VOLTANDO A
GIRAR
Roda da
economia no Amapá retoma movimentos depois de um período de inércia. Carnaval e
pequenos empreendedores estão na vez
Da Redação
O carnaval, considerado hoje uma das maiores manifestações
culturais do País está longe de ser apenas uma festa de quatro dias onde muita
gente se esbalda e exagera em todos os pontos. A imagem pode até ser esta, mas
a “festa de momo” tem um outro lado completamente diferente, que está bem longe
do toque dos tamborins e pandeiros.
O período também conhecido como “quadra momesca” é certeza de
bons lucros e aquecimento da economia, isso dito por economistas Brasil afora e
aqui mesmo, onde a festa cresceu bastante nas duas últimas décadas, com certas
turbulências.
O termômetro econômico se viu abalado por um desaquecimento
recente e conturbado de quatro anos, provocado ao se refrear o ciclo giratório
do capital, que tem seu caminho nas relações de compra e venda em uma parcela
da população que sobrevive dos pequenos investimentos.
A situação se agravou ainda mais no fim do ano passado,
quando a dita “fatia menor” do bolo econômico se viu descapitalizada. Centenas
de trabalhadores de baixa renda simplesmente deixaram de ser pagos pela gestão
passada. Merendeiras, vigilantes e agentes de limpeza levaram um calote do
governo que se dizia socialista e passaram os últimos meses de 2014 sem
dinheiro. A consequência disso foi imediata, o comércio amargou um dos piores
dezembros dos últimos anos. Povo sem dinheiro não gasta e passa a dever.
O “efeito dominó” era visível. O comprador não compra, o
comércio não vende e o fornecedor sente uma redução significativa em seu volume
de negócios. A economia estava engessada principalmente a informal composta de
pequenos investidores que por vezes empregavam o salário em mercadoria na
esperança de dobrar o montante. Sem esse salário como impulso, nada poderia ser
feito.
Passada a gestão de desastres que foi o PSB à frente do
Amapá, janeiro ainda começou cheio de incertezas. O povo vinha de um momento de
comemoração ao derrubar o governo anterior, mas olhava para o futuro com ar de
desconfiança ao saber dos rombos deixados pelos “socialistas”. Um Amapá
quebrado foi encontrado pelo novo governo e com uma economia ainda mais
fragilizada.
Dentro do calendário de eventos culturais, aproximava-se o
carnaval e a oposição do alto de sua infantilidade já disparava críticas quanto
a não realização da festa em uma possibilidade especulativa. O carnaval então
foi anunciado e o discurso da tal oposição mudou da água para o vinho e sem
qualquer pudor. A crítica agora era sobre a realização.
Piadas à parte, carnaval é assunto sério e foi tratado como
tal. A confirmação do repasse para as escolas de samba realizarem o desfile no
sambódromo causou imediata euforia nas agremiações. Ao todo, mais de R$ 4
milhões foram destinados ao evento, com uma estimativa de retorno que
ultrapassa os R$ 42 milhões.
Em uma rápida análise do que está envolvido por trás dos dois
dias de desfile, pode ser citada a geração de centenas de empregos diretos e
indiretos, que vai da costureira ao soldador, carpinteiro, coreógrafos,
artistas plásticos e músicos.
Na outra ponta está o comércio informal responsável pelo
sustento de inúmeras famílias. Este ano, 104 empreendedores desse nível foram
cadastrados para trabalhar em uma área denominada “Espaço do Empreendedor”.
Receberam das mãos do governador Waldez Góes a quantia de R$ 1 mil e mais um
kit de higienização com luvas e tocas para serem usadas nos dias de desfile
para a manipulação de alimentos. Outros 71 que passaram pelo mesmo treinamento
aplicado pelo Sebrae ficarão do lado externo do sambódromo.
Em seu pronunciamento, o governador reforçou que carnaval é
investimento em economia com a certeza de retorno. Para muitos pequenos
empreendedores, o dinheiro repassado vai garantir a recuperação da dignidade,
uma vez que será o primeiro passo para manter os negócios. Os recursos vieram
do “Crédito Rápido” da Agência de Fomento do Amapá.
Do ponto de vista econômico, a roda da economia está voltando
a girar com os olhos voltados para vários setores incluindo os pequenos e
informais que hoje representam uma fatia significativa do contexto de geração
de renda e que estavam desassistidos.


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