram detidas, sendo destes, 21 maiores de idade. Eles foram encaminhados ao Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp) e foram autuados por depredação do patrimônio público, incitação à violência, resistência à prisão, desobediência e desacato a autoridade. Os 27 menores, foram levados para a Delegacia  de Investigação do Menor Infrator (Deiai). Dos 7 detidos na quarta-feira, 2 foram liberados por alvará de soltura.
Terceiro dia
A segurança do início da sexta-feira foi demonstrada nas alterações feitas pelo governo e pelos empresários. A Secretaria de Estado da Educação (Seed) suspendeu as aulas na rede pública de ensino nos turnos da tarde e noite de sexta-feira e sábado, para garantir a integridade física dos alunos e profissionais da educação. Os lojistas do centro comercial de Macapá funcionaram normalmente, mas protegeram com compensado as vitrines das lojas, e retiraram os produtos durante o fechamento do local para evitar o saque de vândalos, que promoveram quebradeira no local anteriormente.
Ainda durante a manhã, a PM se reuniu com gestores da Secretaria de Estado da Justiça e Segurança Públicas (Sejusp) e integrantes do coletivo 'Vamos à Luta' para discutir a segurança durante o novo encontro marcado para 19 horas na Praça da Bandeira. 
No início da tarde, cinco facas, isqueiros e fósforos foram apreendidos na ronda e revista da PM, na praça. Uma das facas estava escondida embaixo da estrutura do ponto de ônibus, outra foi encontrada com um adolescente de apenas 12 anos. As últimas três foram achadas durante a revista dos policiais. A PM estimou 1,5 mil pessoas reunidas na Praça da Bandeira, e duas barreiras foram montadas para revistar pessoas portando mochilas e sacolas, consideradas suspeitas.
Os protestos foram menos violentos, e contidos pela polícia. No município de Santana, cerca de 150 pessoas reivindicaram de forma pacífica mudanças em todas as áreas.

As mudanças
O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Amapá (Setap) garantiu que o valor da tarifa do transporte coletivo em Macapá vai ser mantida até 2014, graças a redução de impostos federais, como o PIS/Cofins. Desde 2005, a decisão do aumento na tarifa do transporte coletivo na cidade é definida na Justiça, e o último reajuste, em 2011, aumentou a tarifa de R$ 1,90 para R$ 2,30. Para manter este valor, o Setap chegou a pedir a isenção em tributos municipais, como a redução de 5% para 2%, no Imposto Sobre Serviços (ISS), e 6% para 3%, na taxa de gerenciamento. Estas alterações estão em análise pela Secretaria Municipal de Finanças (Semfi).
A prefeitura prometeu implantar mais três terminais de integração, no terminal rodoviário da zona norte, na Rodovia Duca Serra e na entrada do distrito de Fazendinha. E ampliar a frota de ônibus, que conta atualmente com 128 efetivos, em mais 100 veículos. Com isso, ele pretende diminuir o tempo de espera nos pontos de ônibus, e garantir mais conforto a população. O projeto discutido também prevê a implantação do bilhete único em 2013.  

Segundo Clécio, uma linha especial noturna realizará um roteiro passando por hospitais, unidades de saúde, delegacias, restaurantes, bares e boates, para garantir o transporte público às pessoas que trabalham e necessitam de transporte durante a noite e madrugada. 

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