SEM LICITAÇÃO
Promotores de Justiça têm 60 dias para concluir investigações
sobre contratos duvidosos da SESA
Secretaria de Estado da Saúde vem deixando de lado a Lei das
Licitações desde 2011e feito pagamento de serviços e compras, por meio de contratos
emergenciais
José Marques Jardim
Da Editoria
A Secretaria de Estado
da Saúde é certamente a “caixa de Pandora” da administração pseudo socialista
de Camilo Capiberibe. Volta e meia, aberta pela metade revela os nuances
escabrosos de esquemas que têm vasado e para manchar ainda mais o já fracassado
plano de governo da “mudança”, que disparava na campanha de 2010, a célebre e
hoje desconjecturada frase do “dinheiro tem, falta gestão”. Naquela época, o
governador também perguntava ao eleitor em seu horário político, se este
aprovava o modelo de saúde implantado pela administração de Pedro Paulo Dias de
Carvalho, que sucedeu Waldez Góes na corrida política. Hoje, dois anos e sete
meses depois, a mesma pergunta pode ser feita, com a diferença de que tudo está
pior. Bem pior, diga-se de passagem.
Promotor André Araujo |
Promotor Flavio Cavalcante |
Promotor-de-Justiça-AFONSO-GUIMARÃES |
Desde 2011, quatro
secretários passaram pela pasta sem resolver absolutamente nada. Dois deles,
Edilson Pereira, o segundo a ocupar a cadeira e Lineu Facundes, o terceiro,
foram indiciados pela Polícia Civil por irregularidades administrativas.
Evandro Gama, o primeiro a assumir a secretaria foi exonerado logo que
apresentou um sistema que descortinaria os processos licitatórios e seus
vícios. A novidade era o Bionexo, a compra informatizada que daria conta do
passo a passo das licitações desde a elaboração e lançamento do edital, até a
tomada de preços e contratação da empresa, incluindo o acompanhamento e
controle de estoques. A intenção de Gama custou sua cabeça. O governo socialista
de Camilo, como já mostrou a Tribuna Amapaense em sua edição 353, de 13 a 19 de
abril não é dado a licitações, preferindo os contratos emergenciais.
Depois de tantas decapitações,
foi a vez de uma enfermeira assumir o mais alto posto da SESA. Olinda Consuelo
começou sua gestão ombreada com um delegado de polícia, Sávio Pinto, que havia
deixado a direção do Departamento Estadual de Trânsito para a nova empreitada
de ser o adjunto na secretaria. Consuelo logo deu provas de que entendia muito
bem como funciona o governo socialista local e protagonizou prematuramente o
primeiro embate com seu sub. Pinto chegou a anunciar a intenção de montar uma
equipe e começar uma “faxina” de moralização que incluiria investigações a
contratos e nomes de beneficiados com as contratações de emergência que sempre
ignoraram a Lei das Licitações. O que ouviu de Olinda Consuelo foi um sonoro
não quanto às nomeações. O resultado foi o pedido de exoneração. Mesmo assim, a
polícia já tinha em mãos informações suficientes para indiciar não só os dois
últimos secretários, como também um grupo de servidores suspeitos de engendrar
um esquema que tinha nos contratos emergenciais, um negócio lucrativo.
O mais recente ato, deste
espetáculo de horrores que acaba atingindo diretamente milhares de pessoas que
precisam dos serviços da rede pública na capital e no município foi a
determinação de prazo para a conclusão das investigações em dois meses. Os
promotores: André Araújo, Flávio Cavalcante e Afonso Guimarães são da comissão
que apura os desmandos no governo de Camilo Capiberibe. Nada mais que seis
inquéritos tramitam na Promotoria de Justiça e Investigações Cíveis, Criminais
e da Ordem Tributária. O estopim, segundo os magistrados, foi a SESA ter
descumprido acordos firmados ainda em 2011, em um Termo de Ajuste de Conduta,
que dava prazo de seis meses para que os contratos emergenciais, que atendem a
estrutura de saúde pública estadual fossem substituídos por licitações.
Esgotado o prazo e tendo passado todo o ano de 2012 e parte de 2013, o não
cumprimento só foi percebido em março passado, quando a Procuradora-Geral de
Justiça resolveu criar a comissão. O andamento deverá ocorrer normalmente, com
depoimentos dos envolvidos e defesa dos mesmos. Caso não forem apresentadas
provas de inocência, o processo segue até a fase de julgamento e condenação. A
administração da SESA se defendeu em nota, alegando ter proporcionado
transparências às apurações e que os envolvidos foram afastados das funções e
permanecerão até a conclusão do que está sendo investigado.
Mais descaso com a saúde
Enquanto a Comissão de Justiça e Investigações Cíveis,
Criminais e da Ordem Tributária apura a não aplicação da Lei de Licitações por
conta dos contratos emergenciais, outra promotoria instaurou inquérito civil
público para investigar nada mais do que descaso. Desta vez, com um tomógrafo
com valor estipulado em R$ 500 mil. O aparelho foi encontrado coberto por um
pedaço de plástico em uma das salas da Secretaria de Estado da Saúde, durante a
inspeção feita no prédio pelo promotor André Araújo. Na ação, ele narra ter
encontrado a máquina armazenada de forma errada e fora de sua embalagem
original. O magistrado vai mais adiante e lamenta que o equipamento esteja
abandonado em uma sala em vez de estar em funcionamento atendendo “a população
que tanto precisa de um exame dessa natureza”.
Na avaliação de Araújo, o
equipamento pode estar avariado por conta do armazenamento. O trabalho da
comissão está previsto terminar em 180 dias. Enquanto isso, o laboratório do
Hospital das Clínicas Alberto Lima deixou de realizar exames básicos nos
pacientes. Para não interromper totalmente o atendimento, 40 senhas estão sendo
distribuídas diariamente somente para quem já está internado. A demanda é de
200 pessoas, o que tem feito 160 ficarem sem os procedimentos ou recorrerem a
laboratórios particulares, se tiverem condições financeiras. A direção
justifica que a empresa que fornece o material para os exames, tem entregado os
itens pela metade, o que impossibilita o atendimento total. Agosto foi o prazo
dado pela SESA, para que tudo volte ao normal. Caso esta definição siga o mesmo
exemplo de 2011, os pacientes ainda terão que esperar muito tempo por uma solução.
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