sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Raul Tabajara
raul.silva@ibge.gov.br

A Mulher Amapaense


O dom que leva diretamente a mulher à divindade é sem duvida a maternidade, e na opinião de muitas pessoas, não existe DEUS, mas sim DEUSA, que pari, e não um DEUS macho que está no céu, estando a mulher na terra. Mas isso é papo para outra ocasião. 

Hoje, verificamos que o movimento em defesa das mulheres no Amapá com suas diversas frentes é proporcionalmente um dos mais atuantes do País e está na mídia o ano todo; exerce pressão por Políticas Públicas que visem melhorias da qualidade de vida das mulheres, principalmente às mais necessitadas, que são as de baixa escolaridade e provavelmente, em função disto, de baixa renda, e dentre estas, as que mais se destacam, são mulheres negras. Isso ocorre devido a alguns grupos de mulheres já terem alcançado certo grau de maturidade, organização e de reconhecimento em seus direitos básicos de cidadã e principalmente de MULHER.

 Em decorrência dessas atuações, observamos nas últimas pesquisas oficiais que os indicadores socioeconômicos apontam melhoras, com taxas acima da média nacional para as mulheres amapaense em decorrências de Políticas Públicas, implementadas nos últimos anos pelos Governos Federal, Estadual e Municipal. 

Há um certo tempo, li em uma coluna de um diário, a afirmação que as mulheres amapaenses são maiores que as de Atenas. Essa afirmativa é, como tudo é nessa vida, relativa, porém, LINDA como as mulheres amapaenses. Mas de uma coisa tenho certeza, a mãe amapaense é a maior do BRASIL. 

Em 1970, a taxa de fecundidade da mãe amapaense girava em torno de 8 filhos por mulher. Essa era a maior taxa de fecundidade do país na época, e, correspondia às taxas de países bem menos desenvolvidas que o nosso. Cerca de 30 anos depois, em 2000, esse indicador teve uma queda de 50 %, e as mulheres amapaenses já tinham apenas quatro filhos em média.

Vale salientar que essa redução não ocorreu naturalmente, pois uma queda dessa proporção em um período de tempo relativamente curto, não costuma ocorrer em um indicador tão importante como: número médio de filhos por mulher.  Então o que levou a esta mudança com as mulheres do Amapá?

Claramente a resposta que vem é a EDUCAÇÃO.  A partir da metade dos anos 70, quando a televisão começou a atuar em Macapá, as mulheres começaram a ter acesso às informações da maneira de como melhor lidar com seu corpo, fazer escolhas e exigir seus direitos de mulher. Ainda no começo dos anos oitenta, começou a popularização aqui no Amapá, do que já vinha ocorrendo nos centros mais desenvolvidos, os métodos contraceptivos, principalmente a pílula anticoncepcional, que já havia sido moda nos anos 60 nos grandes centros do país. 

Lembramos também que na primeira década dos anos oitenta, programas de televisão como TV mulher e Malu Mulher, tiveram sua contribuição nesse despertar da mulher amapaense, porém, o aumento do nível da escolaridade e o acesso das mulheres à universidade e ao mercado de trabalho, foram fundamentais nessa redução da fecundidade.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD e o censo de 2010 revelam que a mulher amapaense continua com uma das maiores taxas de fecundidade do país, próximo de 3 filhos por mulher, enquanto a do Brasil ficou abaixo de 2, esta praticamente uma taxa de reposição.  Essas pesquisas revelam ainda que 70 % das mulheres amapaense entre 15 a 49 anos já tiveram filhos, o que corresponde a 158 mil mulheres. 

Além da redução da fecundidade, outro indicador que mostra o avanço das mulheres amapaense nas últimas décadas é o que mede a responsabilidade pelos domicílios. Possuímos algo em torno de 160 mil domicílios, sendo que em 30% deles as mulheres foram identificadas como responsáveis, e essa taxa é a terceira maior do país ficando atrás apenas do Rio de Janeiro e o Distrito Federal. Dentro dessa linha, observamos ainda que dos domicílios cujo responsável é uma mulher, um terço, por volta de 16 mil, as mulheres se declararam responsáveis mesmo possuindo cônjuge, sendo essa taxa menor apenas em relação ao Distrito federal.
O avanço é também observado nos novos arranjos conjugais que são formados. No censo de 2010 verificou-se que 188 casais se declaram por serem do mesmo sexo, e o que chama a atenção é que desses 78%  são formados por mulheres e 22%  são casais masculinos.

Essas e outras informações fazem parte de um sistema de indicadores sobre os diversos aspectos associados ao desenvolvimento humano e social das mulheres no âmbito da família, do trabalho, da educação etc, elaborados a partir dos microdados da amostra dos Censos Demográficos do IBGE.  
O Sistema Nacional de Informações de Gênero (SNIG), de iniciativa da Secretaria Especial de Política para as Mulheres, órgão ligado diretamente à Presidência da República. Esse Sistema foi desenvolvido para servir como instrumento de conhecimento da realidade das mulheres no Brasil, oferecendo subsídios indispensáveis ao planejamento e implementação de políticas públicas nesta área.

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