sexta-feira, 30 de agosto de 2013


Urbanismo e a formação de um conceito


Para muitos autores, correntes e demais estudiosos o Urbanismo é considerado como uma ciência que nasceu no final do século XIX, para o estudo, a organização e intervenção no espaço urbano, como prática das transformações necessárias à realidade caótica das condições de habitação e salubridade em que viviam os habitantes de grandes cidades européias, na época da revolução industrial.  Entretanto uma maior maturidade teórica só foi alcançada então no final do século XX. Como área do conhecimento autônomo surgiu para estudar e buscar soluções para os problemas da cidade, sendo esta um espaço em transformação permanente, que, no entanto se for observada durante um curto período de tempo pode parecer estática.

O termo “Urbanismo”, mais difundido é de origem francesa, de acordo com Bardet (1990) este termo surgiu por volta de 1910, na França, no Bulletin de la Societé Geographique para denominar uma “nova ciência” que se diferenciava das artes urbanas anteriores por seu caráter crítico e reflexivo e, pela sua pretensão científica, sendo epistemologicamente o estudo da cidade (urbe, do latim significa cidade).No entanto, Segundo Bonet (1989) o termo Urbanismo teria sido criado em 1868, quando Cerdá escreveu a Teoria General de la Urbanización.
O surgimento da concepção de Urbanismo teria acontecido em 1910, quando teria sido apresentado no Congresso de Londres onde se reuniram vários dos estudiosos pioneiros no campo do Urbanismo. Neste ano seria utilizado pela primeira vez o termo “Urbanismo” e se realizou a primeira exposição sobre o mesmo, que teve lugar em Berlim, na Alemanha.

       Para outros estudiosos o Urbanismo traz uma noção que o abrange de forma que ele seja tão velho quanto a civilização urbana, como se o termo já existisse desde que quando o homem cria uma organização morfológica para o espaço das cidades (HAROUEL, 1990), pois desde que surgiram as primeiras comunidades havia indícios de uma organização hierárquica de espaços de poder (a exemplo da Polis grega e a Civitas romana, na civilização antiga), ou para a defesa do território, o que nos leva a crer que o Urbanismo já se praticava como ação de ordenamento do território, porém sem um caráter científico.

         O Congresso Internacional de Arquitetura Moderna de 1933 – realizado em Atenas, se estabeleceram os princípios do “Urbanismo Moderno”, e se produziu um documento que ficou conhecido como A Carta de Atenas.  Este documento é fruto das reuniões do CIAM, tendo sido publicado oito anos depois, em Paris, tornando-se referência para muitos urbanistas por muitos anos, com forte influência da corrente francesa principalmente das idéias funcionalistas de Le Corbusier (grande promotor e divulgador destas ideias).

Urbanismo, principalmente a partir da época do chamado “Modernismo”, entre as décadas de 30 e 40, do séc. XX foi  estudado e praticado de acordo com o desejo de inserção dos arquitetos na problemática urbana, numa tentativa de deslocar o discurso arquitetônico (das obras de arte) para o campo urbanístico, porém a atividade profissional ficou dividida entre o paradigma do individualismo do projeto e o paradigma do Urbanismo multidisciplinar. Isto poderia ser considerado justamente a divisão de correntes entre arquitetos, ou “arquitetos-urbanistas”, que teriam uma visão mais próxima do individualismo de projeto, e dos urbanistas, mais preocupados com o caráter multidisciplinar na análise e busca de soluções sobre os problemas da cidade (Sampaio, 2001).

Buscar entender o Urbanismo como o conjunto de ações voltadas ao planejamento, a gestão da cidade e ao ordenamento do uso e ocupação do solo urbano em várias escalas desde a escala local à regional, porém devendo haver uma abordagem multidisciplinar acerca do território (sob seus aspectos históricos, culturais, econômicos), de maneira transversal e multireferencial, envolvendo várias áreas do conhecimento e, sobretudo as questões políticas, de maneira que se possa alcançar a sustentabilidade sócio-ambiental urbana.

No contexto brasileiro, assim como em outras partes do mundo, o Urbanismo recebe, às vezes, diversas denominações distintas, e um exemplo é a denominação planejamento urbano, sendo que este último se aplica ao planejamento de uma cidade individualmente abrangendo toda a ação do estado sobre o urbano e sobre o processo de urbanização.
       O New Urbanism (Novo Urbanismo) é voltado para um planejamento físico-territorial (clássico e elitista), mais restrito, talvez por isto é que o Congress of New Urbanism (1999), realizado nos EUA, incorra da sua abertura interdisciplinar, apesar de no fundo animado por um tipo de profissional, o “arquiteto-urbanista” (Souza, 2002).


É de fundamental importância discutir o conceito ou ideia (afinal de qual o Urbanismo se fala? E com que objetivo?), observando-se as críticas aos modelos de desenvolvimento urbano, além das experiências desenvolvidas. O conjunto de ações de intervenção no espaço urbano deve contribuir para o seu desenvolvimento e sua melhor qualidade de vida, adequando-se às suas necessidades e suas reivindicações coletivas. 

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