ALAP
Audiência Pública marca Mobilização Indígena
Régis Sanches
Para Zezé Nunes é urgente o debate para buscar soluções para a enorme gama de dificuldades que aflige essas comunidades. "A garantia à terra, a preservação de sua cultura, a garantia à escolaridade de suas crianças e a assistência à saúde são alguns dos pontos cruciais que temos a obrigação de encaminhar", afirmou Nunes.
A Audiência Pública do Legislativo estadual integrou a programação do Encontro de Mobilização Pela Luta dos Direitos dos Indígenas através da Mobilização dos Povos Indígenas do Amapá e Norte do Pará. O evento transcorreu no período de 14 a 17 de abril e contou com a participação de representantes e lideres das etnias Apalai, Galibi Kal'ña, Karipuna, Kaxuyana, Palikur, Tiriyó, Txikuyana, Waiana e Waiãpi.
Entre os parlamentares, além do requerente Zezé Nunes (PV), participaram da audiência pública os deputados Aguinaldo Balieiro (PSB), Valdeco Vieira (PPS), Raimunda Beirão (PMDB) e Telma Gurgel (PRB).
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“Somos tratados como índios, mas somos etnias”
Com as galerias e o plenário tomados por índios de nove etnias, coube à única mulher cacique do Amapá o discursos mais tocante. “Por vinte anos, desde que o Amapá foi elevado à categoria de Estado, esse debate tem sido protelado. Temos sido tratados apenas como índios, mas representamos várias etnias, com diversidade cultural e direitos assegurados na Constituição”, enfatizou Sônia Gauajajará, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).
Sônia Guajajará lembrou o “extermínio” de quatro milhões de índios que habitavam o território brasileiro nos primórdios da colonização portuguesa. “Hoje, somos 305 etnias diferentes com 274 línguas diferentes”, enfatizou a líder. Segundo ela, “o Brasil não aproveita nossa diversidade cultural, pois nos tratam apenas como índios”.
A líder indígena arrancou aplausos quando enumerou as principais reivindicações das 305 etnias indígenas existentes no país. “Não são reivindicações, são direitos assegurados na Constituição Federal: educação e saúde de qualidade, direito à nossa cultura diferenciada e, principalmente, a garantia de nossas terras, protegidas e preservadas”.
Sônia Guajajará enfatizou que o modo de vida indígena é responsável pela preservação do planeta. “Se não forem preservadas as florestas e os rios não haverá sobrevivência de nenhum homem e de nenhum bicho”. Ao final, ela disse que as etnias indígenas são vítimas de preconceito e discriminação. E destacou: “Se estamos aqui, hoje, é por uma questão de resistência, de sobrevivência e preservação de nosso modo de vida próprio e diferenciado”.
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