Adrimauro Gemaque
(adrimaurosg@gmail.com)
Os números desencontrados em eventos
de grande repercussão.
Qual é a técnica utilizada para saber o número de pessoas
presentes em um determinado ato público? Quem é responsável pela contagem?
Existe uma lista de assinaturas?
O que sempre ocorre depois de algum
evento de grande repercussão é a divulgação da quantidade de pessoas que
participaram dele. Sejam esses números informados pela polícia, organizadores
ou pela imprensa, estes são sempre desencontrados. Invariavelmente não
conferem. O que existe é uma tendência de quem organiza o evento (manifestação)
de “inflar” o número de pessoas que participaram. Quando o evento é político, o
partido que organiza sempre tende a aumentar o número de pessoas, e quem é
contra tende a diminuir. Então, como se chegar a um número satisfatório e
próximo à realidade?
Há
diversos métodos para se medir uma multidão. O mais conhecido foi criado por um
professor universitário de jornalismo, Herbert Jacobs, nos anos 60 – e por isso
é conhecido como “método de Jacobs”. A grosso modo é simples: calcula-se a área
do local, estima-se o número de pessoas por m², e multiplicam-se os dois
números. Para engenheiros e estudiosos, o
número de pessoas que cabem em 1 m², em um local com grande concentração de
pessoas, é de no máximo 7 pessoas. Isso com as pessoas se espremendo umas nas
outras. É mais objetivo levar em consideração um número de 3, 4 e até mesmo 5
pessoas, mas estes números podem ainda variar.
Evidentemente, que existem
técnicas muito mais modernas e eficientes nos dias atuais, como, por exemplo,
através da fotografia aérea e do sensoriamento remoto. Essas novas técnicas
ainda são pouco utilizadas, pois requerem maiores investimentos. É importante
haver responsabilidade com a veracidade das informações que são divulgadas. Números com base no 'achômetro' ou apenas
porque determinada equipe de organizadores divulgou gera descrédito junto à
população. A população, queiram ou não, acaba fazendo a sua própria avaliação.
Os dados que são divulgados pela polícia, não deveriam ser usados pela
imprensa, especialmente quando eles não vem acompanhados da metodologia
aplicada de como foram obtidos. A polícia os utiliza internamente, para fins de
planejamento do número efetivo de policiais e a logística necessária para o
próximo evento.
Foi
o que se viu agora no último domingo (15/03). Ocasião das manifestações em todo
o país contra o aprofundamento da crise por que passa o governo da presidente
Dilma. Muitos números desencontrados foram divulgados, especialmente em São
Paulo, onde vimos uma multidão reunida na avenida paulista. O Data Folha e
Polícia Militar não conseguiam falar a mesma língua com relação ao número de
pessoas presentes. Não se preocupam em aplicar uma técnica, acompanhada de uma
metodologia, para medir a quantidade de pessoas que participaram de um evento
público. Os números perdem a credibilidade porque nestas ocasiões utilizam
frases como: “pelo que se viu” ou “pelo que eu acho”. Aqui no Amapá, também não
foi diferente, os organizadores e a Polícia Militar também divergiram sobre os
números.
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