CARTA DE GRAMADO: POR UM PROJETO
DE CIDADE INTEGRADA E INTEGRADORA DO SÉCULO XXI.
Neste momento de transição sobre
a afirmação e responsabilidades sobre as atribuições profissionais dos
arquitetos e urbanistas transcrevo na integra o teor da Carta de Gramado com o
tema: Por um projeto de cidade integrada e integradora do século XXI.
“ A configuração física das
cidades brasileiras é produto da diversidade de demandas em conflito na disputa
desigual do território transformado em mera mercadoria. Nesse contexto a
promoção da finalidade social da propriedade urbana depende fundamentalmente da
atuação do Estado através projetos urbanísticos formatados por arquitetos
inspirados em bases geográficas, históricas e nos anseios dos cidadãos, em
especial, daqueles socialmente mais fragilizados. Os projetos de transformação
urbana resultam de processos complexos na medida em que exigem pensar a cidade
como sistema territorial sob tensões que nascem da diversidade das funções,
temporalidades e territorialidades.
Nossas cidades
carecem de projetos integrados e integradores. A ausência desses projetos compromete
nosso futuro. Intervençõesgenéricas e pontuais não são suficientes. É preciso
pensar a complexidade urbana de forma sistêmica. O profissional Arquiteto e
Urbanista através de suas atribuições legais exclusivas tem a capacidade de
materializar o futuro da paisagem através de projetos urbanísticos de qualidade.
Essa materialização antecipada da paisagem futura através de projetos que
incorporam conceitos de sustentabilidade social, ambiental e multidimensional, deve
resultar de ampla participação da população e estudos técnicos desenvolvidos
por profissionais das mais diversas áreas do conhecimento.
É preciso um
projeto que dê um novo significado às nossas cidades e que restabeleça a cidade
como o grande locus da experiência
humana, da cultura, da economia e da política. Projeto que integre os macro
sistemas urbanos como o natural, o construído, o infra estrutural e o social. É
preciso promover a relação da cidade com o seu sítio natural, recuperar
ecossistemas, valorizar estes espaços tão delicados (bordas e frente d’águas,
matas, manguezais e áreas verdes) tratando-os como elementos primordiais na
transformação urbana. Também é preciso
valorizar a memória dos bons espaços herdados. Precisamos de cidades que nos
seduzam a nela vivermos de forma plena.
A
democratização da cidade é conceito fundamental para romper sua segregação
sócio espacial.Os resultados concretosse evidenciarão na qualificação homogênea
em investimentos maciços na plena oferta da infraestrutura necessária. É
preciso um projeto de cidade que resgate e valorize a cidadania provendo a
educação, a cultura e o lazer (escolas, parques, bibliotecas, centros
culturais, praças), distribuídos de forma equânime no território e que atuem
como catalizadores da transformação social.
São
fundamentais perguntas como: que critérios e lógicas, que gramáticas e sintaxes
presidem a construção do espaço urbano contemporâneo? Que instrumentos ou
técnicas dão conta da transformação?As respostas dependem de gestão urbana
pública eficiente e eficaz, de amplo compromisso das instituições públicas e
privadas.
As ações concretas
do Conselho de Arquitetura e Urbanismo não serão fáceis diante dos múltiplos
interesses políticos, econômicos, sociais desarticulados que estimulam a
cultura do planejamento fragmentado. É preciso que interesses locais, políticos
e partidários, superem o imediatismo, e incorporem visão estratégica para
redimensionar um futuro de cidade integrada e mais humana.
O CAU é hoje um conselho que aspira
reconfigurar a realidade político espacial dos municípios brasileiros
objetivando a melhoria da qualidade de vida urbana da população brasileira. É
preciso pensar que todo este processo de implementação de ideias, princípios,
inovações, projetos, planos, programas passa de forma crucial pelo
fortalecimento do projeto político do Conselho de Arquitetura e Urbanismo. É
imensa responsabilidade de estimular, mobilizar e agregar os arquitetos e
urbanistas brasileiros neste grande projeto de fortalecimento do CAU em todo o
território nacional. “
Portanto os princípios pelos quais o Conselho de Arquitetura e Urbanismo
acredita serem imprescindíveis neste
momento são: Participação efetiva de no mínimo 01 arquiteto e urbanista em cada
município brasileiro; Fortalecimento da relação do Arquiteto e Urbanista com o
Estado, em todos os seus níveis, o principal responsável pela promoção das
renovações espaciais; Compromisso incondicional com a função social da
propriedade urbana e com as classes sociais urbanas mais fragilizadas; Efetiva
representação dos arquitetos e urbanistas nas mais diversas esferas colegiadas
nos níveis municipal, estadual e federal (executivo,legislativo e judiciário); Participação
das instituições representativas dos arquitetos e urbanistas na elaboração e
construção de políticas públicas urbanas, particularmente naquelas com impactos
espaciais;Participação dos arquitetos e urbanistas na elaboração de editais
públicos relacionados ao espaço urbano através de assessorias, consultorias e
demais serviços especializados nos municípios brasileiros; Promoção da ocupação
em cargos públicos específicos que dizem respeito às atividades exclusivas dos
arquitetos e urbanistas; Promoção de uma pauta comum de discussões com as
demais profissões regulamentadas; Ações publicitárias em todo o território
nacional em relação a amplitude da arquitetura e urbanismoe sua abrangência
sistêmica e atribuição legal em relação às transformações do espaço urbano” . O
teor da Carta de Gramado é um passo expressivo para autenticidade e
legitimidade da valorização do arquiteto e urbanista em todo o território
nacional.
Gramado, 20 de agosto de 2013.
Fórum de presidentes de CAU - Conselhos de Arquitetura e Urbanismo
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