sexta-feira, 13 de março de 2015

ARTIGO DO TOSTES

A descrença no Estado brasileiro e nos representantes políticos
Autor: José Alberto Tostes

              
             Sempre ouvi dizer desde a época de acadêmico na Universidade Federal do Pará que as novas gerações representavam a esperança de futuro no Brasil, se passaram mais de trinta anos desde então, neste trajeto, o que mais se viu consolidar no país como um todo, foram duas coisas: a corrupção das esferas de governo e representantes políticos corruptos. O Brasil produziu em um período de trinta anos episódios lamentáveis, o coloca entre os países corruptos e mais instáveis do mundo. Com o encerramento da Ditadura Militar, houve grande crescimento do setor de comunicação, com rádios, jornais, rede de televisão, internet e redes sociais. Em trinta anos, cresceu amplamente os meios de divulgação, tradicionais e novos mecanismos interativos.
               E a novas gerações? Que na esteira do começo dos anos 90 foi para ruas pedir o afastamento do Presidente Collor de Mello, naquele período, as implicações sobre Collor não correspondiam sequer a 10% de todo este episódio chamado de “Operação Lava jato”. Acreditava-se que a geração dos anos 90 tivesse dado ao Brasil a força que o futuro precisava, não foi isso o que aconteceu, os anos se passaram e nunca se registrou tantos episódios de desmandos, corrupção e vícios com o trato da coisa pública e privada. O Brasil assistiu de camarote os episódios mais sórdidos de sua história com diversas operações da Policia Federal  e CPIs de todo o tipo para operar as finanças dos brasileiros.
               Portanto, as novas gerações cresceram assistindo a um Estado transgressor, com a quebra de regras do Estado de direito, mas o que isso contribuiu para o desenvolvimento do país? Hoje, concretamente, temos uma geração que chega às universidades completamente apática, sem opinião crítica, sem liberdade para expor suas ideias, e mais, completamente alheia em relação o que significa o futuro. O futuro para maioria dos jovens ingressantes na universidade é terminar um curso, e o mais rápido não importa quais os meios seja utilizado terminar o curso, se envolve pouco em qualquer atividade política séria, com o advento das redes sociais, o que era para ser um fator positivo, a grande maioria se agarra ao lado mais superficial do que é construído na realidade virtual.
         As consequências deste cenário é o completo domínio de associações, conselhos e organizações não governamentais por grupos políticos, por políticos profissionais que se apropriaram do vácuo deixado pela sociedade, pelos jovens que optaram por uma vida superficial. As novas gerações “dormem”, enquanto os interesses gerais são dominados por redes completas de políticos interessados apenas em promoverem o próprio beneficio. Quando você pergunta para um jovem universitário sobre a realidade política do Brasil, a resposta é lacônica, “o Brasil não tem mais jeito”, o Estado está destruído, estão destruídas as instituições.
                 O que dizer sobre isso? Pois, a única coisa que é retratada de forma legitima pela mídia é exatamente as fragilidades do Estado brasileiro. Quando falamos do futuro, é algo nebuloso, surge a descrença completa nas instituições, a pouca que resta, é apoiada na história de pessoas. O que falar da Ética nas escolas, nas universidades e em outros meios para que possamos desenvolver alguma atividade. A descrença no Estado brasileiro e nos políticos é tamanha, que se o voto obrigatório fosse eliminado, é provável que nas primeiras eleições ocorressem um bom número de evasão, uma clara manifestação de indiferença e indignação ao mesmo tempo.
               No Brasil, não é só herança de bens que passa para o herdeiro, também se passa o feudo político, em diversos lugares do país, filhos e netos dão sequencia a tutela de poder político, contribuindo para aumentar os níveis de descrença. Em recente pesquisa junto aos brasileiros de diversos estados brasileiros sobre as instituições com maior credibilidade, quem ficou em primeiro lugar foram os correios, as demais padecem da fama de tudo aquilo que é divulgado na mídia nacional.
              Então, qual a nova geração em que estamos formando? A geração do desanimo, descrente, que não acredita em valores éticos? Tudo isso é muito sério, coloca em risco a sociedade brasileira.  Além destes fatores, deve-se considerar o desanimo para um trabalhador comum que passa horas por dia trabalhando, passa outras tantas horas se deslocando entre a ida e a volta para a casa e trabalho, ver todos os dias reportagens de desvios de milhões e bilhões de reais.
               A descrença aumenta à medida que o próprio Estado corrupto aumenta todos os níveis de cobrança para população para cobrir os rombos feitos por eles mesmos, desacredita de um processo eleitoral quando percebe que se cometeu Estelionato Eleitoral contra quem votou, acreditando que isso era ser democrático. A descrença nos políticos brasileiros é tão grande, que hoje em dia quem se transforma em político, vive sob a síndrome da desconfiança.
               As novas gerações estão sendo formadas alheias a este contexto, acreditam fielmente que o Estado corrupto não tem jeito, pior, muitos creem que a única forma de se dar bem, é participar dos esquemas que já existem. Creio que os representantes políticos brasileiros deveriam começar a refletir o que significa isso para os seus filhos e para sociedade, pois os danos são irreparáveis. Estamos convictos que para mudar este cenário, não será uma geração, mas diversas gerações, o futuro chegou há muito tempo, carregado de um ambiente sombrio que nos coloca diante da imensa necessidade de rever ideias, conceitos e atitudes. Pense bem sobre isso. Vamos deixar claro, no Brasil existem bons políticos, quando nos referimos aos políticos criticados, são todos aqueles que se elegem com a única finalidade de legislar em causa própria.




Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...