PRECARIEDADE
Enfermeiros e médicos denunciam caos no Hospital da Mulher
Conselho de Enfermagem fiscaliza maternidade e detecta situação
insustentável, que vai da falta de materiais básicos a profissionais
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Hospital Maternidade Mãe Luzia |
José Marques Jardim
A falta de
estrutura e de gestores competentes tem sido o ponto alto da Secretaria de
Estado da Educação desde que o PSB assumiu o governo do Amapá em 2011. De lá
para cá, ao menos cinco nomes passaram pela pasta sem grandes realizações. Dois
deles, Lineu Facundes e Edilson Pereira saíram indiciados pela Polícia Civil e
vão responder a processo. O mesmo aconteceu com um grupo de servidores depois
de investigações feitas dentro da SESA.
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Situação da HMML |
A secretaria
transformou-se em um barril de pólvora bem ao lado de um incêndio de problemas
que consome os hospitais Alberto Lima, da Mulher e da Criança. Todos passam
ultimamente por um dos piores momentos administrativos desde que começaram a
funcionar. Mais uma prova disso foi dada pelo Conselho Regional de Medicina,
que divulgou esta semana o resultado de uma fiscalização feita no Hospital da
Mulher após receber a denúncia de que 12 bebês haviam morrido. De acordo com o
presidente do Coren, Aureliano Pires, o número de mortes não foi confirmado.
Dos 12 óbitos informados, apenas 2 tiveram confirmação, o que não deixa de ser
problema.
A partir da ida ao
hospital, o Coren enumerou uma série de irregularidades colocadas em um
documento de 14 páginas que relata situações de precariedade que vão da
estrutura física à falta de pessoal, segundo explicou o presidente.
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Doutor Aureliano Pires, presidente COREN/AP |
A primeira
observação feita foi a dificuldade para o tráfego de macas para transportar
pacientes em estado grave para uma média de atendimentos que chega de 70 a 80
pacientes e tem ainda um setor de observação com espaço reduzido. Outra
gravidade é a falta de pessoal nos diversos setores. De acordo com o relatório
do Coren, na Observação não existe ninguém, enquanto o número ideal seria de
quatro profissionais. No Alto Risco trabalham dois enfermeiros, enquanto o
ideal seriam 15. No Setor de Parto Normal, existem dois, enquanto ideal seriam
12. No Pós Operatório a situação é ainda pior. Dois enfermeiros atuam em uma
realidade que exige 20 profissionais. O problema continua se agravando. Na UTI
Neo Natal, são seis enfermeiros, mas o hospital precisaria de 33 a 39. Ainda de
acordo com o Coren, a supervisão e avaliação das atividades não são r ealizadas
de forma contínua, com os registros de enfermagem não sendo feitos nos horários
padrão e nem assinados pelo profissional.
O Conselho de
Enfermagem vai enviar relatório à Secretária de Estado da Saúde Olinda
Consuelo, tratando da situação encontrada na maternidade. No prazo de 30 dias
será feita outra visita para verificar se alguma providência foi tomada.
Resumindo o que viu na Maternidade Mãe Luzia, o presidente do Coren disse ter
sido surpreendido com algumas situações. A mais chocante delas, o mau cheiro
sentido logo na entrada do hospital. “Logo ao chegar nos deparamos com aquele
odor de fossa. Aquilo é um hospital. Como pode os pacientes e os funcionários
ficarem respirando aquele mau cheiro?”, questionou Pires. Segundo ele,
problemas graves podem surgir a partir desta situação. O caso ganhou repercussão
na mídia local para logo depois ser rebatido pela secretária de saúde. Segundo
ela, a morte das crianças é algo perfeitamente normal e previsto nas
estatísticas. A declaração
dada por ela aos veículos de comunicação repercutiu negativamente. Consuelo foi
mais além e também considerou normal o odor da fossa dentro da maternidade.
Recebeu mais críticas e se calou. Na contramão, o governo anunciou as obras da
Maternidade do Parto Normal sem sequer conseguir administrar a que já existe.
A precariedade também
foi denunciada por médicos neonatologistas. Um documento assinado por estes
profissionais dá conta da falta de equipamentos básicos e deficiência de
profissionais. O primeiro item denuncia a ausência de fisioterapeutas, técnicos
de enfermagem e pediatras. O segundo item é a falta de materiais essenciais e
em perfeito estado de funcionamento, entre eles, sensores para monitor,
aspiradores, CPAP nasal, berços, incubadoras, equipo para bombas de infusão,
umidificadores e prongas para assistência respiratória, pequenos aparelho que
evita o entubamento da criança. O documento também assinala falta de álcool,
papel toalha e até sabão para lavar as mãos.
Hoje,
segundo os médicos, a proporção de técnicos de enfermagem é de dois
profissionais para cuidar de 18 a 22 crianças. Um outro problema grave são os
casos de infecção. O hospital está com seis casos de infecção por Klebsiela e
três por Pseudomonas. Além destes, existiriam mais infecções causadas por
outros agentes infecciosos.
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