Urbanismo
e a formação de um conceito
Para muitos autores, correntes e demais
estudiosos o Urbanismo é considerado como uma ciência que nasceu no final do
século XIX, para o estudo, a organização e intervenção no espaço urbano, como
prática das transformações necessárias à realidade caótica das condições de
habitação e salubridade em que viviam os habitantes de grandes cidades
européias, na época da revolução industrial.
Entretanto uma maior maturidade teórica só foi alcançada então no final
do século XX. Como área do conhecimento autônomo surgiu para estudar e buscar
soluções para os problemas da cidade, sendo esta um
espaço em transformação permanente, que, no entanto se for observada durante um
curto período de tempo pode parecer estática.
O
termo “Urbanismo”, mais difundido é de origem francesa, de acordo com Bardet
(1990) este termo surgiu por volta de 1910, na França, no Bulletin de la
Societé Geographique para denominar uma “nova ciência” que se diferenciava
das artes urbanas anteriores por seu caráter crítico e reflexivo e, pela sua
pretensão científica, sendo epistemologicamente o estudo da cidade (urbe,
do latim significa cidade).No entanto, Segundo
Bonet (1989) o termo Urbanismo teria sido criado em 1868, quando Cerdá escreveu
a Teoria General de la Urbanización.
O surgimento da concepção de Urbanismo teria
acontecido em 1910, quando teria sido apresentado no Congresso de Londres onde
se reuniram vários dos estudiosos pioneiros no campo do Urbanismo. Neste ano
seria utilizado pela primeira vez o termo “Urbanismo” e se realizou a primeira
exposição sobre o mesmo, que teve lugar em Berlim, na Alemanha.
Para outros estudiosos o Urbanismo traz uma noção que o abrange de forma
que ele seja tão velho quanto a civilização urbana, como se o termo já
existisse desde que quando o homem cria uma organização morfológica para o
espaço das cidades (HAROUEL, 1990), pois desde que surgiram as primeiras
comunidades havia indícios de uma organização hierárquica de espaços de poder (a
exemplo da Polis grega e a Civitas romana, na civilização
antiga), ou para a defesa do território, o que nos leva a crer que o Urbanismo
já se praticava como ação de ordenamento do território, porém sem um caráter
científico.
O Congresso Internacional de
Arquitetura Moderna de 1933 – realizado em Atenas, se estabeleceram os
princípios do “Urbanismo Moderno”, e se produziu um documento que ficou
conhecido como A Carta de Atenas. Este documento é fruto das reuniões do CIAM,
tendo sido publicado oito anos depois, em Paris, tornando-se referência para
muitos urbanistas por muitos anos, com forte influência da corrente francesa
principalmente das idéias funcionalistas de Le Corbusier (grande promotor e
divulgador destas ideias).
Urbanismo, principalmente a partir da
época do chamado “Modernismo”, entre as décadas de 30 e 40, do séc. XX foi estudado e praticado de acordo com o desejo de
inserção dos arquitetos na problemática urbana, numa tentativa de deslocar o
discurso arquitetônico (das obras de arte) para o campo urbanístico, porém a
atividade profissional ficou dividida entre o paradigma do individualismo do
projeto e o paradigma do Urbanismo multidisciplinar. Isto poderia ser
considerado justamente a divisão de correntes entre arquitetos, ou “arquitetos-urbanistas”,
que teriam uma visão mais próxima do individualismo de projeto, e dos
urbanistas, mais preocupados com o caráter multidisciplinar na análise e busca
de soluções sobre os problemas da cidade (Sampaio, 2001).
Buscar entender o Urbanismo como o
conjunto de ações voltadas ao planejamento, a gestão da cidade e ao ordenamento
do uso e ocupação do solo urbano em várias escalas desde a escala local à
regional, porém devendo haver uma abordagem multidisciplinar acerca do
território (sob seus aspectos históricos, culturais, econômicos), de maneira
transversal e multireferencial, envolvendo várias áreas do conhecimento e,
sobretudo as questões políticas, de maneira que se possa alcançar a
sustentabilidade sócio-ambiental urbana.
No contexto brasileiro,
assim como em outras partes do mundo, o Urbanismo recebe, às vezes, diversas
denominações distintas, e um exemplo é a denominação planejamento urbano,
sendo que este último se aplica ao planejamento de uma cidade individualmente
abrangendo toda a ação do estado sobre o urbano e sobre o processo de
urbanização.
O New Urbanism (Novo Urbanismo) é
voltado para um planejamento físico-territorial (clássico e elitista), mais
restrito, talvez por isto é que o Congress of New Urbanism (1999),
realizado nos EUA, incorra da sua abertura interdisciplinar, apesar de no fundo
animado por um tipo de profissional, o “arquiteto-urbanista” (Souza, 2002).
É de fundamental importância
discutir o conceito ou ideia (afinal de qual o Urbanismo se fala? E com que objetivo?),
observando-se as críticas aos modelos de desenvolvimento urbano, além das
experiências desenvolvidas. O conjunto de ações de intervenção no espaço urbano
deve contribuir para o seu desenvolvimento e sua melhor qualidade de vida,
adequando-se às suas necessidades e suas reivindicações coletivas.
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