sexta-feira, 29 de novembro de 2013

REALIDADE

REALIDADE

Igor Santana Diretor do Centro Nefrologia do Amapá

Diretor revela realidade da Nefrologia do HCAL.
Setor só funciona na propaganda do governo 


Wagner Cubilha
Da Reportagem

O setor de nefrologia que funciona no Hospital das Clínicas Alberto Lima passa um de seus piores momentos. Sem equipamentos básicos para atender aos pacientes e sequer medicações, o dia a dia de quem precisa do tratamento é complicado. De acordo com pacientes, falta de gase a seringas e muita gente está sendo obrigada a comprar em farmácias para não deixar de receber os remédios. Nossa equipe teve acesso ao setor e conversou com um funcionário. A conversa está transcrita abaixo.  
 
Nefrologia

Wagner: Eu estou aqui na nefrologia onde estão reunidos alguns pacientes falando sobre a angústia que eles estão por conta da falta de alguns medicamentos e correlatos, não teria agulha, nem gaze, para essa próxima troca de pacientes nas máquinas.
Igor: Nós estamos com algumas situações. Você trabalhou na Sesa. Você teve a oportunidade de ver nosso trabalho na nefrologia, nestes últimos dois anos. Você tem propriedade agora de falar sobre as dificuldades que a Sesa tem em adquirir os correlatos, fazer as licitações para comprar. Mas assim, nós temos algumas dificuldades, mas a falta de material de correlatos, tipo gazes para "desligar" os pacientes, não está acontecendo em sua totalidade. O que existe é a compra de gaze em rolo. Quando se compra a gaze em rolo, isso faz com que a enfermagem tenha que cortar, porque ela vem igual a uma atadura. Corta-se em pedaços pequenos, e aí vai dobrando, só que não é aconselhável fazer isso, a CCIH condena isso amigo.

Wagner: Mas porque que é comprado assim Igor?
Igor: Bom, aí quem tem essa resposta é a Secretaria de Saúde.

Wagner: Mas eu te faço uma pergunta. A secretária de Saúde, Olinda Consuelo, sendo enfermeira, não sabe que isso é proibido?
Igor: Sabe com certeza absoluta.
Wagner: Eu tive a informação que você e mais alguns técnicos junto com pacientes, chegaram a fazer um documento e entregaram ao MPF, mostrando a situação da qual vocês estão passando aqui. Porque eu também tenho a informação que você envia vários ofícios à Sesa, relatando a situação que vocês estão passando aqui, e não obtém re3sposta.
Igor: Você teve a oportunidade de acompanhar meu trabalho à frente da nefrologia nestes últimos dois anos, e com muita propriedade, e com muita presença inclusive na Secretaria de Saúde, você conhece a minha postura, e o meu posicionamento. Estou tentando me antecipar aos problemas, inclusive em relação a questões da imprensa. Sobre denúncias que os pacientes sempre fazem, eu apoio as denúncias, todas as reivindicações, eu não permito politizar as denúncias, mas quando elas são verídicas eu permito sim. Então é fato, eu não posso dizer que eu denunciei a secretária no MPF, para não sofrer retaliações como venho sofrendo. Só que você pode confirmar que um grupo de pacientes, um grupo de médicos, entregou parte dos documentos que a nefrologia encaminha à Sesa pedindo soluções, enquanto necessitamos desse suporte e dessa logística.


Wagner: Então a entrega desses documentos foi entregue por médicos da nefrologia?
Igor: Por médicos e pacientes.

Wagner: Igor o que você acha que seria necessário para mudar a situação desses pacientes?
Igor: aquisição de material de correlatos. Primeiro para começar, nós temos uma agulha, o número dessa agulha é 13X4, 5. É a mesma agulha para insulina. Nós a usamos para aplicar uma medicação chamada Eprex.

Wagner: E está faltando?
Igor: É difícil encontrar essa agulha no hospital. Uma semana tem duas, em outra tem, na outra não.

Wagner: Enquanto administrador da nefrologia, como você se sente na questão de seus servidores, trabalharem ali no risco total?

Igor: Vou lhe ser bem sincero. Tenho visto o governador Camilo tentando ajudar a gente. Só que nesse momento o suporte teria que vir da Sesa. E infelizmente, pelo que temos constatado, este é o pior momento que a nefrologia tem passado. É o pior momento que a nefrologia passa no Estado do Amapá. No ano de 2011 eu vivia correndo na Sesa pedindo socorro, mas socorro mesmo. Na época a Sesa chegou a fazer uma licitação, onde conseguimos equalizar a falta de medicamentos e correlatos da nefrologia, naquela época.  Nós conseguimos com toda dificuldade desenvolver nosso trabalho não a contento, mas principalmente com segurança aos pacientes, e aos nossos servidores. Hoje nós estamos ofertando gaze que a própria CCIH do hospital não autoriza a utilização. Porque o correto era comprarmos as gazes cortadas, pois elas já vêm preparadas, esterilizadas para serem usadas em nossos pacientes. Hoje nós estamos cortando as gazes, e todos sabem que quando se corta aquela atadura, se solta um fiozinho, e estes fiozinhos que soltam pode infeccionar tanto a fistula quanto o cateter. Então, deixa eu te falar, nós estamos passando pelo momento mais crítico que a nefrologia já passou, desde o inicio do governo Camilo Capiberibe, não culpamos o governador, mas a partir do momento em que essa secretária assumiu, e desde então estamos colocando os nossos funcionários e pacientes em risco. Estou falando isso porque eu fui ao MPF, acompanhar os pacientes e os médicos, levamos cópias dos documentos que enviamos a Sesa, e pedimos ajuda ao Procurador da República e ao Ministério Público.

Wagner: Nós sabemos que este governo persegue as pessoas, você está com medo do que pode acontecer?
Igor: Eu sou um profissional, não posso ter medo. Na verdade eu recebo apenas uma gratificação para estar na nefrologia. A única coisa que eu queria era que o governador Camilo não caísse na co-responsabilidade desses problemas por conta dessa mulher aí. Essa mulher está acabando com a vida de todos os trabalhadores que trabalham na ponta com os usuários.

2 comentários:

  1. Parabens diretor, vc realmente tem a coragem que muitos com medo de represarias e perseguição não podem falar.............

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  2. Olá TRIBUNA AMAPAENSE TRABALHO NO HOSPITAL DE CLINICAS DR ALBERTO LIMA E GOSTARIA DE FAZER UMA DENUNCIA POIS ESTAMOS TRABALHANDO SEM CONDIÇÕES. MUITOS SERVIÇOS ESTÃO PARADOS POR AQUI......O SETOR DE ARQUIVO ONDE VERIFICA O PRONTUARIO DOS PACIENTES ESTÁ SEM COMPUTADOR PARA TER ACESSO, COM ISSO OS PACIENTES ESTÃO CONSULTANDO SEM PRONTUARIO. NA FARMÁCIA AMBULATORIAL ESTÁ SEM OS MEDICAMENTOS BASICOS DO BASICOS. AS SALAS DE ATENDIMENTO MÉDICOS ESTÃO SEM CENTRAL DE AR, POIS OS MEDICOS ESTÃO CONSULTANDO NO CALOR. ISSO E DESUMANO. A EQUIPE DE SERVIÇOS GERAIS NÃO ESTÃO LIMPANDO O HOSPITAL PQ NÃO ESTÃO RECEBENDO. A MAQUINA DE AUTO-CLAVE QUE FAZ A ESTERILIZAÇÃO DOS MATÉRIAS DE SUMA IMPORTÂNCIA PARA O HOSPITAL NÃO ESTA FUNCIONANDO. COM ISSO ATRASA OS SERVIÇOS NOS AMBULATORIOS E CENTRO CIRURGICO.

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