No momento em que os leitores leem a coluna, estou em Goiabal, distrito de Calçoene. Chegar aqui é uma verdadeira aventura. A estrada, de apenas 22 quilômetros que separam a praia da sede do município, parece uma eternidade. Os 51 milhões que o governador aplicou no Ramal do Bacabinha seriam melhor aplicados aqui. O local tem potencial agrícola e turístico. É um paraíso na terra.
•A bunda
É carnaval. E certamente um personagem será reiteradamente visto nesta época. Senhoras e senhores, eu falo dela. Dela que, de tão influente, já estendeu seus domínios às mais altas esferas da vida pública. Não há uma só manifestação em que ela não esteja ali, insuflando multidões com sua palidez robusta, difundindo ideais de uma sociedade para quem o mundo virou as costas, e que agora repete o gesto para que todos saibam com quem é que estão se metendo. Senhoras e senhores, sabeis de quem eu falo. Eu falo dela que também no esporte já deu o ar de sua graça. Nos torneios de tênis, entre uma bola e outra, quando menos esperamos por ela, eis que cruza então a quadra com uma agilidade menina, com uma lepidez de dar inveja a qualquer Pete Sampras. Sim, senhoras e senhores, eu falo dela. Dela e de seu esplendor anatômico. Dela, o apogeu da estética feminina, a deusa da geometria rotunda. Senhoras e senhores, calai-vos, por que eu falo dela: da bunda. Mas, como diria Paulinho Lopez, filósofo iconoclasta do Bar do Abreu, a bunda tornou-se uma coisa ambígua. Ora lúbrica, ora cômica, agrada aos olhos, mas é risível aos instintos. A bunda virou piada morfológica. Daquelas que você ri do começo porque já conhece o final.
•Hélio Pennafort
Nas últimas duas semanas tenho citado nesta coluna, mesmo que em passant, o saudoso jornalista Hélio Pennafort. E não faço isso à toa. Acredito que o jornalismo amapaense deve muito ao Hélio Pennafort. Trabalhei com ele no jornal do Luiz Melo e confesso ter aprendido muito com essa convivência. O Hélio nasceu no Oiapoque, onde também começou sua produção jornalística e literária, através do Jornal Vaga-lume. Foi repórter de A Voz Católica, Rádio Educadora São José e TV Amapá além de ter publicado diversos livros e escrito e dirigido curtas metragens e documentários para televisão com temas regionais. Atuou como correspondente do Jornal do Brasil e foi colaborador do Jornal da Tarde e de O Estado de São Paulo, sem falar que foi um dos nossos maiores cronistas. Se tivessem um compromisso com a cultura e a memória, certamente governo e prefeitura reeditariam as obras do Hélio. Enquanto isso não acontece, cabe a nós relembrá-lo para que não seja esquecido pelas gerações futuras.
CAUSOS & LOROTAS DA POLÍTICA
Pauxy Gentil Nunes governou o Amapá de fevereiro de 1958 a março de 1961. Não abandonou o seu espírito extrovertido e se apegou mais ainda à sua vocação populista. Tanto que, a pretexto de festejar os aniversários do mês, Pauxy convocava todo mundo, no último sábado de cada mês, para uma feijoada na praia do Araxá, que era de sua propriedade, onde corria muita comida, cerveja e batida. A diferença que tinha das outras festanças de aniversário era porque nessas feijoadas havia também calorosos debates sobre os problemas do Amapá, com todos os presentes dispondo de ampla liberdade de expressão. Como estavam ali, além do governador, todos os diretores de divisão (hoje secretarias de governo), essas discussões geralmente tinham consequências imediatas. Muitos problemas saíam dali praticamente solucionados graças às sugestões oferecidas. Depois da discussão havia jogo de futebol. Enquanto Janary visitava os governados de cada em cada, Pauxy preferia o "furdunço" de uma feijoada. E não é que dava certo.
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