quinta-feira, 17 de abril de 2014

ARTIGO DO GATO

Roberto Gato

Destruindo pela beira

Estamos com os olhos voltados para o centro. Você ouve diariamente centenas de pessoas reclamarem da falta de saneamento, asfaltamento, recolhimento do lixo, falta de calçamento e etc. Todos problemas centrais, mas e a beira. Ninguém, ao que parece, tem se preocupado com ela. Digo a costa de Macapá e Santana mesmo. Falar de toda a costa do Estado então é que a coisa chega às raias do abandono. O governo federal fala em soberania nacional e preservação da Amazônia e nos abandona largados numa imensidão de mar, rio e oceano e com a Marinha do Brasil encastelada no Rio de Janeiro e São Paulo. E o Norte e a Amazônia e o Amapá, afinal de contas?
Nos últimos anos sinistros acontecem e são noticiados e amanhã são notícias velhas. As reportagens vão para os arquivos dos impressos, para os dedos-duros dos rádios e para os arquivos da televisão. Sobram, passando de mão em mão, as imagens registradas por celulares, que viagem velozes através das redes sociais. Mas quem discute os problemas? Quem apresenta solução para eles? Aconteceram, recentemente, seguidas mortes provocadas por explosões de embarcações que estavam fazendo transporte ilegal de combustível, acondicionado de forma inadequada.
Mas não é só esse o problema. O arrimo da frente da cidade está ruindo. O açoite intermitente das águas do Rio Amazonas está rompendo a barragem e a erosão ganha velozmente as ruas da orla. E o que está sendo feito? O Amazonas praticamente destruiu o bairro do Aturiá, avança sobre o Cidade Nova e Araxá. A obra do muro de arrimo está paralisada e apenas 100 metros dos 1.070 foram construídos, apesar de a placa da obra indicar a conclusão dos serviços para setembro, mas para que a obra alcance sua meta seria necessário que a empresa responsável construísse 194 metros de arrimo/mês. Ao se levar em consideração o desempenho da obra, até hoje, fica muito difícil de isso acontecer, pois a média de construção é de 12,5 metros/mês. O Píer do Santa Inês também passa pelo mesmo problema, falta de pagamento e a fiscalização da Caixa encontrou falhas na aplicação dos recursos. O cronograma físico da obra não bate com o financeiro e tudo fica com está, a nova previsão da Seinf para a conclusão da obra é junho de 2014. O orçamento inicial era de mais de R$ 8 milhões, mas como o governo perdeu o recurso federal o Governo do Amapá devolveu R$ 300 mil para a Caixa Econômica e precisou assumir o projeto. Hoje, a obra é tocada com recursos do BNDES e a contra-partida do estado, mas isso, ninguém cobra. Se o governo conseguisse resolver estes problemas e os logradouros funcionassem, com certeza, a nossa economia estaria em outra direção. A classe empresarial que explora o turismo padece de opções para quem visita nossas riquezas na orla da cidade.     

Enquanto os governos e a maioria dos políticos dividem suas atenções com o poder, e se preocupam em roubar o dinheiro público, o Rio Amazonas vai castigando a orla numa espécie de punição para um estado letárgico, que anda como curupira e cresce como rabo de cavalo.

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