sexta-feira, 25 de abril de 2014

CIDADE







DECADÊNCIA 

Balneário da Fazendinha está perto do fim


REIANLDO COELHO

O espaço antes considerado um dos principais pontos de encontro para banhos de rio, especialmente nos fins de semana em Macapá, está tomado por lixo, caramujos e muito mato. Atualmente, poucas pessoas se arriscam numa visita ao tradicional balneário da Fazendinha.
Localizado a 9 quilômetros de Macapá, o lugar pontificou no roteiro turístico do Amapá nos anos 1970 e 1980, quando a natureza, então intocável, encantava visitantes de todas as regiões brasileiras. Apesar da falta de conforto e estrutura, o espaço encantava com a exuberância ambiental, fauna e flora, além da águas límpidas do rio Amazonas. O balneário foi, por muito tempo, referência em entretenimento no Amapá.

O urbanista José Alberto Tostes lembra que o balneário foi descoberto no fim da década de 60. À época, havia poucas opções de lazer para a população de Macapá e Santana. O espaço, então, tornou-se o ponto para divertimento e banho, sendo intitulado balneário da Fazendinha. 
"Desde então, chegaram mais famílias visando fixar residências no local, e assim foram surgindo os primeiros estabelecimentos comerciais e barzinhos ao longo da praia, para atender aos banhistas", lembrou Tostes.
NA DÉCADA DE 70 FOI REVITALIZADO
No artigo que escreveu sobre o balneário, José Tostes diz "a partir de então [descoberta do espaço], o governo viu-se na obrigação de criar um lugar com mais infraestrutura de praia para atender às necessidades daqueles que procuravam a localidade, e, para tanto, construiu barraquinhas, estacionamento, calçadão, asfaltou a via que existe ali, e procurou melhorar também o sistema de transporte coletivo para que a população de baixa renda pudesse desfrutar deste lazer nos finais de semana".

NOVAS ESTRUTURAS DE LAZER
Revitalizado e com nova roupagem estrutural, o balneário recebeu novidades que atraíram mais ainda os visitantes. Passado o tempo, porém, o poder público freou nos investimentos e as atrações que ocorriam no local minguaram. O comércio passou a cobrar preços altos pelos produtos consumidos, afastando os mais carentes. 

Outra situação que ajudou na decadência do local, foi a estruturação de outros balneários que passaram a atender os moradores mais distantes de Fazendinha, como os da Zona Norte, atuais frequentadores do balneário do Curiaú.

Cobrança 
ESTA É A SITUAÇÃO DO TRADICIONAL BALNEÁRIO>: VAZIO

Moradores das ruas no entorno do balneário estão se mobilizando por meio de um abaixo-assinado. No documento, eles exigem do poder público uma manutenção mais eficaz no lugar. 
Os moradores do local são unânimes em afirmar as péssimas condições das ruas e avenidas do distrito, além da grande quantidade de lixo encontrado em vários trechos. “É só vocês entrarem em algumas ruas para ver a sujeira espalhada por todos os lados. Aqui ninguém faz nada para melhorar o bem estar dos moradores da Fazendinha. Estamos esquecidos”, reclamou a dona de casa Marcia Pera.

Os moradores dizem que o distrito recebe a atenção do poder público em duas ocasiões: no Macapá Verão e durante a Expofeira, eventos realizados na região uma vez por ano, cada. “Fazendinha ganha alguma coisa quando tem essas programações. Eles limpam os canteiros, fazem na verdade um ‘aga’ nessa época, mas passa muito rápido, e temos que esperar um ano para tudo acontecer de novo”, lamentou o pedreiro Antônio Vilhena.

Segurança

Apesar de ter um posto da Polícia Militar na área, os moradores dizem que os policiais não exercem as atividades corretamente. Segundo a comunidade, o posto fica a maior parte do dia sem policiamento, e a onda de violência é cada vez mais presente no distrito. Durante a noite, a ausência de luminárias favorece a ação de bandidos, na prática de assaltos e furtos na redondeza. 
Para o comerciante Moacir Souza, “muito se prometeu durante o ano passado, incluindo até uma audiência pública, onde todas as necessidades dos moradores seriam correspondidas através de ações do governo do estado e prefeitura”. “Tudo em vão, sabíamos que a conversa era para ‘boi dormir’. Esta aí a situação que ficou esse lugar, a cada dia cresce a criminalidade e nenhuma medida enérgica foi tomada. A verdade é que estamos no meio do tiroteio”, resumiu.
Abastecimento de água
O fornecimento de água tratada é outro problema enfrentado pelos moradores. “A água é um problema antigo e sem solução. Às vezes passamos dias sem uma gota na torneira”, reclamou Maria Dolores. 

Macapá Verão 
a TURMAS DOS PRIMEIROS MACAPÁ VERÃO
Em 2011, Fernando Canto, destacou em sua coluna ‘Canto da Amazônia’, os 30 anos do evento Macapá Verão. Ele criticou a falta de programação ou intenção de realizar o tradicional evento na capital.
O programa existe desde 1981 e iniciou em Fazendinha, como uma promoção do antigo departamento de turismo da Secretaria de Planejamento, à época dirigida pelo turismólogo pernambucano Flávio Zírpolli. O evento foi amplamente criticado por setores políticos contrários ao governo de Annibal Barcellos, o último governador do Amapá da era da ditadura militar.
Depois que a coordenação passou para a prefeitura, o Macapá Verão foi ampliado por todo o município e passou a exigir um grande aparato técnico e financeiro para a execução, dada a necessidade de contratação de sonorizações e artistas de diversos segmentos. Muitos deles ainda hoje reclamam do não-pagamento pelos seus trabalhos realizados no ano passado.
O evento tornou-se grandioso e caiu na graça do macapaense. Para este ano, segue a expectativa sobre a realização da programação durante as férias.


Despencam as vendas no comércio alternativo do balneário 

UM DOS VILÃO É PREÇO: SALGADO


Nos últimos 15 anos, o balneário da Fazendinha passou por várias transformações, a maioria promovida pela ação direta do homem sobre o meio ambiente. Encravado no sudeste macapaense, o distrito da Fazendinha, com seus mais de 22 mil moradores, é formado pelo conjunto habitacional Alphaville, o Pólo Hortifrutigranjeiro, o Mini Pólo, Murici, Vale Verde, Chefe Clodoaldo, Manari e Loteamento Pôr do Sol. 
Em pouco mais de uma década, a economia no local despencou. Quem reside no distrito garante: “prefere fazer compras em Macapá”. Por essa razão, quase todo tipo de comércio estagna e entra em decadência na região.

SEM NINGUÉM PARA COMPRAR
No balneário da Fazendinha, o declínio é visível.  Apesar da afluência de visitantes nos fins de semana e feriados, alguns comércios (bares e restaurantes) pararam de funcionar desde 2010. Os proprietários fecharam as portas, transferiram móveis e equipamentos para outros endereços e largaram os imóveis “ao Deus dará”. Antigos estabelecimentos comerciais, com clientela fidelizada em anos de atendimento, estão desmoronando e virando abrigos de desocupados, viciados em drogas e esconderijo de delinquentes.
O entorno das barracas sobre o calçamento, na frente dos bares e restaurantes, é outro retrato da decadência. “O lixo demora a ser recolhido e então exala um odor insuportável em alguns pontos da praia”, reclama a autônoma Joseane Medeiros, de 34 anos, que mora em Macapá. 
Apesar desse ‘estado’ de decadência, o cenário emoldurado pelo rio Amazonas ainda é rico pela beleza que a natureza produz e o homem destrói. “Falta mais cuidado. Só um pouquinho de atenção das autoridades para que isso aqui se transforme no melhor e mais ‘badalado’ balneário do Amapá. Tem tudo para dar certo”, diz a visitante.

ÉPOCA ÁUREA DO BALNEÁRIO LOTADO

O que restou da tradição

Antigos frequentadores do tradicional balneário dizem que apenas as boas lembranças restam do lugar. 
Imagine um local em que você poderia passear com a família e curtir momentos de lazer.  Imagine também que esse lugar seja um espaço arborizado e público, equipado com pista de bicicross e skate, quiosques com churrasqueiras, sanitários e vestuários, mesas e quadra de vôlei. Tudo de graça.
Acredite se quiser, esse era o balneário da Fazendinha. O espaço que conhecemos hoje, era um espaço público, conservado, e que atraía pessoas de várias cidades e principalmente na época do Macapá Verão, evento de esporte e lazer promovido durante as férias, que atraía milhares de amapaenses e paraenses.

Imagens do abandono


O Tribuna Amapaense visitou a Fazendinha, onde fez uma sessão fotográfica para mostrar a estrutura física da área danificada. Bancos e mesas estão quebrados, já não existe quadra de vôlei, nem quiosques com churrasqueiras e, muito menos, todo aquele espaço de lazer antes citado.
É nítido o abandono do balneário. A maioria dos quiosques está quebrada. As luminárias estão sem utilização, a concha acústica dos shows do Macapá Verão está abandonada. 
“Cansamos de tantas promessas. Não acreditamos mais em nenhum político. É revoltante saber que existem 24 deputados estaduais, 8 deputados federais, 3 senadores, governador, vereadores e prefeito fingindo que trabalham para o povo, mas o único interesse de assumir o cargo é para pensar em si, e que o povo se dane!”, reclamou Sena*.







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