sexta-feira, 11 de abril de 2014

REINALDO COELHO


 Vem aí o 
Ciclo do Marabaixo

O marabaixo é uma manifestação folclórica afro-amapaense, que consiste em homenagear o Divino Espírito Santo e a Santíssima Trindade em duas partes: programações sagrada (missas, novenas, ladainhas) e profana (dança do marabaixo, bailes). Essas homenagens acontecem durante o Ciclo do Marabaixo, evento anual que inicia na Páscoa e encerra no Domingo do Senhor (primeiro domingo após Corpus Christi). Os festejos misturam rituais africanos (corte dos mastros, quebra da murta, danças) e europeus-católicos (missas, novenas, procissões). 
A origem do nome marabaixo é incerta: alguns afirmam que vem do árabe marabut (louvar); outros atribuem a origem ao fato de os escravos serem trazidos mar abaixo nos navios negreiros (ou seja, da África para o Brasil).
Na tradicional dança amapaense, as mulheres vestem-se com anáguas, saias rodadas floridas, camisa branca, colares, lenço no ombro e flor atrás da orelha, uma versão estilizada das roupas das escravas. Os homens usam roupas brancas e tocam com duas baquetas grandes tambores chamados caixas ou caixa de marabaixo. Tanto os tocadores quanto as mulheres cantam os versos improvisados chamados ladrões; muitos desses versos têm teor religioso. Todos dançam em círculo, sentido anti-horário, e ao redor de si mesmos.
A cultura está presente principalmente nos bairros do Laguinho e Santa Rita, na Zona Urbana de Macapá; mas também é vista em outras comunidades negras do Amapá, como Mazagão Velho, Campina Grande, Lagoa dos Índios, Coração, Curiaú, Maruanum, entre outras.


Ciclo de 2014
Os tambores já começaram a esquentar com os ensaios dos ladrões nos dois pontos tradicionais dos festejos em Macapá: o da antiga Favela (atual Santa Rita), onde os descendentes de Gertrudes Saturnino mantêm a tradição, e o do Laguinho, que este ano tem os festeiros Iury Soledade e Raimundo Ramos, bisneto e filho de Tia Biló, única filha viva de Julião Ramos. 
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Favela - prepara tradicional Ciclo do Marabaixo com adaptações para garantir mais sossego e segurança


A preparação para o Ciclo do Marabaixo ganha os contornos finais no bairro Santa Rita, onde a Associação Cultural Berço das Tradições Amapaenses realiza os festejos para a Santíssima Trindade. De 19 de abril a 22 de junho, a 'família Costa', descendentes de Gertrudes Saturnino, recebe os brincantes e devotos para mais um evento tradicional, que neste ano será um dos maiores já realizados. Marilda Costa, presidente da entidade, garante a manutenção da cultura, política ambiental e mais segurança.
Conhecido popularmente como 'Favela', o bairro Santa Rita iniciou como o Laguinho, da transferência dos moradores, na maioria negros, da frente de Macapá, para estas duas áreas, que povoaram e levaram suas tradições, como a cultura do marabaixo. 'Dona Gertrudes' é a mais forte referência desta época e liderou a mudança. Entre os treze filhos que gerou, está 'Dona Natalina Costa', de 84 anos, moradora da casa onde acontecem os festejos na Favela e matriarca da Associação Berço do Marabaixo.
Durante três meses serão realizados marabaixos, novenas e missa. A tradição é mantida, mas com algumas adaptações, como a inclusão de medidas que garantam a manutenção da natureza, o direito ao silêncio dos moradores e a segurança. O costume de retirar mastro no Curiaú continua, mas, em vez de dois mastros para a Santíssima Trindade, apenas um é cortado, o outro foi substituído por um cilindro de fibra, do mesmo tamanho e circunferência do natural. Os devotos trazem ainda do Curiaú, pés de árvores nativas para serem plantadas em uma área do bairro.
Para assegurar que os moradores que não participam tenham sossego, os fogos são acesos somente até às 22h, e os Bailes dos Sócios foram substituídos por rodadas de marabaixo. "Temos a responsabilidade de não deixar a tradição acabar, mas temos que nos adaptar à realidade. Não soltamos mais fogos a noite inteira porque moramos em uma área urbana e temos que respeitar a comunidade, e os bailes foram substituídos porque ao marabaixo vai quem gosta, e os bailes, muitas vezes atraem pessoas que vêm só para fazer confusão, por isso a mudança", explicou Marilda Costa. 
---------------------------------------------------------------LAGUINHO - Família de Mestre Julião Ramos prepara festejos do Ciclo do Marabaixo


No bairro do Laguinho os preparativos para o Ciclo do Marabaixo continuam, e até o início dos festejos, a Associação Cultural Raimundo Ladislau promete deixar tudo organizado para a temporada deste ano. O ciclo inicia no dia 20 de abril, domingo de Páscoa, e segue até 22 de junho, Dia de Corpus Christi. Na programação estão incluídas rodadas de marabaixo, bailes, novenas e missas em devoção à Santíssima Trindade e ao Divino Espírito Santo.  
A associação existe desde 1988 e é formada por familiares e amigos da família de Mestre Julião Ramos, que foi um dos precursores do marabaixo no Amapá, e, junto com sua família, saiu do Centro da cidade para povoar o Laguinho, em meados dos anos 40, levando junto a tradição. Tia Biló, única filha viva de Julião Ramos, é a matriarca da festa, que mistura o religioso com o lúdico. Ela ainda participa da programação. Neste ano os festeiros são Iury Soledade e Raimundo Ramos, bisneto e filho de Tia Biló, respectivamente.
A programação começa com o Marabaixo da Ressurreição, e tem um intervalo até dia 24 de maio, quando os preparativos para o louvor à Santíssima Trindade e ao Divino Espírito Santo reiniciam com a retirada dos mastros no Quilombo do Curiaú. Para cada homenageado, dois mastros, que são levantados ao amanhecer, após uma noite inteira de marabaixo, seguindo a tradição secular. Intercalados com o marabaixo, os devotos rezam, fazem e pagam promessas e participam de festas dançantes, que rememoram os Bailes dos Sócios da Santíssima e do Divino.
As rodadas de marabaixo, novenas e bailes acontecem na casa da Tia Biló, na Av. Eliezer Levy, entre Mãe Luzia e José Tupinambá. 


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