sexta-feira, 28 de junho de 2013

Pipas + Cerol = Associação perigosa

Reinaldo Coelho
Da Reportagem



Meses de férias e com ventos fortes: eis o panorama propício para a disseminação pelos céus de todo o estado às coloridas pipas (papagaios, rabiolas, etc.). Muitos garotos já deram início às férias escolares do meio de ano. É uma opção de lazer empinar as pipas/papagaios/rabiolas nas ruas e praças de Macapá; empinar um papagaio é um esporte disputadíssimo em outras capitais brasileiras e torna-se um lazer gostoso e bonito de se praticar. Porém é necessário muito cuidado e saber escolher os locais próprios para fazê-lo.

Antigamente isso era brincadeira de criança, atualmente a “graça” tem sido em realizar disputas entre pipas, devendo um derrubar a
pipa do outro, tudo isso seguido de muita correria, palavrões e instinto de competição não sadia.

Se isso é ruim, tornam-se pior quando os brincantes adicionam na linha utilizada, o cerol, produto fabricado com cola caseira (goma) e vidro pilado, transformando a linha em uma arma mortal, vindo prejudicar principalmente os motociclistas. A ideia central de “amolar” a linha é a disputa nos céus das pipas e de seus usuários em “cortar” o maior número de adversários, mas as conseqüências são piores.

Essa “brincadeira” pode ser extremamente perigosa, pois quando a linha está esticada, dificilmente tem-se visão da mesma e, ao passar em velocidade ou não por ela, funciona como perfeita “guilhotina”.
Exagero? Com certeza não. Já são inúmeros os casos de óbitos de motoqueiros, ciclistas e transeuntes que foram simplesmente degolados ao terem a linha enroscada em seus pescoços. Isso sem citar os casos de inúmeras outras lesões. 

Não há uma estatística precisa, mas, segundo os levantamentos da ABRAM - Associação Brasileira de Motociclistas acontecem cerca de 100 casos por ano no Brasil, de acidentes envolvendo linhas com cerol, sendo que 50% (cinquenta por cento) dos casos são graves e 25% (vinte e cinco por cento) são fatais.

Legislação

Este é o caso do Estado do Amapá, atualmente possui uma Lei municipal, a de Macapá, porém falta ser regulamentada pelo executivo municipal, a qual proíbe o uso de cerol ou de qualquer produto semelhante que possa ser aplicado em linhas de papagaios ou pipas.

Lâmpadas queimadas

Mesmo com tantos pedidos de alerta, o grupo de crianças que moram na Rua Socialismo, no Bairro Renascer, não parece disposto a abandonar o passatempo. Segundo os garotos que cresceram soltando pipa, a melhor época para a brincadeira é o mês de julho, quando o vento é mais forte.

O garoto Sandoval Ribeiro, 8 anos, explicou que  alguns meninos já estão guardando lâmpadas queimadas para moer, fabricar o cerol e colocar nas linhas. “Também tem gente que compra, encomenda o cerol de fora”, informa Péricles Monte, 13.
Segundo eles, em Julho é fácil encontrar pessoas vendendo pipas e linhas com cerol no bairro, “pois todo mundo gosta de soltar pipa e quase todos usam cerol”.

É utilizado para se proteger de ferimentos causados pelo cerol no fio de nylon, alguns meninos usam pedaços de tecidos nas mãos. “Fica como uma faixa”, completa Antonio Lima, 10, relatando que a irmã de Péricles cortou um dedo ao tocar a pipa do irmão.

Segundo Márcio Carvalho, sua mãe não gosta da brincadeira com cerol e também sabe da responsabilidade: “Quando corto uma pipa e ela cai lá em casa minha mãe manda devolver”, afirma, observando que melhor do que usar cerol é fazer uma pipa bonita.

Punição legal

Como já relatado, o cerol é capaz de provocar cortes profundos que poderão inclusive levar animais e humanos a óbitos. Assim, fácil de concluir que se trata de um produto perfuro-cortante e, portanto, podendo-se muito bem ter seu enquadramento como uma “arma branca”. A utilização de cerol poderá levar, segundo o Código Penal brasileiro a seguinte punição - # Perigo para a vida ou saúde de outrem - art. 132, com pena de detenção de 3 meses a 1 ano se o fato não constituir crime mais grave, conforme os que exporemos a seguir. 

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