A geração "nem-nem"
O relatório Trabalho Descente e Juventude na América Latina: Políticas para Ação, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado no último dia 13 de fevereiro, mostra que 21,8 milhões dos latino-americanos entre 15 e 24 anos não estudam, nem trabalham, o que representa 20,3% dos jovens.
Destes 21,8 milhões denominados "nem-nem", 30% são homens e 70%, mulheres, diz o estudo. Aproximadamente 25% desses jovens (5,3 milhões) buscam trabalho mas não conseguem, 16,5 milhões não trabalham nem buscam emprego. Cerca de 12 milhões de jovens dedicam-se a afazeres domésticos, sendo 92% desse grupo constituído de mulheres jovens.
Cerca de 4,6 milhões de jovens são considerados pela OIT o "núcleo duro" dos excluídos, pois representam o maior desafio e estão sob o risco de exclusão social, já que não estudam, não trabalham, não procuram emprego e tampouco se dedicaram aos afazeres domésticos.
Os países da América Latina com maior percentual de jovens "nem-nem" são Honduras, com 27,5%. Guatemala, com 25,1%, e El Salvador, com 24,2%. Os países com menor percentual são Paraguai, com 16,9%, e Bolívia, com 12,7%. No Brasil, 19,6% de jovens entre 15 e 29 anos não trabalham nem estudam, o que representa uma população maior do que o estado de Pernambuco, que de acordo com o Censo de 2010, era de 8,7 milhões de pessoas.
Veja como está distribuída a atividade da população jovem no Brasil, conforme os dados da Pesquisa Nacional de Domicílios - Pnad 2012 (IBGE).
Aqui no Amapá, ainda segundo a Pnad-2012 (IBGE) a população "nem-nem" é 27,8%, ou seja, 49.600 jovens de 15 a 29 anos de idade não frequentavam escola nem trabalhavam, isto significa dizer, aproximadamente 2 a cada 7 jovens. Para se ter uma ideia do isto representa, é maior do que a população do município de Laranjal do Jari, estimada para 2013, que é de 43.832 habitantes (IBGE). A proporção do Amapá, foi mais alta do país. Em segundo lugar vem o estado de Alagoas com 27,4% dos jovens nessa situação.
No grupo de 15 a 17 anos, a proporção dos jovens que não estudavam nem trabalhavam foi de 11,9%. Essa incidência foi de 35% entre aqueles com 18 a 24 anos, e de 32,3% na faixa de 25 e 29 anos.
Diante destes indicadores, é latente a necessidade de implementação de políticas públicas para que esses jovens possam ser inseridos na sociedade como cidadãos e que se sintam produtivos. Temos assistido manifestações de representantes do executivo e legislativo discursando sobre implementação de politicas públicas, mas na prática nada se efetiva. Muito pouca coisa é vista neste sentido. Não podemos ficar somente com as falácias, as ações devem ser concretizadas.
Agora o que estamos vendo são os jovens envolvidos de maneira negativa com as manifestações e com os mais diversos delitos. Nas ocorrências em geral mostradas pela imprensa está lá um jovem que é o autor ou comparsa. Dizem que nas selas do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá - IAPEN é difícil encontrar um preso com mais de 40 anos de idade. Então o que deduzimos, é que os nossos jovens estão indo todos para a cadeia.
A dificuldade de obtenção de algum tipo de renda aliada a ociosidade do dia a dia promove a delinquência. Esta é uma realidade frustrante e significa que parte de algumas gerações estão sendo perdidas. Muitos desses jovens continuarão à margem da sociedade e, conforme constatado nos presídios, suas vidas serão curtas. Como mudar esta realidade? Com a palavra os senhores em que a população confiou um mandato eletivo e que poderá ou não ser renovado agora em 2014.
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