Amigo de Ludwig, o otimista Cristóvão
Lins
Natural de Monte Alegre, o engenheiro
agrônomo Cristóvão Lins passou 30 anos de sua vida no Projeto Jari. Hoje sua
Eco Tumucumaque é responsável pelos Relatórios de Impacto Ambiental das
hidrelétricas amapaenses.
Régis Sanches
Especial para o TA
Autor de
seis livros sobre a Amazônia e as razões do seu atraso endêmico, o engenheiro
agrônomo Cristóvão Lins é um entusiasta do desenvolvimento sustentável. Mas,
não é o tipo de radical que defende a floresta cem por cento em pé. Nem se
posiciona contra a construção de hidrelétricas pelo simples fato de que os
reservatórios das usinas irão inundar as margens dos rios.
Nascido em
Monte Alegre, no Pará, ele migrou para Belém onde atuou como ponta esquerda no
Papão da Curuzu. Mas, abandonou os gramados para dedicar-se de corpo e alma aos
empreendimentos desenvolvimentistas, especialmente o Projeto Jari, no qual
trabalhou por 30 anos.
engenheiro agrônomo Cristóvão Lins |
Frequentador
do fechado círculo do bilionário americano Daniel Ludwig, mentor e financiador
de megaprojeto da Jari Celulose, Cristóvão Lins também privava da amizade de
Augusto Trajano de Azevedo Antunes, o criador da ICOMI. Do próprio punho de
Antunes, Cristóvão recebeu uma carta elogiosa, que ele exibe com orgulho.
Durante 30 anos, ele participou das três fases do Projeto Jari. Exerceu várias
funções, entre elas, na pesquisa florestal, pecuária, mineração e agricultura,
inclusive como diretor executivo da Jari Energética.
Daniel Ludwig, |
Hoje
Cristóvão Lins é consultor e sua empresa Eco Tumucumaque, sediada em Macapá, é
responsável pelos Estudos de Impacto Ambiental e Relatórios de Impacto
Ambiental que garantem o licenciamento e a autorização para a construção de
hidrelétricas no Amapá.
“Apesar dos
entraves, sou um otimista quanto ao desenvolvimento do Amapá e da Amazônia.
Dentro de quatro a cinco anos, o Amapá suprirá sua necessidade energética”,
enfatiza.
Segundo ele,
“com a entrada em operação das novas hidrelétricas, a chegada do Linhão de
Tucuruí e a adesão ao Sistema Integrado Nacional, vamos exportar a maior parte
da energia gerada no Estado”, garante.
As razões do
atraso
Por qual
razão Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo são a locomotiva que move o
desenvolvimento brasileiro? Por que a turbina do progresso não frutificou na
Amazônia? Com a maior floresta tropical do planeta, o maior rio do mundo, as
portentosas províncias minerais, incluso os incomensuráveis lençóis
petrolíferos, ainda assim a Amazônia permanece um gigante adormecido. Será que
é preciso preservar a floresta? Manter intocado o colossal Amazonas?
Para
responder essas questões cruciais, Cristóvão Lins levou cinco anos pesquisando.
E chegou à conclusão óbvia: as raízes do atraso remontam às nossas origens
lusitanas. A esquadra de Pedro Álvares Cabral trouxe em suas naus não apenas a
melancolia do fado português, mas principalmente uma mentalidade tacanha,
medieval, o culto à preguiça que pode ser resumida na lei do menor esforço.
Estante
de livros
Cristóvão
Lins é autor de obras sobre a região amazônica, como Jari: 70 anos de História;
Amazônia: História, Lendas e Crônicas de Monte Alegre; A Jari e a Amazônia. As
pesquisas do autor se misturam com o relato de sua própria vivência pessoal e
profissional.
Em
“Amazônia: as raízes do atraso” o autor deixa claro que a região Amazônica é
uma das mais ricas do planeta, oferecendo amplas condições para o
desenvolvimento sustentável.
“É algo
muito diferente da destruição irresponsável e gananciosa a que temos assistido.
Entretanto, o povo amazônida é mantido na pobreza e na ignorância, entregue à
própria sorte na luta pela subsistência, enfrentando mazelas como o
analfabetismo e as doenças tropicais”.
Apagão no
Setentrião
Enquanto
as novas hidrelétricas ainda não estão prontas e aguardamos ansiosamente a
chegada do Linhão de Tucuruí, o Amapá continua no topo do ranking de gafes
oficiais.
Em meados
de março deste ano, a empresária mineira Adriana Gribel, do Grupo Tenco,
apresentava no Palácio do Setentrião o andamento das obras do Shopping Amapá
Garden.
A certa
altura, um apagão da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) interrompeu a
apresentação. Os assessores do palácio não demonstraram nenhuma surpresa,
afinal os apagões são corriqueiros em Macapá.
Mas
Adriana Gribel, desconcertada, perguntou se não era possível ligar o gerador.
Enquanto alguns assessores telefonaram para José Ramalho, presidente da CEA,
outros se apressaram em esclarecer: naquele momento o gerador do palácio estava
quebrado.
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