sexta-feira, 9 de agosto de 2013

MATERIA

Amigo de Ludwig, o otimista Cristóvão Lins


Natural de Monte Alegre, o engenheiro agrônomo Cristóvão Lins passou 30 anos de sua vida no Projeto Jari. Hoje sua Eco Tumucumaque é responsável pelos Relatórios de Impacto Ambiental das hidrelétricas amapaenses.


Régis Sanches
Especial para o TA

Autor de seis livros sobre a Amazônia e as razões do seu atraso endêmico, o engenheiro agrônomo Cristóvão Lins é um entusiasta do desenvolvimento sustentável. Mas, não é o tipo de radical que defende a floresta cem por cento em pé. Nem se posiciona contra a construção de hidrelétricas pelo simples fato de que os reservatórios das usinas irão inundar as margens dos rios.

Nascido em Monte Alegre, no Pará, ele migrou para Belém onde atuou como ponta esquerda no Papão da Curuzu. Mas, abandonou os gramados para dedicar-se de corpo e alma aos empreendimentos desenvolvimentistas, especialmente o Projeto Jari, no qual trabalhou por 30 anos.

engenheiro agrônomo Cristóvão Lins 
Frequentador do fechado círculo do bilionário americano Daniel Ludwig, mentor e financiador de megaprojeto da Jari Celulose, Cristóvão Lins também privava da amizade de Augusto Trajano de Azevedo Antunes, o criador da ICOMI. Do próprio punho de Antunes, Cristóvão recebeu uma carta elogiosa, que ele exibe com orgulho.
Durante 30 anos, ele participou das três fases do Projeto Jari. Exerceu várias funções, entre elas, na pesquisa florestal, pecuária, mineração e agricultura, inclusive como diretor executivo da Jari Energética.
Daniel Ludwig,

Hoje Cristóvão Lins é consultor e sua empresa Eco Tumucumaque, sediada em Macapá, é responsável pelos Estudos de Impacto Ambiental e Relatórios de Impacto Ambiental que garantem o licenciamento e a autorização para a construção de hidrelétricas no Amapá.

“Apesar dos entraves, sou um otimista quanto ao desenvolvimento do Amapá e da Amazônia. Dentro de quatro a cinco anos, o Amapá suprirá sua necessidade energética”, enfatiza.
Segundo ele, “com a entrada em operação das novas hidrelétricas, a chegada do Linhão de Tucuruí e a adesão ao Sistema Integrado Nacional, vamos exportar a maior parte da energia gerada no Estado”, garante.


As razões do atraso

Por qual razão Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo são a locomotiva que move o desenvolvimento brasileiro? Por que a turbina do progresso não frutificou na Amazônia? Com a maior floresta tropical do planeta, o maior rio do mundo, as portentosas províncias minerais, incluso os incomensuráveis lençóis petrolíferos, ainda assim a Amazônia permanece um gigante adormecido. Será que é preciso preservar a floresta? Manter intocado o colossal Amazonas?

Para responder essas questões cruciais, Cristóvão Lins levou cinco anos pesquisando. E chegou à conclusão óbvia: as raízes do atraso remontam às nossas origens lusitanas. A esquadra de Pedro Álvares Cabral trouxe em suas naus não apenas a melancolia do fado português, mas principalmente uma mentalidade tacanha, medieval, o culto à preguiça que pode ser resumida na lei do menor esforço.



Estante de livros



Cristóvão Lins é autor de obras sobre a região amazônica, como Jari: 70 anos de História; Amazônia: História, Lendas e Crônicas de Monte Alegre; A Jari e a Amazônia. As pesquisas do autor se misturam com o relato de sua própria vivência pessoal e profissional.

Em “Amazônia: as raízes do atraso” o autor deixa claro que a região Amazônica é uma das mais ricas do planeta, oferecendo amplas condições para o desenvolvimento sustentável.

“É algo muito diferente da destruição irresponsável e gananciosa a que temos assistido. Entretanto, o povo amazônida é mantido na pobreza e na ignorância, entregue à própria sorte na luta pela subsistência, enfrentando mazelas como o analfabetismo e as doenças tropicais”.


Apagão no Setentrião

Enquanto as novas hidrelétricas ainda não estão prontas e aguardamos ansiosamente a chegada do Linhão de Tucuruí, o Amapá continua no topo do ranking de gafes oficiais.

Em meados de março deste ano, a empresária mineira Adriana Gribel, do Grupo Tenco, apresentava no Palácio do Setentrião o andamento das obras do Shopping Amapá Garden.

A certa altura, um apagão da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) interrompeu a apresentação. Os assessores do palácio não demonstraram nenhuma surpresa, afinal os apagões são corriqueiros em Macapá.

Mas Adriana Gribel, desconcertada, perguntou se não era possível ligar o gerador. Enquanto alguns assessores telefonaram para José Ramalho, presidente da CEA, outros se apressaram em esclarecer: naquele momento o gerador do palácio estava quebrado.


E, mesmo que estivesse em perfeito estado de funcionamento, de nada iria adiantar: não havia sequer uma gota de óleo diesel no equipamento.

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