Autor: José Alberto Tostes
Sempre ouvi dizer desde a época de acadêmico na Universidade
Federal do Pará que as novas gerações representavam a esperança de futuro no
Brasil, se passaram mais de trinta anos desde então, neste trajeto, o que mais
se viu consolidar no país como um todo, foram duas coisas: a corrupção das
esferas de governo e representantes políticos corruptos. O Brasil produziu em
um período de trinta anos episódios lamentáveis, o coloca entre os países
corruptos e mais instáveis do mundo. Com o encerramento da Ditadura Militar,
houve grande crescimento do setor de comunicação, com rádios, jornais, rede de
televisão, internet e redes sociais. Em trinta anos, cresceu amplamente os
meios de divulgação, tradicionais e novos mecanismos interativos.
E a novas gerações? Que
na esteira do começo dos anos 90 foi para ruas pedir o afastamento do
Presidente Collor de Mello, naquele período, as implicações sobre Collor não
correspondiam sequer a 10% de todo este episódio chamado de “Operação Lava
jato”. Acreditava-se que a geração dos anos 90 tivesse dado ao Brasil a força
que o futuro precisava, não foi isso o que aconteceu, os anos se passaram e nunca
se registrou tantos episódios de desmandos, corrupção e vícios com o trato da
coisa pública e privada. O Brasil assistiu de camarote os episódios mais
sórdidos de sua história com diversas operações da Policia Federal e CPIs
de todo o tipo para operar as finanças dos brasileiros.
Portanto, as novas gerações
cresceram assistindo a um Estado transgressor, com a quebra de regras do Estado
de direito, mas o que isso contribuiu para o desenvolvimento do país? Hoje,
concretamente, temos uma geração que chega às universidades completamente
apática, sem opinião crítica, sem liberdade para expor suas ideias, e mais,
completamente alheia em relação o que significa o futuro. O futuro para maioria
dos jovens ingressantes na universidade é terminar um curso, e o mais rápido
não importa quais os meios seja utilizado terminar o curso, se envolve pouco em
qualquer atividade política séria, com o advento das redes sociais, o que era
para ser um fator positivo, a grande maioria se agarra ao lado mais superficial
do que é construído na realidade virtual.
As consequências
deste cenário é o completo domínio de associações, conselhos e organizações não
governamentais por grupos políticos, por políticos profissionais que se
apropriaram do vácuo deixado pela sociedade, pelos jovens que optaram por uma
vida superficial. As novas gerações “dormem”, enquanto os interesses gerais são
dominados por redes completas de políticos interessados apenas em promoverem o
próprio beneficio. Quando você pergunta para um jovem universitário sobre a
realidade política do Brasil, a resposta é lacônica, “o Brasil não tem mais
jeito”, o Estado está destruído, estão destruídas as instituições.
O que dizer sobre isso? Pois,
a única coisa que é retratada de forma legitima pela mídia é exatamente as
fragilidades do Estado brasileiro. Quando falamos do futuro, é algo nebuloso,
surge a descrença completa nas instituições, a pouca que resta, é apoiada na
história de pessoas. O que falar da Ética nas escolas, nas universidades e em
outros meios para que possamos desenvolver alguma atividade. A descrença no
Estado brasileiro e nos políticos é tamanha, que se o voto obrigatório fosse
eliminado, é provável que nas primeiras eleições ocorressem um bom número de
evasão, uma clara manifestação de indiferença e indignação ao mesmo tempo.
No Brasil, não é só herança de bens que passa para o herdeiro, também se
passa o feudo político, em diversos lugares do país, filhos e netos dão
sequencia a tutela de poder político, contribuindo para aumentar os níveis de
descrença. Em recente pesquisa junto aos brasileiros de diversos estados
brasileiros sobre as instituições com maior credibilidade, quem ficou em
primeiro lugar foram os correios, as demais padecem da fama de tudo aquilo que
é divulgado na mídia nacional.
Então, qual a nova geração em que estamos formando? A geração do
desanimo, descrente, que não acredita em valores éticos? Tudo isso é muito
sério, coloca em risco a sociedade brasileira. Além destes fatores,
deve-se considerar o desanimo para um trabalhador comum que passa horas por dia
trabalhando, passa outras tantas horas se deslocando entre a ida e a volta para
a casa e trabalho, ver todos os dias reportagens de desvios de milhões e
bilhões de reais.
A descrença aumenta à medida que o próprio Estado corrupto aumenta todos os
níveis de cobrança para população para cobrir os rombos feitos por eles mesmos,
desacredita de um processo eleitoral quando percebe que se cometeu Estelionato
Eleitoral contra quem votou, acreditando que isso era ser democrático. A
descrença nos políticos brasileiros é tão grande, que hoje em dia quem se
transforma em político, vive sob a síndrome da desconfiança.
As novas gerações estão sendo formadas alheias a este contexto, acreditam
fielmente que o Estado corrupto não tem jeito, pior, muitos creem que a única
forma de se dar bem, é participar dos esquemas que já existem. Creio que os
representantes políticos brasileiros deveriam começar a refletir o que
significa isso para os seus filhos e para sociedade, pois os danos são
irreparáveis. Estamos convictos que para mudar este cenário, não será uma
geração, mas diversas gerações, o futuro chegou há muito tempo, carregado de um
ambiente sombrio que nos coloca diante da imensa necessidade de rever ideias,
conceitos e atitudes. Pense bem sobre isso. Vamos deixar claro, no Brasil
existem bons políticos, quando nos referimos aos políticos criticados, são todos aqueles que se elegem com a
única finalidade de legislar em causa própria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário