Vivaldo Guedes Braga (Balalão) - Lateral direito
Reinaldo Coelho
Lateral direito, cabeça de área e lateral esquerdo. Com esse tripé de opções, Vivaldo Guedes Braga, o Balalão, ajudava o técnico Odorval Moraes a ter facilidade em escalar a equipe oratoriana na década de 70 e 80. Ele era um dos garotos da turma da Euclides da Cunha, filho do 'seu Baia', que jogava nos fins de tarde as peladas de rua, chegando até o campo da Igreja Nossa Senhora de Fátima.
"Batíamos as peladas com a garotada na rua de casa e em seguida chegamos a frequentar jogos dominicais na paróquia Nossa Senhora de Fátima, que com o tempo se transformou no Oratório Recreativo Clube (ORC), atualmente funcionando próximo a igreja".
Balalão lembra que começou sob o comando de Odorval Moraes. "Ele dava todo o suporte para a garotada. Ele fazia de tudo, era técnico, treinador, preparador físico, roupeiro, enfim, o paizão de todos nós. Tivemos grandes nomes que ali jogaram e partiram para o futebol profissional, pois o Ordoval era empenhado em descobrir talentos e formar grandes craques do futebol amapaense".
Com o incentivo e apoio desse grande nome do futebol amapaense, Balalão conta que o ORC participou de torneios até chegar à segunda divisão do futebol amapaense. "Disputamos campeonatos amadores e Odorval foi quem deu a mão àquela rapaziada, que, graças a Deus, deu bons frutos. Uma das regras era a participação na missa para poder jogar".
Essa exigência, na época, era executada por muitos como obrigação e ajudou na formação do caráter e personalidade da molecada. Hoje, a maioria é pai de família e tornou-se exemplo de honradez. "Meus colegas da época foram Carlinho, Jango, Arnaldo (falecido), Roberto Gato, meu irmão, Pedrinho".
Trajetória
Balalão teve sua trajetória futebolística desenvolvida nos quadros do Oratório Recreativo Clube. Ele conta que disputou somente uma temporada pelo Cristal Atlético Clube, rival do Oratório no bairro Santa Rita.
"A minha melhor temporada foi quando fui escolhido para jogar na segunda divisão, disputei pelo Cristal. Não tive pretensão de jogar fora do estado, principalmente porque sempre fui um jogador limitado e minha posição requeria força física para montar as jogadas. O pensador do time era o armador, que era o 'Raimundinho', que tinha mais habilidade e refinamento com a bola. Fazia a armação para o pessoal fazer o gol. Meu forte era minha força física. Pois sempre me preparei bem, nunca usei artifícios (drogas) para obter preparo físico".
Ontem e hoje
Vivaldo Guedes Braga destaca a inauguração do Zerão e a necessidade de arenas de futebol para as disputas do Amapazão no estado. Ele também comenta a ausência do torcedor nas arquibancadas e diz que é resultado do "sofrível desempenho técnico nos gramados dos clubes que disputam o campeonato estadual".
"Naquela época, o futebol amador era muito bem praticado, porém, não poderíamos permanecer nesse estilo. Ali predominava o amor à camisa, já que não éramos assalariado do futebol. Jogávamos nos times que nos identificávamos, dentro do próprio bairro. Tínhamos torcida organizada, tínhamos clássicos. Um exemplo foi o Oratório que começou pequeno, com poder aquisitivo baixo para realizar contratações, mas mesmo assim realizamos excelentes jogos contra os grandes da época. Não fazíamos feio e não era fácil ganhar o Oratório".
Hoje, Balalão diz que o profissional tem que ter capital, uma boa folha de pagamento para conseguir uma boa equipe. "Eles se enganam. Os cartolas fingem que pagam e os jogadores fingem que jogam. Os clubes estão todos endividados sem capacidade de investir. Não existe um setor de marketing para vender o clube e angariar patrocínio e formar bons elencos. Isso não tem acontecido aqui em Macapá, infelizmente. O futebol do Norte está difícil de deslanchar. Eu acredito que seja falta de planejamento dos cartolas e também da federação em montar um calendário de jogo que combine com o calendário nacional".
Balalão ressalta que os times amapaenses ficam mais de dez meses parados e recomeçam os treinamentos próximo das competições. "Um exemplo foi a Seleção Amapaense que perdeu para a Seleção Brasileira Sub-20 de 4 a 1, pois foi montada há três dias do jogo. Os jogadores não tiveram tempo de se entrosar ou ensaiar boas jogados". No Amapá tudo é do improviso. Tem que ter os treinos. É preciso trabalhar o calendário. Os estaduais começam em meados de janeiro e o Amapazão nem data fixa tem. Quando acabam os estaduais é que os clubes amapaenses vão buscar as 'sobras' e colocam aqui para jogar. No Pará a impressa esportiva diz que eles têm dois turnos no campeonato, o primeiro são as equipes paraenses e o segundo turno é o campeonato amapaense. Tanto que basicamente o time do Oratório era a equipe da Tuna".
Essa é a realidade amapaense. É necessário investir nas categorias de base, montar os Centros Técnicos e colocar os jogadores em campo. "Quem vem para cá não joga essa bola toda. Não acreditam na prata da casa. O nosso futebol tem que ser alavancado. Este ano teremos cinco clubes disputando o Amapazão. É uma vergonha".
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